18. Jagiya, o que você quer que eu faça?

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AVISO: NESSE CAPÍTULO CONTEM CENAS EXPLÍCITAS E DE VIOLÊNCIA QUE PODEM SER PERTUBADORAS PARA ALGUMAS PESSOAS.

Apenas o seu vestido de lã não era o suficiente para aquecê-la, Haneul começava a sentir a pele ficar arrepiada. Estava observando Moon-jo terminar o curativo em sua mão, a cabeça levemente inclinada, concentrado colocando a atadura o mais firme possível. A jovem não se conteve e passou a mão na nuca dele.

Agora entendia o que sua amiga disse sobre não estar nunca satisfeita, os dois estavam sozinhos ali, a pensão ainda estava vazia, e por mais que ela tivesse machucada, sabia que tinha como fazerem isso ali. Haneul massageava de leve a nuca e o pescoço de Moon-jo, seus olhares se encontraram quando ela apertou os cabelos da nunca dele com um pouco mais de firmeza. As coisas não precisavam ser sempre da forma como ele queria, e a jovem estava prestes a mostrar isso. A cabeça de Haneul ia entrar em parafuso, ela tinha que se distrair de alguma forma.

– Você não desiste, não é? – Moon-jo perguntou pegando a mão dela e afastando dele, ao invés disso pegou um rolo de ataduras e a colocou no lugar. – Coloque isso na sua costela quando chegar ao quarto. Eu poderia fazer isso, mas não vai ser uma boa ideia tirar sua roupa outra vez.

– Certo. – Haneul disse descendo com tudo da maca, mesmo tendo sentido uma fisgada de dor ao fazer isso. Seo Moon-jo tinha um olhar divertido no rosto, que a deixava ainda mais zangada. Essa era a última vez que ele faria aquilo com ela, da próxima seria a própria que ditaria as regras.

Saiu do porão sem esperar por ele, e sem olhar para trás. O vento que vinha do térreo foi aos poucos a chamando para a realidade em que estava. Aquela pensão seria a sua ruína. Não teria como ela escapar ilesa, o que precisava medir era o quão quebrada sairia. O dentista a tinha nas mãos, isso era algo que mesmo tentando evitar, a própria Haneul se colocou nos braços dele, e voltar atrás nisso também era impossível, e nem ela queria isso mais. Não tinha mais como escapar das garras dele, sua intenção agora era deixar de ser a presa.

Foi até a cozinha, precisava de um chá, ainda tinha um sachê de camomila, e por mais que tivesse dormido bastante, se sentia cansada e com uma leve dor de cabeça. Já encontrava alguns poucos moradores no corredor, lhe lembrando que a sua rotina também voltaria ao amanhecer. No entanto, na cozinha estava apenas Yoo Ki Hyuk.

– Haneul-ssi, boa noite. – ele disse a cumprimentando com um leve sorriso.

– Ki Hyuk-ssi. – Haneul o cumprimentou acenando com a cabeça.

– Você está melhor? – o rapaz não se levantou, mas se virou para a direção que a garota foi e a observou encher um bule com água. Haneul viu os olhos do rapaz ficarem surpresos quando ela se sentou a sua frente para esperar a água ferver.

– Estou.

Ki Hyuk não disse mais nada, se concentrou em terminar a sua refeição. Mas Haneul estava ali, os dois estavam sozinhos, e ela precisava matar sua curiosidade sobre ele enquanto dava.

– Ki Hyuk-ssi.

– Sim?

– Como você veio parar aqui?

– É uma longa história. – ele tentou satisfazê-la com uma resposta vaga, mas não obteve sucesso.

– Aceito uma versão resumida enquanto espero o meu chá. – Haneul o encarou intimidadora, fez ele perceber que não tinha como recuar, o rapaz pigarreou e comeu um pouco do lámen antes de falar.

Seul estava tendo uma das típicas tempestades de verão, quando Yoo Ki Hyuk chegou na pensão Éden. Por mais que sua família tivesse uma boa condição, havia sido expulso do seu núcleo familiar quando se recusou a fazer parte da tradição de advogados e assumir o escritório de advocacia Yoo. Assim, com o pouco que ganhava como professor de história, se mudou para Eunhye para tentar a vida. E como para a maioria dos moradores da pensão, ali era o lugar mais barato que ele havia encontrado.

Strangers from... Heaven?Where stories live. Discover now