Um zumbido agudo persistente martelava contra os tímpanos de Gwyneth. Seus olhos pesaram e a cabeça latejou com a força do impacto contra o chão, algo pesado cobria seu corpo. Não algo. Alguém.
Azriel.
Quando o zumbido começou a se dissipar, ela conseguiu escutar gritos desesperados e barulhos altos de vidros sendo quebrados. Sentiu algo quente e líquido cair em seu rosto. O cheiro forte de ferro. Sangue. Não dela, mas do corpo que a cobria.
Ela abriu os olhos, apenas para enxergar as membranas das asas que ainda a cobriam. Pequenos cortes rasgavam o tecido fino e sensível daquelas asas tão maravilhosas, enquanto pedaços e mais pedaços de vidros se chocavam contra elas. Poucos segundos depois, Azriel levantou o rosto, suas feições presas em algo como dor e preocupação.
— Você está bem. — Ele sussurrou. Não foi uma pergunta, mas uma afirmação. — Está bem.
E antes que ela pudesse sequer responder, ou pedir para que ele se protegesse, Azriel foi arremessado para longe, o contato com seu corpo foi perdido com tanta força que Gwyn arquejou ao vê-lo rolar contra aqueles outros pedaços de vidros agora espalhados pelo chão em sua frente.
— Azriel!
Ela forçou a se levantar, sentindo as mãos cortarem quando se apoiou no chão em cima daqueles cacos. Quando levantou os olhos para o enorme salão, suas pernas bambearam. Daquelas enormes janelas, centenas de bestas rastejavam para dentro do cômodo, usando as garras pretas e os membros longos para se apoiarem nas paredes e as tomarem de um preto assustador.
Sem sinal de rostos, a não ser pelas bocas que se abriam vez ou outra, revelando dentes afiados e podres, emitindo um som agudo e sofrido, como se fosse o grito preso na garganta que não conseguiram soltar quando morreram pela primeira vez. Quando eram algo.
Gwyn desembainhou a espada nas suas costas, mesmo sabendo que a lâmina seria inútil contra eles. Os olhos correram para a figura alada a alguns metros de distância dela, que já estava de pé, uma rajada do brilho azul de seus Sifões mantendo longe uma criatura que rastejava seus grandes membros e garras em direção a ele.
O caos havia se instalado no hall, enquanto os Ardamors desciam em saltos e deslizavam em direção às pessoas, que corriam para a saída fechada. Seus olhos percorreram pelo resto do cômodo, apenas para se encher de horror quando observou uma daquelas bestas imobilizarem um macho da Outonal, abrindo sua boca com as longas garras e se deslizando para dentro de seu corpo.
A pele escureceu refletindo aquele nanquim por um tempo, como se a sua própria essência estivesse mudando quando aquela coisa o possuiu. O corpo tremia enquanto o restante deslizava para dentro dele e quando subitamente parou, caindo de joelhos, o macho abriu os olhos, revelando aquele preto brilhante que não deixava nenhuma parte branca amostra, apenas pura escuridão.
— Gwyn! — escutou a voz de Emerie, e quando se virou em direção a amiga, já era tarde demais.
Sentiu um impacto forte contra o estômago, que a arremessou contra a parede ao seu lado, fazendo todos os seus ossos gritarem de dor ao baterem contra o mármore gelado. A sacerdotisa sentiu aquelas garras gélidas agarrarem sua canela, e quando voltou o olhar para baixo, aquela gosma nanquim se formava em sua frente.
A pedra em seu busto brilhou como nunca, e a besta que se formava na sua frente parecia tentada a levar aqueles dedos longos em direção ao seu pescoço e cortá-lo para levar a pedra e sua cabeça como um prêmio para o seu mestre.
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SOUND OF SHADOWS | GWYNRIEL
FanfictionCom Prythian vivendo a beira de mais uma guerra, as Cortes se preparavam para o que poderia acontecer agora que Briallyn estava morta e Koshei acumulava força e poder. Em llyria uma movimentação causada pelas Valquírias faz com que os acampamentos s...
