II. Encontro de Caçadoras

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Canecas pesadas de cerveja foram postas à mesa, mal produzindo um ruído no meio da algazarra que era o Pônei Saltitante

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Canecas pesadas de cerveja foram postas à mesa, mal produzindo um ruído no meio da algazarra que era o Pônei Saltitante. Radrien sorriu e agradeceu a garçonete, depositando a gorjeta em suas mãos e ingerindo o líquido amargo conforme ela se afastava. Keena estava no meio da bagunça, apostando com os aldeões, bêbados demais para notarem que ela trapaceava no pôquer.

Ou talvez eles apenas estavam alegres o suficiente para ignorar as moedas que perdiam para a pequena senhorita de mãos leves. Keena cativava a mesa de perdedores com truques de ilusionismo e piadas ácidas, nunca dando foco para o dinheiro que seus adversários perdiam. Havia uma gritaria quase agradável vinda da mesa enquanto ela embaralhou as cartas, distribuindo para três jogadores que nem tinham consciência dos três Às escondidos em sua manga.

Sua companhia élfica, por outro lado, estava quieta, encarando a porta com tanta impaciência que podia colocar fogo na madeira. Ela cutucava o purê de batata e as ervilhas sem de fato comer nada, passando manteiga nos pãezinhos com fúria, ansiosa demais para começar a pensar em se alimentar. Mesmo a bebida não a animou, e Kee bem sabia o quanto Radrien gostava de embebedar-se.

A hobbit de cabelos cacheados então se aproximou, de rosto corado e com uma bolsinha pesada de moedas na mão, ganhas com apostas certamente injustas.

— O tordo... — Começou Keena, para então receber um olhar indecifrável, e talvez um tanto hostil da elfa. — Só estou dizendo. Vai comer essas batatas?

Radrien deu de ombros, ainda com a cabeça nas nuvens.

— Certo — murmurou a pequena, enfiando uma colherada de purê e carne quente na boca, deixando suas bochechas grandes como as de um esquilo. — Mas trate de pelo menos beber água.

O aviso foi dado e ignorado, e Keena voltou a fazer o que era sua atividade favorita: comer para afastar o nervosismo. Em poucos minutos tinha acabado com seu prato e o da acompanhante, sentindo o peito pesar e as mãos suarem.

A verdade era que estava preocupada até demais com o paradeiro das outras amigas, com tordo ou sem. Não conseguia deixar de pensar no que tinha conversado com Radrien mais cedo, a forma como seus olhos brilharam de pavor ao notar o perigo que corriam. Elysant e Dewriel eram guerreiras habilidosas, sem sombra de dúvida, mas tantos inimigos as cercando por todos os lados e não sendo nem uma parcela do que enfrentariam no caminho, a assustava. Kee não sentia tanto medo por alguém querido desde que fora obrigada a deixar a casa do pai, no Condado.

Bem, obrigada não era bem a palavra certa. Fora por vontade própria, muitas luas atrás, quando uma elfa de cabelos prateados aparecera na soleira de sua porta, oferecendo uma aventura e liberdade daqueles que a mantinham cativa.

Brincou com o anel em seu dedo, nervosa. O anel prateado de noivado ela tinha atirado no lago da Libélula, no interior do Condado, na primeira oportunidade. O anel dourado de seu pai, um presente que fora feito para sua mãe antes de morrer... esse ela não tivera coragem de arrancar.

Quando sob a primeira estrela [O HOBBIT]Onde histórias criam vida. Descubra agora