Amor no Vidigal - CONCLUÍDO.

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Diego

Já de madrugada to em casa tomando um banho com altas fitas na mente. Os moleques conseguiram limpar o morro, derrubando um a um, inclusive o caveirão. Esse foi o dia mais fodido da minha vida, pica pra caralho. Perdi soldados da minha tropa, matei o maldito do meu irmão, o traidor do Dé. A Carol foi baleada e a Tatiana morreu. Sobre a Bianca, nem sei como explicar, porque tudo isso aconteceu na frente dela, com as amigas dela. Ainda não sei se a Carol tá bem, porque mandei ela pro hospital, e fui deixar a Bia na minha tia. Mandei a enfermeira do postinho ir lá dar uma olhada nela, e quando sai ela ainda tava chorando pra caralho.

O Negão também tá mal com a morte da Tatiana. Porque ela foi nessa sem ter nada a ver. Eu entendo muito ele, passou uma vida com a dona, e ver ela morrendo assim é foda pra porra. E eu que tive que dar essa notícia, quando desci com as duas, faltando a Tatiana.

Mandei os moleques levarem o corpo dela pra uma funerária de dentro da favela. Vou arrumar todas as paradas do enterro, boto fé que o Negão não tem a mínima condição.

Entreguei também o corpo do Vitão, pro Silva. Pra ele fazer o que quiser se gloriando por ter matado um dos traficantes mais procurados do país. Sem o Águia nada disso tinha sido possível, e eu precisava pagar ele de alguma forma.

Apesar desses bagulhos, eu ainda to aliviado pra caralho. Porque a guerra terminou, até meu pescoço ta menos tenso. A mente ainda  ta na ativa, e meu pensamento não sai da Bianca. Por tudo o que ela passou, viu e sentiu. Me arrependo de não ter conseguido matar eu mesmo o filho da puta do Dv. Só de lembrar dele com a mão na Bia, meu sangue ferve. Quando cheguei com ela na minha tia, todo mundo pensou que ela estava baleada ou algo do tipo, pelos gritos e choro, mas é algo emocional, ela presenciou muita coisa. Se ela não tivesse ido pra rocinha, nada disso teria acontecido, mas não vou culpar, porque não sei que merda passou na mente dela.

Termino de tomar banho e vou pro quarto, meu braço ta doendo pra caralho ainda. Passei no posto pra enfaixar, e me disseram que foi superficial, mas mesmo assim arde como o inferno. Coloco uma roupa e saio do quarto, meu rádio apita.

- E ai cumpade, na escuta? - Negão pergunta e eu digo que sim.

- Mãe da Carol ligou, ela perdeu o bebê. - Ele fala com a voz embargada.

- Porra viado.. - Fico sem saber o que falar por um momento. - E o estado dela? - Pergunto.

- O tiro pegou no antebraço, ela perdeu muito sangue, teve que fazer transfusão, e vai fazer uma cirurgia lá pra tirar o feto. - Explica.

- Caralho Negão mas que porra! - Falo triste por ela, ainda sem acreditar. A gente conversa mais algumas coisas e eu decido voltar na minha tia. Isso vai destruir de vez a Bianca.

Quando entro, vejo a dona Lurdes no sofá, segurando um terço e de cabeça baixa chorando quieta. A casa ta sem barulho nenhum, já tá tarde pra caralho.

- Ela ta no quarto? - Pergunto pra minha tia já entrando.

- Diego! - Ela me chama meio séria. - Por tudo que há de mais sagrado nessa vida, eu te peço: não arruma mais confusão, deixa a menina em paz ao menos agora que ela se acalmou! - A tia fala e eu fico sem entender porra nenhuma.

- Qual foi? - Pergunto indo pro quarto e abro a porta. O Matheus ta deitado na cama com ela, com os pés no chão. A Bianca ta abraçada nele, com os olhos fechados. - Mas que p.. - Começo a falar e o Matheus levanta a mão, minha tia começa a me puxar pra fora mas nem me mexo. Quando a Bia abre o olho e me vê, volta a chorar desesperada segurando o Matheus.

- Ela só se acalmou quando o Matheus chegou, porque está traumatizada Diego! vamos sair daqui! Por favor! - A tia pede ao mesmo tempo que o Matheus se explica.