Guerrilha no Cerro do Ubaldo

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Teresa afaga Antero que dorme profundamente, ainda embalado pela certeza de que a mulher o aceitaria de volta.
Ela ajeita água, alimentos e frutas para que Antero leve consigo, sabe que não muito longe dali uma tropa de Maragatos aguarda ansiosa por as mãos nos chimangos, e tem medo ...
Antero levanta - se no meio da tarde, sorri para Teresa , ela tem Miguel nos braços, não era fácil assim ainda jovem parir e cuidar de um filho, mas Teresa de saíra de todo bem ...
Antero lhe abraça pelas costas - chame palmira para cuidar de Miguel, precisamos conversar
A prestativa Palmira arranca um sorriso sereno e põe Miguel no colo
- vá filha vá que eu cuido dele
Teresa e Antero entram no quarto... de pé de frente um para o outro ...
- eu sinto muito, por tudo, diz Antero
- está bem, eu acho que isso era uma armação de branca ...
- porque achas isso ?
- uma moça que é lá da casa de margarida ela me contou, branca e Ana clara são grandes amigas ...
- amigas não ... são aliadas ... uma ajuda a outra
- então você como todos outros ... também se esbanja nessas mulheres livres ....
- Teresa quando eu estive lá, foi quando estávamos brigados ... e você iria se casar lembra ? Eu devo te desculpas ....
- eu sei ... e além do mais não temos um compromisso firmado ... eu entendo ....
- Teresa eu sou seu ... você é minha ... temos um filho ... nós amamos ... é claro que isso é compromisso ...
- as moças acompanham as suas tropas ...
- sempre as chinas nos acompanha e muitos de nós, vivem com elas em suas tendas, inclusive Romulo, e do lado dos Maragatos também ....
- eu tu antero ?
- eu espero o retorno para casa para te ter em meus braços ... e tu Teresa estás enciumada ? ( ele ri)
- claro que tenho minhas ressalvas mas confio em ti antero!
- Está bem ... então parto amanhã cedo e não sei ainda quando retorno... fique com sua madrinha, com os criados, não deixe que pessoas de foram de nosso ciclo venham para cá ...
-certo, me dá medo dizer que não sabes quando voltas ...
Antero olha firme nos olhos dela, aqueles olhos úmidos da saudade que se aproxima...
- não tenha medo Teresa, estamos juntos sempre !
Antero a pega nos braços como de costume, beijando pelo pescoço, abaixando o escuro vestido, Teresa deixa amostra os seios, Antero beija os, aquela cintura magra é por ele mordiscada, Teresa põe as mãos nos ombros dele, ficam numa quase dança, ele sobe as mãos em suas coxas, a deita na cama, Teresa sobe em cima de Antero em um ato de mulher livre, vai beijando o corpo dele, Antero aperta os lençóis com as mãos, o brilho e a paixão refletem nos olhos, seguem naquela bonita cena, dois bonitos corpos agora naquele ambiente com pouca claridade, beijando se forte, Antero toma Teresa para si, cavalgando em sua frágil estatura...
Se lançam nesse permanente devaneio, o qual pertencia somente aos mais livres e apaixonados...
Teresa faz carinhos nos cabelos de Antero ele fala baixo - Teresa estás diferente ... mais mulher eu diria ... eu gostei ...
Teresa fica corada - Antero não me diga essas coisas ...
- não tens que ter vergonha Teresa, somos eu e você e nosso prazer apenas ... eu fico feliz que sinta se a vontade ...
Antero a coloca nos braços - eu quero terminar essa noite assim ... contigo em meus braços ...  traga Miguel para dormir aqui ...
Naquele noite bonita , Antero e Teresa junto de Miguel, aproveitaram o máximo da vida, pois em tempos de guerra nunca se sabe quando voltar e se irá voltar ...
Teresa se despede de Antero, ele lhe abraça forte.
- Eu vou rezar para ti ...
-reze e não esqueça quando eu voltar quero um churrasco para reunir os amigos ...
Teresa fica em seus bordados, vê ao longe no corredor surgir dona Clara mãe de Antero.
- vim ver como estão ?
- estamos bem a senhora sente vou lhe servir um chá ... como está senhor Leoncio ...
- muito bem ... creio que dentro de dias já deverá voltar a memória ....
- graças a Deus ...
- Teresa sabe que agora que ele recorda do passado lembrará que és filha de Augusto ...
- eu sei que senhor Leoncio vai gostar de mim ... vai saber que sou sua amiga ...
- espero que sim
Antes que Teresa coloque o chá surge sua mãe, dona Mariana ...
- Mãe que bom lhe ver ... está e dona clara é ...
- eu sei é a mãe de Antero, como vai ?
- bem e a senhora ?
- não muito essa guerra nos deixa abalados demais ...
- e meu pai esta na guerra mãe ?
- não Teresa seu pai está em casa, ele pediu ontem que eu viesse aqui ele quer ver você e o menino...
- não mãe, depois de tudo ... eu não quero isso ... não agora
- mas porque papai não esta na guerra ele sempre quis essa guerra.
- Antônio e Francisco foram e seu pai ficou ...
- Antônio não é maragato mãe !
- mas foi ...
- Antero partiu hoje cedo ... faceiro ... sorrindo ...
- meu filho sempre foi um soldado que honra a farda que veste ... diz clara
As mulheres ficam ali falando da vida cotidiana e bebendo o chá .

Uma semana depois ...
- Dona Teresa ... dona Teresa ( Palmira bate na porta do quarto )
- Entre Palmira estou me vestindo ...
-  Miguelzinho tá com febre ...
- Aí mas que será ? Ele estava bem a pouco tempo ...
A febre de Miguel gerou uma série Compressas, chás e até a vinda de zabela...
- esse menino tá com febre ... pode ser saudade do pai ...
- ele tão pequeno ... não sei
- ele sente fia, ele sente !
Quem sabe a benzedeira tinha mesmo razão, Antero fazia falta a todos naquela casa...
Na sala Teresa mateia com o filho nos braços, já sem febre, Anastácio chega pelos fundos ... chapéu na mão, conversa alto com sua esposa dimira e com Palmira ...
- Minha veia eu soube que ali pela estrada velha que vai até Pelotas ... houve uma peleia entre os lenço braço e lenço colorado e foi coisa de juntar corvos na volta, as tropa do nosso cumpadre Antero ... e deu jeito ferida viu ... já ouvi do Tião que tava por lá que o sinhô Antônio tá nas últimas ...
Teresa deixa a cuia cair no chão - que dizes Anastácio ? Que meu irmão está quase morto ?
- aí dona Teresa minha menina eu não vi que se tava aí, perdoa meu jeito ...
- mande alguém na casa de minha mãe saber notícia ...
- eu vou eu vou agora
- quer saber eu mesma vou ...
Teresa andou depressa, apeia do cavalo o pai sentado a porta, a cabeça baixa ... aquele choro contido de sua mãe ...
- como está Antônio meu pai ...
- está nas última filha, podes vê- lo ... mas está desacordado
Teresa sente sua espinha gelar quando entra no quarto, uma punhalada na altura do braço dilarecou o músculo do braço, Antônio já estava com uma grave infecção ...
- mãe precisas chamar um médico ... eu vou até Romulo
- filha Romulo também está na guerra
- precisam de ajuda ... Tião vá chamar Doutor Rafael na casa branca ... preciso ir Miguel não está muito bem ...
Anastácio ao lado de Teresa
- seu irmão vai sarar ... mas o braço não ...
- eu sei Anastácio ... eu sei ... preciso saber notícia de antero ... preciso que Romulo cuide de meu irmão ...
- dona Teresa as tropa do seu antero tão no ubaldo ...
- então é para lá que vamos ...
Teresa vai até o famoso cerro do ubaldo precisa ver Antero, precisava saber notícias ...
Teresa chega cansada ao cerro, Antero sentado nos pelegos, sujo e rasgado, já anotando as coordenadas do próximo ataque ...
Quando avista ela junto de Anastácio sabe que algo de muito sério ocorreu ...
- Teresa que fazes aqui ...
- Ântero estás bem ?
- estou ... mas estou imundo de sujeira
- não tem problema ...
Teresa o abraça ... ficam algum tempo abraçados
- preciso de tua ajuda, onde está Romulo ? Ele precisa ir comigo ...
-.... estou com dois médico aqui no acampamento
- meu Deus mais esta guerra só serve para provocar mortes e tragédias ...
- Antero meu irmão está nas últimas ...
- Antônio ... eu sinto muito
- Antero se suas tropas também estão feridas ... é porque foi daqui da suas tropas que feriram meu irmão ... Antero eu achei que pudesse poupar os meus !
- Teresa ... eu não ordeno que matem ninguém mas estamos em guerra !
- antero vais voltar a atacar as tropas Maragatas que está desfarelada?
- Vou ...
- Antero eu esperava mais compaixão de ti !
- Teresa foi com Romulo que seu irmão lutou ...
- o que dizes que Romulo e Antônio ? Que eles se degladiaram ...
- foi Teresa, acho que tem mais coisa no meio e acho que é Adelaide que motivou esse confronto !
- onde está Romulo eu preciso falar com ele, ele não tem mínima compaixão , como pode
- Teresa Romulo não está bem ... outro dia vocês se falam ?
- vais acobertar Romulo ? Vai?
- vá para casa Teresa descanse
Teresa grita - eu não acredito que estás fingindo que não somos uma família !
- Teresa queres saber como está Romulo
Antero pega Teresa do braço, levando até a renda onde Romulo está ferido a bala em cima da pequena cama...henriqueta ao lado dele...
- veja Romulo está entre a vida e a morte ... seu irmão o atingiu em cheio ...
- mas como os dois podem ter quase se matado ... e você permitiu isso Antero
Teresa corre depressa até o alto do cerro, Anastácio olha tudo de longe ...
- Eu espero que seu irmão e que Romulo fiquem bem ! Diz antero
Teresa agarra da gola de Antero - meu irmão vai ficar aleijado por causa do seu amigo !
Antero a balança, olha firme - Antônio ... ia matar Romulo, ele deu o tiro e depois pulou por cima para terminar o serviço.
Um silêncio toma conta ...

 Amores Maragatos  - Série CaleidoscópioWhere stories live. Discover now