Passar pelo tapete com Suelen nos meus braços trazia uma emoção diferente de sentir que agora podiam nos ver juntos como casal e não mais com um teste de "vamos ver se eles vão dar certo", que é como nos sentimos desde o início.
Ela estava tão bonita, que eu poderia tropeçar se não parasse de olhar para ela e esquecesse o que estava pelo caminho. Seu sorriso era feliz, mas algo me dizia que não estava completamente radiante e sabia que Sônia tinha culpa por ter tentado estragar tudo.
Como meu coração se contraía por saber que nunca mais poderíamos voltar atrás e consertar aquele início ou impedir que alguém tentasse humilhá-la daquela maneira. Nem consigo imaginar o tamanho do estrago se Sônia exibisse o vídeo cheio de gemidos e nudez de Suelen, quebrando absolutamente nossa celebração.
O que a frustração de alguém pode ser capaz de levar a querer roubar do outro sua chance de ser feliz?!
Quando paramos diante da mesa florida com o bolo, o fotógrafo disse que era hora de organizarmos os familiares para as fotos.
— Primeiro os pais do noivo — explicou e Suelen olhou para a janela do alto de um dos quartos do segundo andar, onde Sônia discutia com Gilberto aos gritos.
Os outros convidados começavam a se dirigir para perto da piscina e para as mesas que ficaram espalhadas junto à churrasqueira.
— Seu Tinoco? — Suelen o chamou e meu pai se aproximou. Ela usou um tom firme e baixo. — Eu entrei para a família, não é?
— É sim — respondeu e minha mãe ficou ao seu lado, sem entender bem para onde aquela pergunta ia levar.
— Ótimo, porque pela porta que eu entrei ela vai sair. A gente tem duas formas de eu resolver isso. Ou o senhor vai lá em cima e a faz descer com a roupa do corpo, ou eu vou lá e a faço descer com a roupa rasgada e a puxando pelos cabelos, como prefere? — Suelen disse e eu senti um arrepio só de pensar a cena, sem duvidar de que era capaz.
Meu pai respirou pesadamente e coçou a testa suada.
— Ela estava com as malas lá em cima e não deve ter para onde ir.
— Esse é um problema dela, não meu — Suelen falou olhando firme para ele, cobrando o lugar que havia conquistado.
— Vamos tentar resolver... — eu comecei.
— Não tem opção de tentar, ela quis me humilhar e eu exijo que agora a expulsem dessa casa ou aí que vão ver eu descer desse salto.
— Ela está certa — concordou minha mãe. — Não precisamos de mais nenhuma cena. Ela não foi convidada para isso.
— Tenho pena de Gilberto... — comentei baixo.
— Tenho pena de mim que sou a noiva. — Suelen consertou.
— O carro dele está lá fora ou preso entre outros carros aqui dentro? — meu pai perguntou.
Sônia começou a gritar pela janela, totalmente descompensada, dizendo que era para todo mundo olhar no grupo da família o vídeo que ela mandou.
— Eu mandei que fosse rápido — Suelen deu um passo à frente e meu pai a impediu.
— Eu faço isso — disse-lhe. — Você fica, ela sai.
Estava estabelecido ali a prioridade e meu pai me olhou:
— Dê um jeito de apagar a droga desse vídeo — disse para mim.
Respirei fundo e tirei o celular do bolso, olhei para frente e vi todas as pessoas com os celulares nas mãos. Suelen deixou duas lágrimas caírem pesadas e vi como seu peito se moveu, cheio de dor.
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Abstinência
RomanceSuelen é uma mulher experiente marcada pela vida: ex-rainha soberana do tráfico, agora só quer levar sua vida de trabalho e reconciliação com a família e com seus sonhos, que deseja resgatar. Mas sua beleza estonteante e seu gingado chama a atenção...