Garoto Errado

Capítulo 19 - Declaração

Eu estava sentada em minha cama abraçando os meus joelhos que estavam colados em meu peito. Fitava algum ponto invisível no meu colchão, mordendo o lábio, pensativa... quer dizer, eu estava em parafusos. Eu já havia pirado, depois chorado, depois me acalmado e tudo por que não conseguia esquecer o beijo... Não. Havia prometido a mim mesma de que iria esquecer, vestir minha máscara ignorante e fingir que nada havia acontecido. Mas parece que não estava dando certo daquela vez. Pois, como uma pessoa iria esquecer o seu primeiro beijo?

Meu primeiro beijo!

Mesmo te tenha sido apenas um apertar de lábios, essas coisas a gente nunca esquece. Ainda mais quando meu primeiro beijo fora roubado pelo filho de minha madrasta.

Resmunguei chorosa, me joguei de lado no colchão ficando de bruços com a cara no travesseiro. Eu havia feito de tudo para evitar topar com Sasuke pela casa ou ficar mais de um minuto a sós com ele.

Eu me sentia desesperada. Eu me sentia envergonhada. Não conseguia olhar para a cara de Sasuke e fingir que nada aconteceu. Não era como das outras vezes quando ele deixava coisas jogadas no ar. Desta vez havia sido físico, havia sido íntimo.

Meu coração só faltava saltar para fora do meu peito toda vez que ele olhava para mim e eu fingia que não percebia seu olhar me fitando. Sabia que ele queria um momento a sós, sabia que ele queria dizer algo, e admito que sou covarde o suficiente para não facilitar as coisas para ele.

Eu tinha medo.

Medo do que ele poderia dizer. Medo de ter a certeza de que ele... gostava de mim. Medo por... Meus sentimentos estavam bagunçados, minha cabeça estava bagunçada, e eu queria desesperadamente que tudo voltasse ao normal. E Deus que me livre se nossos pais desconfiarem sobre esse pecado. Eu já podia pensar o pior, o horror em seus rostos e uma briga entre eles poderiam surgir. Não quero ser o motivo da separação dos dois.

Meu Deus, isso jamais.

Meu pai merecia aquela felicidade pelos anos de tristeza sofrido pela perda precoce de minha mãe. E isso que estava sentindo por Sasuke naquele momento era apenas um sentimento passageiro e que tenho certeza que iria passar.

Tinha que passar.

E por esse motivo que na sexta-feira eu havia inventado de passar o final de semana na casa de Ino depois das aulas de ballet. Um pouco com a minha melhor amiga poderia fazer bem para mim e a minha cabeça estupidamente confusa. Mas nem as conversas fúteis ou a ida ao shopping com ela no sábado havia acalmado a agitação que estava em meu coração. E é claro que Ino havia notado algo de errado comigo, pois eu não era tão boa em disfarces e estava claramente estampado em minha cara de que algo havia acontecido.

Eu sempre contava as minhas coisas para Ino, pois éramos amigas desde o jardim de infância, mas dessa vez, me mantive quieta e não contei o ocorrido no Snack Bowling. Não por causa de sua reação por eu ter beijado meu meio irmão, mas sim por que achava aquela situação íntima. Era um segredo só meu que iria guardar a sete chaves.

Mas acontece que nada adiantou ficar longe de casa, pois uma hora eu sabia que teria que voltar e encarar Sasuke. E foi o que aconteceu nesse domingo de manhã. Não dava para fugir para sempre, ainda mais quando nós morávamos sob o mesmo teto. Isso pode parecer uma atitude covarde de minha parte, mas como iria olhar para o rosto de Sasuke e não lembrar que nossas bocas se tocaram? E mesmo que estivesse me reprimindo e amaldiçoando-me eu havia... gostado.

Meu Deus, o que estava acontecendo comigo? Era para estar pensando em Naruto. Era Naruto que deveria ter dado o meu primeiro beijo, não o filho da minha madrasta.