Capítulo 9

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Mal havia despertado, mas Kara já tinha um sorriso no rosto pelos acontecimentos da noite anterior. Jamais poderia imaginar que um dia sua chefe simplesmente iria beijá-la da maneira mais carinhosa possível. Poderia até ter sido o primeiro beijo real entre as duas, mas foi o suficiente para se tornar um vício — um vício muito bom por sinal.
 
Depois daquele momento que fez Kara quase surtar internamente, ela apenas se dedicou encher Lena de carinhos. Além de continuar com a cafuné que sabia que ela gostava, por vezes distribuía alguns beijinhos em seu rosto e acariciava seu braço que estava pousado sobre sua barriga.
 
Mesmo depois da morena ter adormecido, Kara continuou com gestos de afeto por um longo tempo. Era bom saber que Lena estava confiando nela a ponto de se sentir a vontade em sua presença. Por isso, faria de tudo para que cada vez mais ela soubesse que agora tinha alguém que estava disposta a enfrentar qualquer coisa com ela e por ela. Sua  meta era fazer a sua garota se esquecer que um dia já esteve sozinha.
 
Batendo a mão na cama procurando por Lena, Kara abriu os olhos rapidamente quando percebeu que ela não estava ali. Quando olhou para o relógio, entendeu bem o motivo. Já passava das dez da manhã e a morena sempre acordava extremamente cedo. A cama estava quentinha e gostosa, mas decidiu se levantar, pois queria muito abraçar a mulher por quem era apaixonada e enchê-la de beijos.
 
Apesar de ser carinhosa, Kara não era uma pessoa grudenta. Mas com Lena queria ser um pouquinho, ainda mais percebendo que, embora ela não confessasse, gostava daquilo. E, para a loira, era muito bom ver ela quase se derretendo em seus braços por estar fazendo uma coisa tão simples.
 
Depois de um belo banho e se trocar, Kara sentiu sua barriga roncar. Mesmo querendo se arrumar um pouco mais só para impressionar Lena, decidiu deixar isso para lá, já que seu estômago implorava por comida. A última coisa que havia comido foi no bistrô e depois de estar com Lena em seus braços, não se atreveu a sair do quarto e ir assaltar a geladeira como fazia toda a madrugada.
 
Sem demora, percorreu o corredor que dava para as escadas e logo começou descê-las. Antes mesmo de chegar a sala, ouviu  vozes que identificou sendo de avó e de Lena. Assim que desceu o último degrau, seu coração se encheu de alegria ao ver as duas juntas sentadas no sofá. A morena estava com um sorriso no rosto e uma aparência muito mais leve, enquanto isso, vovó Danvers mostrava a ela um álbum de fotos.
 
— Como vão as minhas garotas? — perguntou se aproximando da avó deixando um beijo em seu rosto e dando um beijo próximo aos lábios da morena antes de se sentar ao lado dela. — Dormiram bem?
 
— Parece que alguém está de bom humor — vovó Danvers comentou sem desgrudar os olhos da foto. — Dormi como um anjo.  Estou mostrando para Lena as fotos de quando você era bebê.
 
— Vovó, eu achei que você me amava. Dsse jeito ela vai desistir de mim antes mesmo de casarmos — disse quase indignada.
 
— Essa aqui é ela chateada porque Eliza não a deixou comer mais doce no seu aniversário de cinco aninhos. É só ela não gostar de algo que fica assim. — apontou para foto que mostrava uma menininha fazendo bico. — Pode ver se estou mentindo — olhou para a neta e apontou com o queixo.
 
Lena olhou para loira que estava com a mesma expressão que a da foto, foi impossível não rir daquilo, pois olhando bem, ela não tinha mudado muita coisa.
 
— Adorável, como sempre — se inclinou um pouco em sua direção a dando um selinho. — Que bom saber mais uma mania de Kara Danvers.
 
— Não é mania. Eu fico normal quando não gosto de alguma coisa. A vovó só está falando isso para me envergonhar.
 
— Claro que fica normal, meu amor. Estamos vendo isso nesse momento. Está agindo como uma adulta — Lena ironizou fazendo Kara ficar com um bico maior.
 
— Teve uma vez, Lena, que ela não gostou da Sammy e da Alex irem numa pizzaria sem ela. Ela passou dois dias inteirinhos emburrada até que as duas compraram uma pizza só pra ela. Toda vez que Sammy e Alex saiam, tinham que trazer algo para ela, se não ela fechava a cara.
 
— Vovó! — disse com a voz estridente. Estava com medo de Lena a achar imatura por essas pequenas atitudes. — Não era bem assim.
 
— Era como então? — Lena a olhou arqueado as sobrancelhas.
 
— Não era assim — voltou a repetir agindo exatamente como a avó estava falando. — Eu só não gostava de não ser convidada para os lugares que elas iam.
 
— Elas estavam indo a encontros. Se você fosse, só iria segurar vela.
 
— Não importa, vovó. Gostaria de pelo menos ser convidada, é errado querer estar com as irmãs? Vou tomar meu café da manhã. Com licença.
 
Observando a loira sair da sala, Lena sorriu mais uma vez. Nesses anos trabalhando juntas, jamais poderia imaginar que Kara poderia agir daquela forma. Na DOE, ela era bastante profissional e firme no que fazia. Mas depois disso, pode perceber que elas tinham bem mais coisas em comum do que um dia chegou a imaginar, já que a sua noiva também não era exatamente a pessoa que pensava. Se antes a achava encantadora, a cada minuto com ela estava achando ainda mais.
 
— Daqui a pouco ela volta como se nada tivesse acontecido. Mas as vezes ela leva essa birra por mais tempo. Ser mimada demais acaba assim.
 
— Não sabia que ela era mimada. Na verdade, sendo bem sincera, eu nem achava que ela era de uma família rica.
 
— Ela prefere não falar sobre isso — olhou para jovem que tinha os olhos presos em outra foto no álbum. — Mas, sim, ela foi mimada desde que chegou a essa casa. Era apenas um bebê de dias e ganhou nossos corações no primeiro minuto.
 
— Como assim, vovó Danvers? — a olhou sem entender.
 
— Bom, se ela não te contou, não sei se deveria fazer isso. Eu entendo a situação e sei que estão se conhecendo, pode-se dizer assim. Só que tem coisas que tem que partir dela, assim como tem que partir de você. Na hora certa, ela vai te dizer.
 
— Compreendo — balançou a cabeça afirmando juntando aquelas informações. — Porque a senhora não disse nada a ninguém sobre o que estamos fazendo?
 
— Você não a escolheu aleatoriamente, e ela não aceitou por estar sendo obrigada — fechou o álbum. — Desde que passaram por aquela porta era evidente que ao menos uma coisa não era mentira. Queria te mostrar algumas coisas da família, está com tempo?
 
— Da família? Vovó, é...
 
— Lena, você é da família e em breve casará com a minha neta — sorriu ternamente afagando o rosto de Lena. — Não vou te mostrar nada demais, só algumas coisinhas que eu gostaria que ficasse com vocês. Alex, Sam, Kelly, todas já tem algo, mas Kara passou muito tempo sem vir aqui, e agora tem você, também quero te dar um presentinho.
 
Não era difícil perceber de quem Kara tinha puxado toda a compreensão e afeto que externava. Ela era uma versão mais nova da vovó Danvers, talvez seja por isso que Lena havia se apegado as duas tão rapidamente.
 
— Posso falar com a emburradinha rapidinho?

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