Capítulo 22 - Lembranças

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Camila Cabello  |  Point of View




Nem pensei antes de acertar um murro no meio da fuça dele. Ouvi um estalo na minha mão e ele caiu sentado.

— Meu Deus! O que aconteceu? – Lauren apareceu como um vulto onde estávamos.

— Essa louca me deu um soco! – Brad esbravejou e eu fiquei olhando minha mão e meu dedo estava inchado.

— Amor... acho que quebrei meu dedo! – Falei manhosa e ela pegou minha mão.

— Quebrou sim, amor. Mas porque você bateu nele? – Beijou minha mão e massageou. Fiquei olhando para ela uns segundos.

— Fiquei com ciúmes. – Ela me olhou por um tempo.

— Sério? – Assenti. Ela ficou me encarando por mais um tempo. — O que você faz aqui? Como conseguiu meu endereço?

— Vim te trazer a matéria de ontem, peguei com a professora e pedi seu endereço na secretaria. – Lauren me olhava estranho, meu único medo é que ela fique irritada comigo. Ela ajudou Brad a se levantar e quando ele limpou a calça, ela acertou um chute no meio das pernas dele, o fazendo cair de joelhos desta vez. Doeu até em mim, levei as mãos pra baixo e segurei meu pau, por instinto. — Você é louca? – Ele falou gemendo.

— Louco é você! Está no colegial? Vir até minha casa e ofender meu amor. É serio? Qual é sua idade mental? Não quero te ver por um bom tempo, Brad! Achei que você fosse maduro.

— Agora virou a boa samaritana? Você a chamava assim também, lembra? Você que deu esse apelido para ela. O que mudou agora? Você me amava, Lauren! Eu sou o seu cara! Só terminamos porque fui embora, mas agora estou aqui. – Eu fiz menção em me mover, mas Lauren me impediu.

— Eu sei que dei esse apelido horrível a ela, ela sabe e sabe também que me arrependo. Não venha aqui para causar a discórdia ou algo do tipo. Você não foi meu cara e nunca vai ser. Olha que ridículo isso, essa situação toda é ridícula. Só vai embora e mostre um pouco de dignidade.

— É Cabello, parece que Lauren mudou. Queria muito que você tivesse voltado pobre... queria ver se ela estaria te defendendo agora. Ela estaria fugindo de você. – Não falei nada, só entrei e fui até minha geladeira, pegar gelo e não ouvi o resto da conversa. Me sentei no chão e coloquei o saco de gelo sobre a mão.

Aquilo foi um choque de realidade, me lembrei de tudo que a turma de Lauren fez comigo. Uma vez que estava na sala de aula, Lauren não era minha colega, mas Normani era. Eu tinha uma quedinha por Hailee Steinfeld, ela era a única daquela escola que não me zoava. Um dia achei uma cartinha no meio do meu caderno, assinada por ela, que dizia para nos encontrarmos atrás do colégio depois da aula. Meu coração bateu tão gostoso, foi uma sensação boa, tipo... Nunca nenhuma menina demonstrou interesse por mim e do nada justo ela. Fiquei eufórica, já estava contando os segundos para a aula acabar.

Olhei para ela e sorri, ela sorriu de volta e meu peito queimou. Normani estava no fundo da sala, e... sorriu? Então eu voltei à realidade... não foi ela que escreveu a carta ou ela só está ajudando eles. Assim todo aquele rancor que me consumia diariamente voltou. Precisava sair daquela escola... precisava ficar longe desta gente... olhei para Hailee novamente, desta vez com minha carranca habitual e ela sorriu, mas não retribui, talvez ela tivesse culpa de algo. Na saída, fui até o banheiro e subi no vaso para olhar pela janela, queria ver se ela estava envolvida, mas não. Estavam Alexa, Lauren, Vero, Lucy e Brad. Vero e Lucy nem eram ruins, só andavam com Lauren porque se conheciam desde crianças, mas era sempre uma delas que dizia a famosa frase “a deixe em paz” e recebiam um olhar mortal de algum deles. Sai dali e fiquei lendo o bilhete falso, o guardo até hoje, porque de algum jeito, ele foi o que me fez mais feliz na minha adolescência.

Caleb entrou na cozinha e me puxou para realidade.

— O que houve papa? – Perguntou assustado.

— Machuquei minha mão!

— Como?

— E sua mãe?

— Está sentada no sofá olhando para parede. Você está triste?

— Não... imagina.

— Você está chorando. Não fica triste... – Ele sentou no meu colo e me abraçou, afagando meus cabelos. Porque ele tem que ser tão perfeito? — Eu estou aqui, não chore!

Estou bem meu filho. Não fique nervoso, só acho que vou ter que ir ao medico porque quebrei meu dedo.

— Como quebrou?

— Fiz uma coisa feia meu filho, você não precisa saber. Agora eu preciso conversar com sua mãe. – Ele assentiu e me abraçou forte. Depois correu para sala de jogos. Fui até a sala e Lauren estava do mesmo jeito que Caleb falou. — Vou ao médico.

— Meu Deus Camz! É mesmo, deixe que eu vou pegar...

— Não precisa, vou com meu pai.

— Vou com você, Camz. Não vou te deixar sozin...

— Fique com o Caleb, ele está assustado com meu machucado. – Falei saindo e fui até a casa dos meus pais.

— Senhor! O que aconteceu?

— Quebrei meu dedo eu acho. Pai me leva no médico, essa dor é insuportável.

— Claro. – No caminho para o hospital. — Vai me contar o que aconteceu?

— O ex da Lauren foi até minha casa... quebrei minha mão na cara de cavalo dele. – Meu pai sorriu.

— Só por uma visita? Tudo isso é ciúmes?

— Acredite papa, se fosse por ciúmes, ele não sairia vivo de lá. – Ele ficou sério.

— Mas o que aconteceu então? – Fiquei encarando ele por um tempo, com uma dor enorme na mão inteira e acho que estava se espalhando pelo braço ou era drama, não sei.

— Vou te contar uma historinha papa. “Era uma vez uma garota de 15 anos, com corpo de garota e um pênis estragando a anatomia dela. Ela era apaixonada pela filha linda e rica dos patrões dos pais dela, mas negava isso duramente, porque ela, a garota linda, a apelidou carinhosamente de aberraçãozinha. – Ele me encarou. — Todos os seguidores idiotas da garota linda chamavam a garota diferente desse jeito. Depois de muito tempo, quando a garota diferente sentiu que estava tudo bem e o passado estava no passado, o ex-namorado boa pinta da garota linda aparece na porta da garota diferente chamando ela do antigo apelido dela. Resumindo... ele tem sorte de ainda poder sorrir. Fim”.

— Lauren fazia isso com você... porque você nunca nos contou?

— Para quê? Vocês de indisporem com os chefes maravilhosos que vocês tinham? Não era necessário!

— Camila... porque você está com ela?

— Ela mudou, papa e eu amo.

— Espero que ela tenha mudado mesmo. Nunca vou olhar para ela da mesma forma depois de hoje.

Chegamos ao hospital e fui atendida. Quebrei mesmo o dedo e colocaram gesso em minha mão. Quando voltei para casa, minha mãe estava me esperando.

— Como foi?

— Ela quebrou o dedo, vai ter que tomar remédio para dor.

— Lauren me contou o que aconteceu.

— Duvido que ela tenha contado tudo. – Meu pai falou e eu olhei torto para ele.

— Você contou para ele?

— Você sabe? – Perguntamos ao mesmo tempo.

— Sei. Lauren me contou esses dias. Fiquei triste por você não ter nos contado.

— Não era necessário. Preciso voltar para casa, Caleb estava preocupado.

— Qualquer coisa...

— Eu sei pai.

Fui até minha casa e Caleb estava deitado na cama dele, olhando TV.

— Papa! – Ele correu até mim. — Como você está?

— Estou bem agora! – Falei o abraçando. Não importa o quão terrível foi o dia, se ele me abraçasse assim no final dele, meu dia inteiro, magicamente se transformaria.

ReviravoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora