Pequeno Shizun

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Luo Binghe brandiu a espada, cortando o ar e uma fenda negra surgiu. Ele a atravessou e saiu em um beco pobre e sujo de uma cidade. Caminhando pela cidade, ele percebeu que estava no passado.

Errou novamente.

Ele entrou no beco mais próximo, pronto para ir embora quando viu um grupo de meninos brigando. Eles pararam de brigar ao vê-lo. Os meninos maiores fugiram com medo, mas Luo nem mesmo estava prestando atenção neles.

Os olhos de Binghe estavam focados em uma das duas crianças menores, que o olhava com um olhar afiado, agarrando firmemente o pão surrado.

Aquele rosto que conhecia tão bem ao ponto de reconhecê-lo mesmo com os traços ainda infantis e suaves.

Shen Qingqiu.

Com a forma arrogante e fina que seu Shizun agia, Luo Binghe nunca poderia imaginar vê-lo com roupas tão surradas e imundas, brigando por um pedaço de pão velho e o segurando como se fosse a coisa mais preciosa que tinha.

Luo Binghe se aproximou com uma ideia surgindo em sua mente. O outro menino que estava com ele tentou arrastar o jovem Shen Qingqiu para longe com medo do que poderia acontecer.

— Eu sou Luo Binghe. Se você vir comigo, não terá mais que brigar com mendigos por comida e nem usar esses trapos — ele disse em um tom gentil e com um sorriso encantador que conquistou todas as pessoas que olharam para ele. Se abaixou para ficar na mesma altura que ele e ofereceu sua mão. — Vai ter casa, comida e roupa lavada.

— E como eu sei se cê não tá mentindo? — ele disse afiado, mesmo com o baixo vocabulário, olhando-o de cima a baixo. O sorriso de Binghe cresceu ao reconhecer aquela acidez. — Eu conheço pessoas como você. Não quero!

— Jiu, vamo embora — o outro menino pediu, puxando Shen.

— Jiu? Esse é o seu nome? — Luo perguntou, estranhando o outro ser chamado de "nove". Aquilo nem poderia ser chamado de nome.

— E daí?

— Eu não vou fazer mal a você — Binghe disse, voltando o assunto. — Você quer mesmo continuar vivendo na rua?

— Sei o que cê quer! Não quero ser menino-brinquedo! Jiu não é menino-brinquedo de ninguém! — ele disse, batendo na mão estendida do outro e se afastando. Luo riu ao ouvir aquilo.

— Você é feio, ossudo e fraco. Até uma brisa te leva, ninguém iria querer você — Binghe implicou um pouco com ele e o menino mostrou a língua. Desde que se tornou o senhor de tudo, não havia ninguém que ousasse ser rude com ele. Precisava admitir que lá no fundo sentia um pouco de falta dessa acidez. — Pequeno Shizun, essa é a sua última chance de escolher: você vem ou não?

— Não!

Luo Binghe respirou fundo. Ainda sorrindo, ele pegou a miniatura de Shizun e jogou por cima do ombro, o carregando como se fosse um saco de batatas. O menino que estava com ele o atacou, batendo com toda a força do seu corpo magro e pequeno. Shen Jiu tentou se soltar, chutando e socando o maior, mas foi em vão.

Binghe desembainhou sua espada, assustando os dois. Ele cortou o ar e uma fenda negra surgiu. O menino que tentou salvar Jiu se afastou com medo assim que a viu. Luo entrou no portal com Shen em seu ombro, o levando para a sua dimensão.

Ao voltar, logo ele foi recebido pelos servos de seu palácio que estava de prontidão ali. Os servos tentaram ignorar o fato de ele ter trazido uma criança e apenas sorriram, esperando suas instruções.

— Coloquem ele no quarto ao lado do meu. Dêem banho, o vistam e depois levem ele até mim — ele ordenou, jogando a criança nos braços do servo.

— Mas, senhor, o quarto ao lado do seu é o da senhora Sha Hualing... — o servo disse, temeroso.

Como criar um bom ShizunOnde as histórias ganham vida. Descobre agora