CAPÍTULO 3

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"Atrasado outra vez. Mas que droga. Vão me falar merda, com certeza. Essa apresentação é uma oportunidade bem legal, e foi difícil de conseguir..."

Andando sem prestar atenção, Scorpio colidiu com outra pessoa desatenta, resultando no outro sentado no chão. Ofereceu a mão pra levantar o estranho, que o olhava com hostilidade. Mas quando o estranho levantou muito perto, o cheiro atingiu como um soco. O aroma intenso fazendo perder um pouco o foco, formigando seu sistema respiratório.

Percebeu que usava uma rouba branca simples e discreta, não parecia estar longe de casa. Então deveria ser mais um dos moradores da região. Começou a devanear com o cheiro do desconhecido, até sentir uma vibração do telefone no bolso, e lembrou do motivo de estar correndo. Depois de fazer uma reverência desajeitada, continuou correndo.

A apresentação foi incrível e estavam inspirados, sentindo a música em cada terminação nervosa. Os amigos curtiram, os clientes do bar curtiram a vibe da banda, e o empregador disse ter ficado interessado no talento dos jovens. E que depois de um período de teste, possivelmente seriam incluídos no quadro de bandas fixas.

Era quase três da madrugada quando chegou em casa, exausto e com fome. Na dúvida entre comer e dormir, o cansaço venceu. Entrando no quarto, apenas colocou a caixa com a guitarra no canto e caiu direto na cama.

A posição em que deitou deixou a mão direita próxima ao nariz, e sentiu um cheiro suave e frutal. A mente viajou pro estranho do começo da noite. Seria possível que um contato tão breve teria deixado o cheiro até agora, mesmo depois de ter lavado a mão?

Sentindo o sono escapar, começou a passar a outra mão pelo próprio corpo enquanto a mão próxima ao nariz o levava a pensar no homem mais velho que encontrou hoje. A cara irritada, a camisa brança folgada com dois botões aberto, mostrando um cordão dourado com um pingente de espada descendo sobre o peito com alguns pelos aparentes. A calça social bem ajustada, os chinelos claros e até os pés bem cuidados. O cabelo preto com uma mecha grisalha na lateral em um corte acima dos ombros, despenteados pelo vento. Cada detalhe bem vívido como se estivesse vendo diante dos seus olhos nesse momento.

Inspirando fundo, sentiu o cheiro penetrando os pulmões e não quis resistir, começando a acariciar o próprio membro duro. O corpo jovem despertando cheio de luxúria, imaginando as coisas que não sabia. Quando apenas se tocar com a mão esquerda não foi o bastante, inspirou o aroma novamente e trocou de mãos. Ainda insatisfeito e em um impulso desconhecido, a mão desocupada voltou a descer, explorando a região nunca antes tocada.

A sensação foi intensificada quando colocou um dedo dentro de si. Sem entender como o corpo reagiu dessa forma, colocou mais um dedo, afundando ambos e se masturbando na frente com ainda mais intensidade. Os dedos atingiram um ponto sensível, mas mesmo procurando não conseguiu encontrar o mesmo lugar de novo, então apenas se concentrou na sensação que varreu seu corpo.

Parecia pouco. Queria algo mais. Enquanto imaginava o estranho nu, de repente a situação mudou: ao invés de estar por cima do homem de branco, agora ele estava por baixo e sendo preenchido pelo outro. Em apenas alguns movimentos, o orgasmo violento o fez gemer.

Sentou na cama ainda meio desnorteado, sem entender exatamente o que aconteceu. O sono já estava longe, se sentindo mais acordado e confuso do que nunca. Na tentativa de acalmar o corpo e a mente, tomou um banho e vestiu uma roupa surrada, com a calça de moleton furada no joelho. Mesmo assim não consegiu dormir.

Começou a dedilhar o liuqin suavemente, uma canção tradicional chinesa, e uma das primeiras que aprendeu. Sentindo as vibrações das cordas, o ritmo dos dedos e o familiar aroma do instrumento, conseguiu de volta um pouco de calma e concentração.

O "Monstro Velho" e o "Escorpião"Where stories live. Discover now