Cap 42 Injustiçado (Suelen)

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Era para eu me sentar no sofá para ver apenas vídeos no celular, mas eu respirei fundo e encostei a cabeça para trás.

Natã estava sofrendo por resistir as todas as fantasias que facilmente realizaríamos na cama, bastava que me desse uma chance. Estava chegando ao ponto de ver seus primos me tomando para si e ficando apavorado de medo de que eu fosse ferida.

Isso era sério demais, poderia enlouquecê-lo e transformar a visão do homem bom que tinha de si mesmo. Não era para ser tão cruel assim de maneira alguma, era para ser natural, prazeroso e tão simples: um casal que se gosta e se toca sem medos.

Inclinei a cabeça sobre as mãos e tive vontade de chorar, era pesado demais ver o homem que eu amava sofrer tanto porque tinha feito juramentos que eu não compactuava, mas por amor respeitava.

Cada hora eu começava a desejar logo poder casar e ter tudo com ele. Como eu daria tanta coisa para poder estar naquele quarto lá em cima abraçada com o homem que eu amo sem medo de que achassem isso um escândalo!

— Suelen, está bem? — Ouvi uma voz grave e me assustei.

Levantei o rosto e vi que eram o pai e a mãe de Natã.

— Oi, sim. — Limpei as lágrimas rapidamente e puxei o vestido para baixo. — Estou bem. O Natã está muito cansado e foi dormir.

— Ele te deixou aqui sozinha? — Seu pai pareceu decepcionado.

— Não, eu insisti. Ele precisa mesmo dormir e posso me virar. Eu ia mesmo ver umas coisas aqui no celular.

— Quer dar uma volta? — Diná perguntou-me e acho que era uma forma de dizer que queriam conversar.

— Ok, tudo bem. — Levantei-me.

— Temos uma horta.

— Ah, legal — comentei e esperava que não pegassem nenhuma foice para me matar.

Eu não conseguia ainda relaxar perto das pessoas que tanto me humilharam, e disseram todas aquelas barbaridades sobre mim.

Quando passamos pela varanda, senti os olhares de muitas pessoas acompanhando os pais de Natã andando e eu os seguindo em silêncio. Sei que deviam imaginar que alguma conversa séria se passaria daqui a pouco.

Paramos perto de uma horta, distante dos familiares, mas onde ainda dava para se ouvir as crianças jogando futebol. Sentei em um banco de madeira rústico e eles em outro. Ficamos assim sob a sombra de uma mangueira e eu esperei em silêncio o que estava por vir.

— Estamos tão felizes que o Natã veio para esse almoço — Diná confessou, deixando claro, talvez sem se dar conta, que revelou que eu não estava inclusa na sua felicidade. Sua alegria se resumia ao filho.

— A gente achou que seria uma coisa menor.

— Acho que nos empolgamos para que ele se sentisse bem recebido. — Ela se abriu e mais uma vez ressaltou que ficou preocupada em recepcionar exclusivamente o filho.

— Foi tanta emoção que ele caiu na cama — comentei, na ausência do que dizer para aqueles dois.

— Ãnh, já planejaram onde vai ser o casamento?

— Imagino que está preocupada sobre como organizar algo para essa família tão grande — disse-lhe. — Natã pensou em ser aqui mesmo em breve.

— Oh, seria ótimo. Todos vão gostar.

Era a primeira vez que usou algo em um sentido mais plural, mas não sabia se ao se referir à família eu já estava inclusa.

— E você? — Seu pai abriu a boca.

AbstinênciaWhere stories live. Discover now