Destino ou Karma ?

180 12 0
                                    


27 de setembro de 1922, Memórias de Teresa.

''Naquela tarde a corriqueira Missa de Domingo, deixava transparecer contornos primaveris na praça das alegrias.
Senti aquele sol ameno no rosto, tirei o chapéu e atravessei calmamente a rua, fui supreendida por um dos empregados de minha Madrinha, ele que a dias me prometera um passeio a cavalo, me trouxe o animal já encilhado, subi em um dos degraus da escadinha da praça, montei no cavalo, e fiz um sinal com a mão ao empregado de apelido Tião, afinal se minha Madrinha soubesse que eu estava passeando a cavalo, me castigaria.
Andei por um bom tempo até chegar para o lado da cancha de cavalos, um lugar bonito, bem arborizado, senti meu corpo vivo de novo, estava em contato de novo com minha essência campesina.
O zaino era um desses cavalos mansos, mas muito assustado,troteava tranquilo, talvez um desses insetos de ferrão o tenha picado, logo o cavalo apressou o passo e num trote desabalado, se lançou na direção de um barranco coberto de pedras, antes que o animal se jogasse no chão, um homem também a cavalo saltou em minha garupa, me arracando de cima do Zaino, cai no chão, e vi logo meu vestido de cor clara tingir-se de poeira e de sangue...
-Moça você está bem? Está ferida? Disse ele.
Abri os olhos, segui aquela voz grossa, os olhos de um verde bonito e profundo, o rosto sério mais muito bonito, suspirei –Estou bem.. só me esfolei...
O rapaz me ajudou a levantar, estava ele, com uma camisa branca agora também suja e rasgada em uma das mangas.
- Eu sou Antero ...
-Prazer, eu sou Teresa, e lhe agradeço por ter me salvado ... Não sei o que seria de mim se eu tivesse caído deste penhasco...
-É o cavalo se assustou, algum bicho quem sabe o picou, eu vou me juntar com essa peonada e irei em busca de teu cavalo...
-Entregue a um peão de nome  Tião, ele virá aqui ao final da tarde ...
-Precisa que lhe acompanhe? Sente-se bem mesmo?
-Eu acho melhor não, agradeço sua ajuda, mas moro na casa de Dona Ana da floricultura, é minha Madrinha, e não pode saber que ando a cavalo...
Antero pegou em minha mão, beijou delicadamente – Foi um Prazer Teresa...
Naquele dia eu não sabia, mas aquele homem de voz e braços firmes, era  Antero ...  o homem que povoaria todos meus dias dali por diante... uma das almas mais bonitas e mais generosas que já conheci... ''

 Amores Maragatos  - Série CaleidoscópioWhere stories live. Discover now