Capítulo 8 - Tarde Demais

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Jack havia terminado com Lena e se recusou a aceitar, mas no fim, não sobrou nada que ela podesse fazer. Luthor estava sem Jack e aparentemente, Kara havia cumprido o que disse, permanecendo longe da pianista. Jack continuava a importuná-la e ela estava bem com isso, só ficava triste por sua Lee, que estava abatida durante aquele mês inteiro, entretanto tinha que manter o que disse, mesmo que no fundo de seu coração, ela soubesse que a morena não estava totalmente certa com relação a seus sentimentos. No entanto, ela só se aproximaria se a pianista de "sangue azul" tivesse certeza deles e que fossem por ela, é claro. Perto dali estava Jamal Spheer que era acostumado a andar por Heaven City com seu skate e por ser calado, via e ouvia coisas que muitas pessoas não sabiam, como Kara. Já fazia um tempo desde que viu seu pai beijar uma garota no seu carro não muito longe da mansão dos Luthor, afinal, todos sabiam bem onde eles moravam e somente naquele dia, Jamal passou a seguir o pai de vez em quando.

Então, numa noite dessas, quando seu pai saiu após o jantar, ele pegou seu skate e o seguiu. Foi aí que ele viu a mesma garota,em traje de luxo entrar no carro e beijá-lo de novo. Assim que Jack deu partida, ele avistou Ka saindo dos arbustos e se perguntou se ela estava vigiando-os também. No entanto, deu de ombros e decidiu que falaria com a garota, ia apelar para o bom senso dela para que sua mãe não sofresse com aquilo. Aquela história tava confusa e ele nem sabia o que fazer, muito menos a loira, esse era o tipo de situação que eles nunca tinham passado e estavam com medo de tomar a decisão errada e causar danos ainda maiores. Entretanto, ambos tinham o mesmo pensamento: se as pessoas não traissem, a vida seria menos complicada e mais feliz.

No fim das aulas, Jamal tomou cuidado quando apareceu pelo Internato,viu a aluna de seu pai próxima de Lena e as viu subirem as escadas para o dormitório. Furtivo, Jamal se esquivou e perguntou onde ficava o dormitório da bolsista. Por sorte, só havia uma e ele foi grato por isso, obtendo sua resposta em seguida. Ele observou a garota de cabelos pretos ir para o quarto e esperou que todas entrassem para bater na porta de Lena Luthor. Três batidas suaves e Lena deixou seu piano para atender, ela ficara confusa de imediato e não conseguia entender porquê um garoto estava no dormitório feminino e ele não parecia ter idade para frequentar o Internato, já que também era uma faculdade. Jamal, pediu educamente para entrar e Lena deu passagem à ele, notando que ele era familiar, mas não conseguia pensar no que o tornava familiar até ele se apresentar.

— Sou Jamal Spheer, prazer. - O garoto disse gentilmente e estendeu sua mão e Lena repetiu o ato, falando logo depois.

— Sou Lena Luthor. - O menino se espantou. Ela era tão rica que podia comprar a casa dele um milhão de vezes e ainda sobraria muito dinheiro. Ele estava incrédulo e por um momento, travara na frente da jovem pianista, embora esteja surpreso aos montes, ele precisava falar tudo. No entanto, antes que dissesse algo, Lena percorreu cinquenta por cento do caminho quando perguntou se ele era parente de Jack.

— Sou filho dele, senhorita Luthor, sou filho de Jack Spheer. Eu não a conheço mas pela sua cara, você não sabia disso. Suponho que não saiba que ele é casado. Então seja lá o que você tenha com ele, por favor, termine. Minha mãe não merece nada disso. - Lena assentiu positivamente e ficou imovél lá até Jamal dizer que ele não valia a pena e que não valia a pena chorar por alguém que é desonrado como seu pai. Lena se moveu apenas para abraçá-lo e pediu desculpas.

A jovem pianista tinha perdido o chão, ela era amante, conscientemente ou não, agora ela sabia que era uma e se sentia tão suja. Olhar para Jack todo dia deixava-a louca de tanta raiva. Ela nunca quis ser amante e naquele momento, sentiu nojo de Jack e de todas as vezes que ele a tocou. Lena não queria causar problemas para o garoto com o rosto angelical que foi ao seu quarto intervir e interceder por sua mãe, que não sabia de nada. Lena pensou em fazer com que ele fosse demitido ou em pedir para que ele se demitisse mas isso também causaria problemas para Jamal e sua mãe. Contudo, ela teve uma briga verbal e física com Jack, onde só ela agrediu com inúmeros tabefes e ordenou que ele parasse de fazer com que Kara fosse humilhada todos os dias. Desde então, ela não falava ou olhava para Jack e a de olhos azuis não sofria mais nas mãos do professor.

Já havia se passado mais de três meses e cada um estava em seu canto, porém essa situação ficava tensa a cada dia. Por isso, Jack se demitiu apenas por medo de Lionel ou sua esposa ficarem sabendo, pois ele tinha certeza que Lena explodiria alguma hora e falasse aos berros que eles sempre estiveram juntos. Lena Luthor quieta era um alerta para aqueles que a conheciam, significava que ela estava prestes a fazer algo marcante e isso nem sempre era bom. Entretanto, seu pai não largava do seu pé, pressionando-a a todo custo. Com Jack fora de jogo, Kara notou que os ares haviam mudado em Lena, ela parecia mais livre e mais sorridente depois da demissão. Danvers não passa por mais dificuldades, sua vida seguia normalmente, já no Internato, não tinha mais aulas práticas e as meninas estavam livres até o substituto chegar. Lee, no entanto, ainda passava suas horas no piano. Sam, sua única amiga naquele lugar, teve que arrastá-la para o auditório para outra festa e lá estava a menina dos cabelos dourados, no palco, tocando bateria, mais feliz do que nunca com uma camisa com estapa da banda The Runaways. Ela estava surpresa. Havia algo que Kara não soubesse fazer?

Imra estava cantando Wanted Dead or Alive, Nia estava no baixo, Andrea na guitarra e Kara na bateria. Lena não lembrava de escutar rock na sua vida, mas achou incrível. Samantha e Lena curtiram rock pela primeira vez naquela noite e ficaram pasmas com a quantidade de sutiã que jogados no palco. Aquilo foi divertido para Lena até sua melhor amiga jogar o sutiã dela, aquele era um sinal enorme de que ela estava bêbada e que era hora de voltar para seus aposentos. Luthor deixou Sam em seu quarto e no trajeto para o seu, ela viu a loira.

— Você tem talento com a bateria. Você tava bem feliz... - Lena puxou assunto pois estava curiosa sobre aquele dom, até então, desconhecido da garota de olhos azuis.

— É meu sonho sabe? Ter uma banda de rock famosa e tocar bateria. - Kara disse alegremente.

— Sonho? Achei que piano fosse seu sonho... Bom, espero que consiga, você tem talento. Aliás, vocês né? Estava incrível! - As duas abriram as portas de seus quartos.

— Boa noite, Tessa. - Pela primeira vez, Lena ouviu seu nome, ou melhor, seu apelido vindo de Kara e claro, foi perfeito. Agora já não eram tão estranhas, se falaram e se cumprimentaram por apelidos. Elas não precisavam mais serem inimigas.

— Boa noite, Danvers. - Respondeu Tessa amigavelmente.

Em sua cama, a bela Lutessa suspirava por Kara e se pegou pensando quando foi que viu um sorriso daqueles nela por todo aquele tempo. Já fazia quase cinco meses e ela nunca viu Kara tão feliz assim. Desde então, ela percebeu que Kara nunca foi a inimiga, que não queria seu lugar como pianista e pensou em todos os momentos com a colega de classe, notando que ela a incentivava implicando com ela e não que implicava porque não gostava dela. As coisas se encaixaram e Lee se achou tão burra, nunca parou para agradecer, mas também, agora era tarde. Kara não quer sua amizade ou contato. Já fazia três meses e exceto por essa noite, elas não se comunicavam de jeito algum e por mais que ela detestasse não ter a loira por perto, pelo menos, ela sabe que Kara cumpre o que diz, o que a deixou mais atraente. Lena teve que gritar em seu travesseiro por ser tão idiota, estava na cara o tempo inteiro.

Sinfonia de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora