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Maratona 7/10

Alfonso POV

Quando saía do meu prédio pouco antes do horário do jogo de beisebol, me deparei com o meu pai no estacionamento. Ele estava sentado em sua moto, a qual eu não via ele usar há muito tempo e estava vestindo uma jaqueta de couro e óculos escuros. Era a primeira vez que eu o via desde que ele comprou as minhas ações. Ao me aproximar, ele retirou os óculos e acenou para mim.

— Oi, filho! — sorriu.

— Oi. — franzi o cenho. — O que é tudo isso? — fiz um gesto com a mão indicando ele e a moto.

— Eu estava pensando em relembrar os velhos tempos. Falei com o Bill e os outros motoqueiros, eles vão fazer uma viagem de moto pelo país por duas semanas.

— E você vai viajar de moto por duas semanas? — fiquei boquiaberto.

— Eu preciso relaxar um pouco e não me lembro de uma época em que eu estive mais em paz do que quando era um motoqueiro.

— Isso é estranhamente bom. — sorri.

— Eu vim aqui pra saber se você não quer ir com a gente. Isso se não estiver fazendo nada de mais importante, é claro.

— Jeito nada sutil de tentar descobrir o que estou fazendo com o meu dinheiro.

— Eu só quero dar uma volta de moto pelo país com o meu filho. — deu de ombros.

— Acho que tudo bem. — concordei. — Mas antes eu preciso perguntar ao meu terapeuta se ele pode fazer consultas on-line durante esse tempo.

— Você está fazendo terapia? — algo parecido com orgulho se acendeu no rosto dele.

— Sim e está sendo bom, por mais incrível que pareça.

— Isso me deixa muito feliz, Poncho. — ele veio até mim e colocou a mão em meu ombro. — Você tem todo o meu apoio.

— Obrigado, pai.

— E eu posso ver que está surtindo efeito. Você não ficou irritado por eu estar aqui. Posso perguntar se estou perdoado?

— Nossa, eu costumava me irritar demais, não era? — fiquei surpreso comigo mesmo. — Bom, eu não estou bravo. Fico até feliz por você ter vindo atrás de mim. E é claro que eu te perdoei, você é meu pai.

— E a sua mãe?

— Eu não... Não parei pra pensar. — pigarreei. — Acho que se ela me procurar eu não vou ignorá-la. Vamos ver o que acontece. — dei de ombros.

— Faz bem. Melhor eu ir agora. — colocou seu capacete. — Passo aqui amanhã assim que o sol nascer. Esteja pronto.

— Até amanhã.

Observei ele montar em sua moto e dar a partida. A imagem me trouxe uma nostalgia incrível e eu fiquei animado por poder fazer aquilo com ele de novo. Quando eu era adolescente, meu pai fazia parte de um grupo de motoqueiros e me levava para todas as viagens. Foram os melhores momentos da minha vida.

[•••]

Cheguei ao estádio de beisebol poucos minutos antes da partida começar. Fui direto para a área VIP e entrei no camarote que já estava cheio de rostos conhecidos. Amigos de Christopher e dos outros integrantes da equipe conversavam entre si, bebiam e comiam do buffet variado que estava sendo servido.

Avistei Maite sentada em uma das poltronas para assistir ao jogo. Como tinha um lugar vago ao lado dela, eu me apressei e sentei ali.

— Oi, May! — a cumprimentei.

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