Capítulo I

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Lembro como se fosse ontem como tudo começou, minha vida sempre foi uma loucura, fui deixado na porta da casa de uma mulher quando nasci, ainda estava coberto de sangue por causa do parto, essa mulher me pegou para criar. Pelo menos foi o que me contaram.

Naquela casa moravam ela, o marido e o filho, seu nome era Sarah, uma linda mulher, cabelos longos e loiros, uma pele macia, seus olhos eram azuis como o céu, todos a conheciam pelo apelido, Star.

Seu marido era Harry, um homem que foi encostado por invalidez após perder a perna em um acidente de trabalho, Harry passava mais tempo comigo do que a Sarah, ela trabalhava muito na parte da noite e voltava quando o sol estava nascendo. Ela dormia o dia inteiro.

Lembro que Harry sempre me preparava ovos e bacon no café da manhã, sempre tentava me animar quando eu estava triste.

Seu filho era James, um menino com problemas, sempre estava acompanhado pela polícia e dificilmente estava em casa, quando estava ele se trancava em seu quarto e só saía para pegar cervejas na geladeira.

E assim fui criado por essa família na cidade de Ashville no estado do Alabama.

Quando eu tinha 5 anos meu irmão James fugiu de casa e se mudou com alguns amigos para Fresno, onde foi morto por políciais após ter tentado assaltar um mercado e trocou tiros com eles.

Minha mãe foi comunicada sobre o acontecido e depois disso tudo mudou, ela me batia a toda hora, eu não podia nem se quer passar em sua frente que já era espancado sem piedade nenhuma, ela me batia todos os dias.

Harry se tornou um alcólatra e fumava sem parar, mas ainda assim cuidava de mim e me ajudava quando eu pedia.

Eu era uma criança feia, cabelos ruivos parecendo corte de índio, tinha muita sarda na cara, usava óculos fundo de garrafa, era gordo e com orelhas pontudas.

Quando completei 7 anos Harry me levou a escola, na verdade me levou até a metade do caminho, ele estava bêbado então me pediu para caminhar em linha reta e perguntar onde ficava a escola. Foi isso que eu fiz, encontrei a escola mas já estava atrasado, quando entrei na sala de aula todos riram de mim, pude ver até minha professora esboçar um sorriso no canto do rosto. Por um momento até pensei que era por minha aparência, mas tinha algo a mais, descobri que Sarah era uma prostituta da cidade.

Na volta para casa no final da aula já tinha decorado o caminho, foi quando fui surpreendido por 4 garotos, não lembro de ter feito nada a eles, mas enquanto me espancavam podia ouvir eles gritarem várias vezes, prostituta. O ataque durou uns 20 minutos.

Cheguei em casa com meu rosto coberto de sangue pelos chutes e socos que levei, vi que Harry estava dormindo no sofá com uma garrafa de vodka na mão, não quis o acordar, entrei no meu quarto e para minha surpresa Sarah estava sentada me esperando, lembro que ela me olhou da cabeça aos pés, fez um sinal de negativo com a cabeça, levantou da cama, parou na minha frente, me deu um murro no nariz e saiu do meu quarto.

Essa rotina de espancamentos na escola e em casa seguiu por mais 3 anos, quando completei 10 anos de idade comecei a ter surtos de raiva, não sei o que acontecia comigo, não podia me controlar, eu quebrava tudo que estava no meu caminho, mas depois que a crise acabava eu me encolhia no chão e chorava descontroladamente.

Tive surtos assim na minha sala de aula, foi quando feri gravemente dois colegas meus, fui então levado pelo meu professor Sr.Godman para fazer alguns exames psicológicos, foi detectado em mim uma coisa chamada TEI - Transtorno Explosivo Intermitente, isso faz as pessoas não conseguirem controlar a raiva.

No caminho para casa pude ver que a polícia estava ali, na frente da minha casa, pensei que haviam denunciado minha mãe pelo que ela andava fazendo para mim, mas não era isso, para minha total tristeza Harry foi encontrado morto no sofá com duas garrafas de vinho e uma garrafa de whisky derrubada em seus pés. Foi morto por ingerir muita bebida alcoólica.

Depois desse acontecimento meu mundo desabou, meus ataques de raiva pioraram, larguei a escola, pensei até em me matar.

Lembro que estava sentado na frente da minha casa chorando, quando o cachorro do nosso vizinho resolveu brincar comigo, sem pensar o levei para meu quarto, segurei o pescoço dele bem firme com as duas mãos até os olhos sangrarem, e morrer, abri um buraco no quintal da minha casa e enterrei o cão. Me senti tão bem em ter feito aquilo, mas não sabia que não ia ficar só nos animais, foi a primeira vez que tirei a vida de algo vivo depois dali nunca mais parei.

Eu andava a noite pela vizinhança procurando cachorros, gatos, até ratos para poder mata-los da forma que eu quisesse, então com 15 anos fiz minha primeira vítima humana.

PsicopataWhere stories live. Discover now