Epílogo

1.3K 212 183
                                    

Truly Madly Deeply - Yole Lore

1 ano depois

A tripulação está agitada, o capitão cessou a distribuição de rum já que se aproximam de terra firme e isso é quase um insulto para os marujos. Louis, no entanto, não se importa com nada além de ver seu tritão após duas semanas longe de casa.

Em viagens breves, Harry às vezes se permitia subir ao barco e fazê-lo companhia. Quando eram longas viagens, ele esperava Louis nas pedras onde se encontraram pela primeira vez, assim sobe a bordo e eles seguem para casa juntos.

Todos os homens a bordo conhecem o tritão e, apesar de ainda temerem a criatura, começaram a se acostumar com sua presença. Passam a ver os dois como chefes, não mais só Louis. O casal junto conquista respeito e inspira admiração.

Quando se aproximam das pedras os marujos já sabem as ordens do capitão, sempre parando no mesmo lugar em que Harry os esperava pacientemente. E lá está ele, os olhos verdes agora refletindo o mar, a saudade e a ansiedade.

Como todas as outras vezes, ele corre desajeitado para beijar o pirata e os dois deixam escapar risadas no meio de tudo. Duas semanas sem suas pernas eram o suficiente para que Harry começasse a andar estranho como antes.

O marujo gostava, lembrando da primeira vez que teve o homem de sua vida em seus braços.

— Como você está? — Harry pergunta, examinando Louis de cima a baixo. Sempre se preocupava com o perigo das viagens do outro, precisando checar primeiro cada pedacinho dele para se sentir aliviado.

O outro responde que está bem, enrolando uma mecha do cabelo ainda úmido de Harry em seu dedo, sua expressão é serena. Enquanto isso, a tripulação grita instruções ao fundo para que continuem navegando até a aldeia.

— Podemos entrar? — O tritão sinaliza levemente com a cabeça para a cabine do capitão.

Louis acha estranho porque costumavam observar o mar ali fora até chegarem ao porto, o caminho era breve. Não entende porque dessa vez é diferente, mas segura a mão do de olhos verdes e faz o que lhe é pedido.

Quando fecha a porta é imediatamente atacado por um beijo de tirar o fôlego.

— Duas semanas é muito tempo. — Harry diz. Ou pelo menos se esforça para dizer dentro daquelas circunstâncias. — Podemos ficar aqui depois que todos se forem?

Algumas peças de roupa estão sendo jogadas pelo chão.

— Não quer ir pra casa? — Louis pergunta, apesar de já se encontrar desabotoando a camisa do tritão. Camisa essa que ele provavelmente havia acabado de colocar já que sempre deixam roupas escondidas entre aquelas pedras.

— Você dorme melhor no mar de qualquer forma. — Sua fala seguinte é extremamente apropriada para a forma que está olhando para Louis. — Só quero que meu capitão faça amor comigo e mais tarde durma no meu peito com o balançar da água.

Não consigo acreditar que estamos juntos, Louis pensa. Ele é extremamente grato pela vida que leva, pelo homem que se tornou no último ano e pelo homem que está sempre ao seu lado. Não pode dizer que parece um grande sonho, porque nem em sonhos imaginou que seu coração poderia ser tão preenchido assim. É um tipo de felicidade que, depois de tantas perdas, parecia irreal demais. É uma pena que a palavra Amor seja tão limitada a ponto de não conseguir expressar tudo que Louis sente naquelas situações. Os gregos têm diferentes versões, eros, philia, pragma e somente sussurrando cada uma delas o pirata seria capaz de fazer com que Harry saiba exatamente como está se sentindo nos últimos meses.

Talvez não haja tradução para tais sentimentos, então ele beijaria Harry até que ele não precisasse duvidar de seu coração nem por um único segundo.

Hiraeth [l.s]Onde histórias criam vida. Descubra agora