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Anahi POV

— O que é estar no topo de uma montanha russa? Diferente do que pode parecer, não é algo bom. Significa que você está em uma felicidade momentânea, mas que uma hora você vai cair de novo. E dependendo do quão alto esse topo seja, a queda pode ser ainda mais assustadora. Não é um sorriso ou um "eu estou bem" que determinam o real bem estar de uma pessoa. Todo mundo consegue sorrir a qualquer momento sem estar sentindo que deveria demonstrar felicidade de verdade. Às vezes sorrimos para não termos que responder perguntas. Isso funciona. Ninguém presta atenção nas suas dores se você sorrir. De forma inconsciente ou não, nós julgamos um livro pela capa. Fica de lição para todos aqui o quanto deveríamos prestar mais atenção, ouvir as pessoas de verdade e não se conformar com um simples sorriso e um "eu estou bem". Converse com quem você ama, principalmente se a pessoa disser que está no topo de uma montanha russa. Ela está te dizendo indiretamente que as coisas não vão estar bem por muito tempo.

Fiz uma pausa, precisando tomar um pouco de fôlego e absorver todos aqueles olhares em mim. Nunca achei que fosse ser tão difícil fazer um discurso em um funeral.

— E pra você que se diz no topo de alguma coisa, desça daí. Saia do brinquedo e firme seus pés no chão. — olhei para o caixão bem na minha frente e depois desviei os olhos para o quadro com a foto de Jason. — Desculpe não ter notado, Jay. Te vejo em algumas décadas.

Saí do altar da igreja e voltei para o banco onde estava antes, sentando ao lado de Poncho. Ele olhou para mim com um sorriso triste, depois segurou minha mão e deu um beijo na minha pele.

— Foi um discurso importante. — falou. — Você foi bem.

Sorri fraco e assenti em resposta.

Alguns parentes e colegas de Jason fizeram seus discursos, contando diferentes histórias sobre a vida dele. Uma coisa em comum eram os pedidos de desculpas nos finais de suas falas, ressaltando que deveriam ter tido mais atenção. Era uma coisa comum em funerais de suicidas, todo mundo se sentia culpado de alguma forma.

Quando o funeral acabou, eu e Poncho fomos até uma cafeteria. Ainda estava cedo e eu não consegui tomar café da manhã. Nós pedimos café e algumas panquecas. Eu não sabia o quanto estava com fome até colocar o primeiro pedaço de massa na boca.

— Eu estive pensando. — Poncho começou. — Se você quiser, nós podemos adiar o casamento. Eu sei que não está com cabeça para planejar nada agora.

— Não, eu não quero adiar. É melhor eu ocupar minha mente com o máximo de coisas possíveis. Além disso, se eu deixar a Tysha e a Ruth resolvendo tudo sozinhas, elas vão acabar se matando. — ri fraco. — Eu estou bem, amor. — garanti.

— O Christopher pareceu incrivelmente animado quando eu o convidei pra ser meu padrinho. Já foi logo dizendo as tantas coisas que iria fazer para a despedida de solteiro.

— Nós vamos ter despedidas de solteiro? — franzi a testa.

— Eu avisei pra ele que não quero nenhuma stripper. — adiantou-se. — E espero que você avise o mesmo para a Maite. — murmurou um pouco baixo, olhando para o conteúdo em sua xícara.

— Ah, qual o problema? — tentei brincar com ele.

Poncho ficou sério e olhou para mim com um semblante levemente assustado. Eu mantive o meu olhar neutro, como se estivesse mesmo falado sério em cogitar ter um stripper na minha despedida.

— V-você... — ele ia começar a falar, mas parou por aí.

— Acha mesmo que eu vou querer gogoboys dançando no meu colo? — ri.

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