Gwyn não sabia dizer até que horas tinha ficado na cozinha com Azriel, a única coisa que sabia, era que devia ter ido para cama mais cedo. Estava com tanto sono que provavelmente dormiria ali na mesa da biblioteca.
De manhã, no treino, Azriel se tornou um sádico e se juntou com Cassian para torturar ela e as meninas com seus exercícios. A desculpa dos illyrianos era que o treinamento em Refúgio do Vento estava chegando e que queriam prepará-las para qualquer infortúnio que pudesse vir a acontecer.
Mas a sacerdotisa e suas amigas já estavam se preparando para revidar, apesar de ter que atrasar a revanche por alguns dias, já que além de cansada, também estava dolorida.
Gwyneth estava voltando para sua leitura para pesquisar a questão dos feéricos de luz e estrela da visão da Archeron do meio, quando ouviu um baque surdo na mesa.
Ela levantou os olhos, encarando uma Merrill com a expressão de descontentamento no rosto bonito e jovem. A outra sacerdotisa havia deixado uma pilha de livros em cima da sua mesa.
— Você não deixou o livro no meu escritório, Gwyneth. — A voz de sua supervisora era afiada como uma adaga. — Estou começando a achar que você não gosta de trabalhar, ninfa.
Gwyneth travou o maxilar, não ousou responder a sacerdotisa. Nada que a valquíria falasse impediria ela de destilar seu veneno.
— É bem do seu feitio ir choramingar para o Grão-Senhor e fazer com que ele compadecesse com sua inutilidade. — Merrill cuspiu as palavras. — Acha que realmente vou cair no seu teatrinho de coitada explorada? Tudo que peço para você fazer é o seu trabalho.
Gwyn se levantou, olhando para a supervisora com tanto ódio que podia jurar sentir algo brilhando nos seus olhos.
— Não choraminguei para o Grão-Senhor. — Sua voz saiu firme. — Tenho outro emprego agora, sou uma valquíria e não vou deixar você atrapalhar o meu rendimento apenas porque se sente no direito de me mandar fazer qualquer coisa para você. Sou sua ajudante, não sua escrava, Merrill.
Ela não piscou, sentindo a confiança exalar de seus poros. Não havia gaguejado nenhuma vez e aquilo fez com que uma coragem quase desconhecida tomasse conta do seu corpo.
— Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito? — Merrill se exaltou. — Acha que vou aceitar que uma mestiça me insulte?
Gwyn não se deixou abalar pelas suas palavras, apenas encarou a fêmea, tentando não deixar as expressões de desprezo claras demais. Fechou suas mãos em punho, tentando controlar a raiva.
— Acha que não sei das suas intenções se aproximando da Corte do Grão-Senhor? É fácil conseguir as coisas com essa sua cara de coitada, não é Gwyneth? Acha que é uma Valquíria, criança? Você nunca será uma. Nunca chegará perto das guerreiras que um dia existiram, você é ninguém, Gwyneth, é uma ninfa insignificante preguiçosa e petulante.
A Valquíria ia responder, mas antes que pudesse, ela sentiu aquele toque fantasma gelado em sua bochecha e antes que pudesse formular alguma resposta, escutou um coçar de garganta grave.
Se virou em direção ao som. Azriel estava com as mãos atrás das costas e algo em seu olhar parecia mais sombrio. Suas sombras rodaram em volta do seu corpo e a outra que havia tocado sua bochecha deslizou de volta para o encantador.
— Mestre-Espião? Para o que devo a sua visita?
A voz de Merrill antes carregada do mais tétrico veneno agora estava pomposa e abarrotada de respeito. Gwyn mordeu as paredes internas das bochechas quando a sacerdotisa olhou para Azriel como se fosse a fêmea mais doce que já pisou em Prythian.
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SOUND OF SHADOWS | GWYNRIEL
FanfictionCom Prythian vivendo a beira de mais uma guerra, as Cortes se preparavam para o que poderia acontecer agora que Briallyn estava morta e Koshei acumulava força e poder. Em llyria uma movimentação causada pelas Valquírias faz com que os acampamentos s...
