Cap 44 A festa é nossa (Natã)

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Passar pelo tapete com Suelen nos meus braços trazia uma emoção diferente de sentir que agora podiam nos ver juntos como casal e não mais com um teste de "vamos ver se eles vão dar certo", que é como nos sentimos desde o início.

Ela estava tão bonita, que eu poderia tropeçar se não parasse de olhar para ela e esquecesse o que estava pelo caminho. Seu sorriso era feliz, mas algo me dizia que não estava completamente radiante e sabia que Sônia tinha culpa por ter tentado estragar tudo.

Como meu coração se contraía por saber que nunca mais poderíamos voltar atrás e consertar aquele início ou impedir que alguém tentasse humilhá-la daquela maneira. Nem consigo imaginar o tamanho do estrago se Sônia exibisse o vídeo cheio de gemidos e nudez de Suelen, quebrando absolutamente nossa celebração.

O que a frustração de alguém pode ser capaz de levar a querer roubar do outro sua chance de ser feliz?!

Quando paramos diante da mesa florida com o bolo, o fotógrafo disse que era hora de organizarmos os familiares para as fotos.

— Primeiro os pais do noivo — explicou e Suelen olhou para a janela do alto de um dos quartos do segundo andar, onde Sônia discutia com Gilberto aos gritos.

Os outros convidados começavam a se dirigir para perto da piscina e para as mesas que ficaram espalhadas junto à churrasqueira.

— Seu Tinoco? — Suelen o chamou e meu pai se aproximou. Ela usou um tom firme e baixo. — Eu entrei para a família, não é?

— É sim — respondeu e minha mãe ficou ao seu lado, sem entender bem para onde aquela pergunta ia levar.

— Ótimo, porque pela porta que eu entrei ela vai sair. A gente tem duas formas de eu resolver isso. Ou o senhor vai lá em cima e a faz descer com a roupa do corpo, ou eu vou lá e a faço descer com a roupa rasgada e a puxando pelos cabelos, como prefere? — Suelen disse e eu senti um arrepio só de pensar a cena, sem duvidar de que era capaz.

Meu pai respirou pesadamente e coçou a testa suada.

— Ela estava com as malas lá em cima e não deve ter para onde ir.

— Esse é um problema dela, não meu — Suelen falou olhando firme para ele, cobrando o lugar que havia conquistado.

— Vamos tentar resolver... — eu comecei.

— Não tem opção de tentar, ela quis me humilhar e eu exijo que agora a expulsem dessa casa ou aí que vão ver eu descer desse salto.

— Ela está certa — concordou minha mãe. — Não precisamos de mais nenhuma cena. Ela não foi convidada para isso.

— Tenho pena de Gilberto... — comentei baixo.

— Tenho pena de mim que sou a noiva. — Suelen consertou.

— O carro dele está lá fora ou preso entre outros carros aqui dentro? — meu pai perguntou.

Sônia começou a gritar pela janela, totalmente descompensada, dizendo que era para todo mundo olhar no grupo da família o vídeo que ela mandou.

— Eu mandei que fosse rápido — Suelen deu um passo à frente e meu pai a impediu.

— Eu faço isso — disse-lhe. — Você fica, ela sai.

Estava estabelecido ali a prioridade e meu pai me olhou:

— Dê um jeito de apagar a droga desse vídeo — disse para mim.

Respirei fundo e tirei o celular do bolso, olhei para frente e vi todas as pessoas com os celulares nas mãos. Suelen deixou duas lágrimas caírem pesadas e vi como seu peito se moveu, cheio de dor.

AbstinênciaWhere stories live. Discover now