Nascido e criado à sombra do impiedoso parâmetro moral e religioso do pai, Harry Styles aprendeu que todo ser humano estava fadado ao pecado, e que em determinado momento de suas vidas acabariam cometendo algum erro que os roubaria a ascensão ao céu...
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Os olhos violeta transmitiam persuasão, amedrontando-o tremendamente. Ele não parecia com Zayn em absolutamente nada. Não exalava confiança, não era convidativo, tampouco amigável. A pele pálida, cadavérica e os longos cabelos brancos não esboçavam receptividade, seu toque gelado se opunha ao calor que Zayn emanava, tornando-o único de uma forma negativa. Arêtus era o oposto do oposto, a junção do desagradável, e jamais estaria naquela posição se ele tivesse cruzado a janela do seu quarto ao invés de Zayn.
Não seria complacente com aquele demônio, com demônio algum, certamente. Sua única exceção possuía barba farta e olhos castanhos, e estava disposto a protegê-lo da mesma maneira que ele o protegia. Tinha tempo para se arrepender, tinha tempo para pedir perdão para Deus, e ainda mais tempo para se redimir por nutrir aqueles sentimentos. Zayn precisava de ajuda e Deus entenderia porque precisava fazer aquilo, por mais que repudiasse a própria atitude.
— Prometo — Arêtus sorriu, mostrando a dentição pontiaguda e amarelada. — Venha comigo, conheço um lugar que nos dará privacidade.
Sentiu Arêtus rodear-lhe o pulso, guiando-o para os fundos do estabelecimento. O seguiu com relutância, vendo toda a ambientação mover-se em câmera lenta. As preocupações passadas pareciam pertencer a outro mundo, outros tempos, não entendia o que estava fazendo, mas sentia ser ético de sua parte abrir mão de algo tão importante e particular para um bem maior, seja ele qual for.
— Que porra está fazendo? Solte ele!
Harry foi arremessado para o lado, agarrado por braços quentes e fortes. Demorou alguns segundos para identificar o corpo de Arêtus no chão, e ainda mais tempo para perceber que Zayn o rodeava pela cintura, enterrando seu rosto contra o próprio peitoral, tentando evitar que ele visse a discussão.
— Isso não é uma escolha sua, Malik!
Harry franziu o cenho, estranhando o nome. Nervoso, soterrou o rosto com mais firmeza no pescoço quente, sentindo os braços apertarem seu corpo com mais segurança.
— Não me faça repetir de novo — Zayn murmurou baixo, em tom ameaçador. — Fiquei bem longe dele.
— Então é assim que as coisas vão ser? Ótimo! Espero que seu corpo seja consumido por padecimento, e que se transforme em pó o quanto antes.
Harry prendeu a respiração, fechando os olhos com força. Permaneceu envolto por conforto pelo que pareceu uma eternidade, forçado a retornar para a realidade quando Zayn se afastou bruscamente, segurando-o pelos braços.
— O que porra você estava pensando em fazer? Não me ouviu? Eu disse para não falar com ninguém! — gritou, chacoalhando-o. — Caralho, Harry!
— Desculpe! Eu, eu... — entreabriu os lábios outras vezes, afônico. — Eu estava tentando ajudar.
— Ajudar? Transando com um demônio e enviando sua alma direto para o inferno? Uma ajuda com um preço muito alto, não acha? Não pensou nisso?
