Capítulo 10- Siga o plano.

131 8 5
                                    

Ao meio-dia do dia seguinte desembarcamos no Brasil, as meninas pularam de alegria por estar viajando e longe da escola, afinal eu e Niragi tivemos que assinar um termo de responsabilidade de que as meninas estria perdendo um tempo de aula, assinamos pois não as deixaríamos no Japão. Kuina e Sora cuidariam delas enquanto eu tivesse fora.
O hotel onde os membros da máfia estavam estava a 3 minutos de diferença da casa onde alugamos, era uma casa grande e com piscina, aluguei uma assim para as meninas brincarem e não precisarem sair pq afinal, a segurança do Brasil já é péssima e ainda envolve máfia. E pelo que eu estou sabendo, nessa semana que viemos era véspera de um feriado aqui o qual haveria dias e dias de curtição.
- TEM PISCINA! – Serena comemorou e eu sorri.
Começamos a entrar com as malas enquanto as meninas se jogaram no sofá com Kuina.
- Vamos ver o que tem de bom nessa Tv – Kuina disse e apertou o botão do controle, encarou estranho uma propaganda de fralda e depois arregalou os olhos quando viu carros alegóricos e mulheres seminuas com fantasias exuberantes – o que é isso Ellie?
Ri da cara de choque dela. Como era bom ver uma japonesa tento contato com a Globo. Peguei meu celular e fiz uma pesquisa rápida.
- Segundo o Google, é o carnaval – disse e ela em olhou confusa.
- O que é?
- Vou ler direto do google para você – falei e pesquisei novamente -  Carnaval é uma festa popular de cunho religioso e histórico-social realizada durante cinco dias consecutivos no mês de fevereiro, envolve festas fantasiados e desfiles de escolas de samba – falei e ela ficou surpresa.
- Onde que tem isso? É aqui? – ela estava animada.
- Normalmente ficam trios elétricos nas ruas com artistas se apresentando e a galera envolta dançando – respondo – estamos no Rio de Janeiro Kuina, o que mais terá aqui é isso daqui 4 dias – ela sorriu.
- Vamos? – ela perguntou e eu neguei.
- Muito perigoso – digo e ela tenta novamente – Kuina, é uma péssima ideia.
- Mas a gente vai precisar relaxar daqui a uma semana e é uma ótima oportunidade irmão dançar – ela veio até mim – por favor Elliezinha, estou até pensando nas fantasias – ela deu pulinhos.
- Vou pensar no seu caso – falei e ela estava quase aceitando quando Alice disse:
- Também quero ir, minha fantasia vai ser de gato! – falou animada e eu quase desmaio. Uma criança de 3 anos no carnaval? JAMAIS.
- Outro dia nos vemos filha – falei e olhei para Kuina – eu sei que você vai encher meu saco até eu ir nisso mas por favor não fiquei falando perto delas, pq vai ser impossível levar elas.
Kuina sorriu e beijou minha bochecha.
- TE AMO! – falou e voltou ao sofá com as meninas e começaram a assistir mas dessa vez era um desenho animado.
Saio da sala e vou para o quarto desfazer as malas com as roupas que precisavam ficar penduradas. Estou focada olhando meus vestidos quando Niragi entra no quarto e toca meu ombro o acariciando e beija por onde sua mão passa. Fecho os olhos e sorrio, ele ri e beija meu pescoço antes de ir até meu ouvido.
- Vou ir a uma reunião com o Saragoça e mais tarde eu estou de volta – ele disse e eu assenti – qualquer coisa me liga – seu rosto foi para as mãos dele e minha boca para a sua.
- Se cuida, te amo – falei e o beijei mais uma vez antes dele partir.
2 horas depois Niragi me liga avisando que fomos convidados para uma festa na casa do Saragoça. Nosso plano estava indo tão bem que parecia até parecia mentira, ele contou que ele aceitou fazer uma parceria com ele e que já tinham assinados alguns papeis. Só falta agora a gente ser amigos dele, até conseguir intimidade e descobrirmos a verdade.
Avisei as crianças que elas ficariam com Kuina e Chishiya naquela noite, elas não gostaram muito mas depois que disse que eu pedi pizza e sorvete para eles, elas amaram. Após tomar banho e fazer uma make leve eu fui me vestir, olhei todos os meus vestidos e eu não sabia qual usar, todos pareciam muito demais para o Brasil, a vibe aqui era diferente.
Olho mais uma vez todos eles e escolho um preto curto colado no meu corpo, o tronco era diferente dos lados, um lado era todo fechado e se prendia no meu pescoço e o outro lado era de alça e com um bojo triangular fazendo com que o decote dos meus seios e minha cintura aparecesse. Coloco as joias e um salto.
- Puta que pariu, podemos transar antes de ir? – Niragi disse saindo do banho e eu me assustei.
- Pq transar? – questiono o olhando e ele aponta para o vestido – gostou?
- Gostei – sorriu safado e se aproximou de mim, tocou meu rosto e me beijou.
- Se arrume Sr. Suguru, não podemos atrasar, temos que passar uma boa imagem – digo rindo e ele assenti, totalmente vidrado nos meus seios – e pare de babar – rimos e ele começa a se vestir com um terno.
Meus sogros também iam com a gente. Isamu estava de terno e Sora com um vestido mid laranja avermelhado lindo, as joias nela traziam tanto poder a ela.
- Nossa, que sogra maravilhosa! – falei e ela sorriu ao me ver.
- Você está linda também – ela disse tocando meus cabelos – vamos logo meninos?
- Com certeza, Sras. Suguru – Niragi disse arrumando o relógio em seu pulso e logo saímos.

Chegamos à casa dele, calma, casa não, mansão pois o lugar era enorme. Primeiro você passava por portões enormes que davam para um jardim lindo e  que era planejado para caber vários carros estacionados sem poluir visualmente o local. Assim que você estacionava, havia um caminho de barras de pedras que o levava até um local acimentado onde havia uma grande área livre, piscina, área de churrasco e era possível ver que havia áreas de lazer como campo de futebol, tênis e vôlei um pouco mais ao lado. A faixada da casa era toda trabalhada no gesso e vidro, com grandes portas e janelas, parecia um castelo só que na versão moderna. Passamos por ali, e que por sinal estava com bastante gente, era uma festa para todos os ricos do Rio de Janeiro, e logo entramos pela porta enorme da sala e dentro realmente parecia um castelo, escadas, artes, pinturas, estatuas, flores preenchiam o local, era a coisa mais linda.
Se eu pudesse, arriscaria dizer que o arquiteto que fez essa casa se inspirou no design de lá de fora no castelo de Buckingham e o interior no castelo de Windsor, só que tudo em uma versão moderna e sem coisas de ouro como detalhes da decoração.
Tinha muita gente lá, eu me perderia facilmente mas após alguns minutos já nos oferecer bebidas, aceitamos e um cara de terno veio até nós. Thomas Saragoça.
- Grande Suguru! – o loiro apertou a mão de Niragi e de Isamu – como é bom fazer negócios com vocês, uma realização para mim.
- É para nós também – Isamu diz sorrindo.
- Quem são as damas? – ele questiona me olhando depois que minha sogra passou o braço em Isamu.
- Ah, essa é a minha esposa, Sora – ele disse apontando para ela que sorriu e o loiro cumprimentou com beijos na bochecha. Bem brasileiro.
- E essa é Ellie, minha esposa e mãe das minhas meninas – Niragi disse tocando meu rosto como se eu fosse uma obra de arte raríssima.
Thomas veio e me cumprimentou, ele era grande e cheiroso, se Stephanie tinha algo com ele era explicável o pq escolheu ele, ele era lindo. Os olhos pareciam dois oceanos, azuis intensos e penetrantes.
- Ouvi muito de você hoje mais cedo – ele disse sorrindo.
- Espero que tenha sido coisas boas, odeio passar uma má impressão – digo rindo gentil.
- Ah sim! Foi Niragi que disse as coisas, é compreensível pq ele falava sobre suas habilidades com os negócios de forma tão apaixonado – ele disse simples e eu ri. Niragi o olhou por segundos, eles não tiravam os olhos de mim – ah por favor, vamos adentrar a festa, me sinto na obrigação de apresentar minha família a vocês – falou sorrindo e começou a nos guiar para dentro, passamos dezenas de pessoas até chegarmos a uma parte que tinha mesas.
Havia muitas e maioria estava ocupadas, apenas demostrando que naquele lugar poderia facilmente ter mais de 200 pessoas. Ele foi pedindo licença até chegar em uma mesa onde havia outro casal, eles era mais velhos que eu e Niragi mas seus olhares passavam uma vibe de poderosos, ricos e competitivos. Porém ao lado da mulher havia a pessoa que eu não sei o que sentir, acho que eu já tinha preparado meu coração para isso mas agora que estou vendo me sinto enganada, com raiva, triste, Stephanie. O ser loiro, seu cabelo era tão longo, loiro e macio que parecia um anjo, ela vestia uma vestido verde água lindo, brincos brilhantes e colares de brilhantes também.
- Querida – ele disse e ela se virou sorrindo a ele, eu estava atras dos meus sogros então acredito que não dava para ela me ver mas eu, com toda certeza, via sua cara de cretina – por favor, me deixe te apresentar para meus novos amigos e parceiros de negócios.
- Claro! – ela disse e sua voz era a mesma, se levantou e cumprimentou meu sogro.
Eu me tremi, eu voaria no pescoço dela agora mesmo para saber toda a verdade.
- Fique calma, siga o plano – Niragi disse no meu ouvido – eu sei que é torturante fingir mas faça de conta que você não sabe quem ela é, finja querer a amizade dela, coloque ela em um pedestal – o olhei com raiva – é assim que funciona aqui com eles. 
- Ok – falei baixinho e respirei fundo antes de levantar a cabeça com um semblante neutro e animado, do tipo “nossa, estou tão feliz e honrada por estar aqui”.
Respire Ellie. Nunca se esqueça disso.
- Olá! – ela disse quando chegou a Niragi e o abraçou – como você está? – ela perguntou depois de dar o famoso “abraço caloroso, recepção típica brasileira”. Ela riu como se fossem amigos e sinceramente... ela estava linda, tudo nela aprecia caro demais, tudo nela parecia que foi feito para ser tocado só por quem podia. Tipo um toque dos deuses.
- Essa é Ellie, minha esposa – Niragi disse e ela olhou sorrindo para mim e eu instantaneamente sorri para ela.
- Sua esposa e a mulher mais linda dessa casa – falou me beijando na bochecha e seu sorri largo com o comentário como se eu precisasse da aprovação dela, sorri igual um cachorro quando ganha recompensa e carinho na cabeça por obedecer.
- Então por favor entre na casa, você é tão superior – falei e ela riu me olhando. Parei de sorrir tanto e a olhei. Minha vontade era balançar os ombros dela, gritar até ela falar tudo. Como ela conseguia olhar para mim fingindo que não me conhecia? Fui amiga de infância dela.
Ela se virou e foi até Thomas, Niragi segurou minha mão tremula.
- Essa é a minha mulher, Stephanie Saragoça – ele disse a exibindo – e essa é a nossa filha – disse e uma menina começou a sair da mesa e quando ela estava na frente deles eu quase desmaiei, acho que Niragi me segurou para ficar ali, parada, chocada, horrorizada.
Era Lara. A MINHA IRMÃ.
- Diga oi, filha – Stephanie pediu e a menina sorriu.
- Oi, me chamo Lara – ela disse meiga e eu sorri e falamos oi para ela.
- Nossa que moça linda, de quem puxou os cabelos pretos? – Isamu disse e eu quis rir, ele era tão direto. Lara estava sorrindo com o elogio.
Olhei para a cara de Thomas e Stephanie, o brilho deles sumiu, ela olhou rapidamente para ele. Desespero havia neles. Será que seria tão fácil assim desmascara-los?
- Horas no salão de beleza fazem a mãe ser mal vista – Stephanie disse rindo irritada, Isamu riu.
- Eu não disse isso, minhas meninas também passam horas cuidando dos cabelos que as vezes eu nem as reconheço – ele disse calmo – eu quis saber qual dos dois são morenos – completou.
- A mãe – Stephanie disse irritada, queria tanto estar gargalhando agora pois eu juro que qualquer idiota que visse eu, Lara e Stephanie ao lado falaria que eu e Lara tínhamos algo em comum e não ela.
- Ela realmente é a sua cara – ele disse e Thomas nos pediu para sentar naquela mesa.
Quando sentei Lara ficou me olhando, acho que ela lembrava de mim no cemitério. Sorri e ela retribuiu, queria tanto a abraçar e pedir para ela me contar tudo, queria dizer que eu iria acabar com esse pesadelo, que logo ela estaria com quem realmente deveria estar. A garotinha estava abrindo a boca para falar comigo quando a loira abriu a boca.
- Lara, vá brincar lá com as crianças querida – falou e ela paralisou, arregalou os olhos e obedeceu, correu de cabeça baixa e triste. Olhei para Stephanie, ela me olhou e por um momento sua cara estava de “Ellie está aqui, preciso me livrar logo dela” – você deve saber né? – riu – nessa idade elas são umas esponjinhas, aprendem tudo que é errado rápido demais por isso a deixo longe dos assuntos do pai – disse simpática.
Pisco várias vezes e forço um sorriso.
- Te entendo completamente – sorrio e ela ri.
Em instantes é servido um jantar para nós, era um prato muito caro. Misericórdia, o quanto de dinheiro ele tinha? O assunto do jantar variava entre os negócios dele, coisas que eles já haviam feito e visivelmente Stephanie era uma outra versão de mim pq a cada coisa que Niragi contava que fizemos juntos em questão de assaltos, mentir, bater, torturar e matar ela fazia algo parecido. Quis rir pq desde a escola Stephanie se mostra muito ruim e desinteressada em coisas de práticas como correr e bater.
Ele falaram sobre eles, falaram até demais sobre eles. Contou que se conheceram em uma balada do Brasil, acho que ele só distorceu um pouco pq ela era stripper no Japão, e foi amor à primeira vista. Falaram que passaram o carnaval de 10 anos atras juntos até que ele não aguentava mais e pediu ela em namoro. Ela contou e ela riu.
- Meus pais ficaram loucos, eu tinha apenas 18 anos e morriam de medo de eu engravidar com aquela idade e perder a vida– ela riu e eu perdi o ar.
Mentirosa, ela era três anos mais velha que eu, ela tinha tudo mas menos 28 anos. Quando eu conheci Niragi eu tinha 20 anos, se passaram 8 anos desde isso, Niragi é quase dois anos mais velho que eu, muita coisa aqui não bate. Niragi sempre me disse que quando vamos fazer uma mentira temos que pensar em tudo, desde idade até lugar onde você estará quando completar a mentira, é apenas assim que uma mentira é bem feita. A primeira ponta solta dela estava aqui. Ela disse mais cedo que Lara possuía 10 anos e como ela teve ela a 10 anos se não estava gravida com 18?
MENTIROSA.

the choiceWhere stories live. Discover now