Capítulo 12

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Heather estava me ignorando por mais de duas longas semanas, e aquilo já estava me matando. Eu já perdi as contas de quantas vezes lhe pedi perdão, mais nada do que eu fazia adiantava. Ela me afastou dela completamente, não olhava em minha cara, e sempre que podia, soltava algo de mau gosto sobre relacionamento gay.

- Cheryl você realmente está bem? - Toni perguntava pela milésima vez, me deixando mais frustrada do que já estava.

- Que inferno, me deixa em paz, eu já disse que estou bem droga. - Solto irritada. Me levantando da arquibancada, sai da quadra quase a mil.

Não queria que ninguém me visse começar a chorar, eu queria apenas ficar um pouco sozinha, colocar tudo para fora o que eu vinha guardando dentro de mim a dias.

Deixar que minhas lágrimas levasse consigo toda minha dor, minha magoa e minha decepção comigo mesma.

Da onde eu tirei que Heather poderia sentir algo por mim? Ela é linda, é perfeita, pode ter quem ela quiser. Mulher, eu sei que não, pelo menos os homens sim.

Eu nunca me odiei tanto por ter nascido garota e não garoto. Se eu fosse ao menos um menino, acho que até teria alguma chance. Poderia não ser agora, mais quem sabe mais para frente.

Ouvir ela proferir aquelas palavras a mim, me deixou muito magoada. Senti como se mil punhais tivessem sido lançados contra meu peito, quando ela virou de costas e sumiu pelos longos corredores, minha primeira reação foi voltar para minha sala.

Foram duas longas semanas, aonde eu sonhava que ela aparecia em meus sonhos e me perdoava por tal feito. E que retirava tudo o que me disse, porque também sentia o mesmo por mim. Que ela se sentia arrependida por ter dito tais coisas, que também sentia algo por mim, mesmo que não soubesse explicar o que era.

Minha semana foi horrível, a cada dia que eu tentava pedir seu perdão, ela dizia que não era a ela que eu devia me desculpar e sim a Deus. Porque ele sim abominou meu ato, que não gostou de ver o que fiz, que ela estava com a consciência limpa.

Me deixou de lado, não me chamava mais para responder na lousa, me ignorava quando eu levantava minha mão dizendo que eu poderia ser a próxima ler ou que eu poderia ler o pequeno texto que tinha no livro.

Esbarrando em alguém ao subir as escadas correndo, senti meu coração falhar ao ver quem era. Heather ficou me olhando, como quem quisesse dizer algo. Mas apenas voltei a subir o restante das escadas correndo, se eu abrisse a boca para falar mais alguma coisa, era provável que eu choraria em sua frente feito uma criançinha que sou.

Toni tinha razão, eu sou infantil de mais. Quando tenho problemas, não os enfrento de frente, eu resmungo, retruco e acho que sou a dona da verdade. Faço birra, respondo e sou ignorante com todos a minha volta. E quando não tenho o que eu quero, simplesmente surto e acabo discutindo com a mesma, como se ela tivesse culpa de algo.

- Cheryl, espera não corre. - Ignorando Heather, entrei dentro do banheiro feminino o mais rápido possível já me trancando em uma das cabines disponíveis.

Me escondo e fujo dos problemas que me acercam, não dou de frente com eles e os resolvo, eu os coloco de lado e os deixo acumulando cada vez mais e mais.

Heather só me fez abrir os olhos para verdade, eu sempre tento fugir daquilo que eu realmente sou. Eu brinco, dou risada, me divirto, mais no final é sempre a mesma coisa.

Me pergunto se isso é certo, se minha mãe me aceitaria ainda como sua filha, se ela me aceitaria assim do jeito que sou.

Para muitos e até mesmo para mim, eu sou uma aberração perante aos olhos da sociedade. Uma garota que gosta de alguém do mesmo sexo, não é considerada normal. E para os olhos julgadores de pessoas como Heather, pessoas assim como eu, deveria ser queimada pela eternidade nas chamas do inferno. Se é que esse lugar realmente existe.

- Cheryl, você está bem? Aonde você está? - Controlando minha respiração e soluço por conta do choro, escutei a mesma se aproximar mais da onde eu estava.

- E-eu estou ótima. - Respondo a mesma. Heather parou diante a porta da cabine em que eu me encontrava, não ousei dizer mais nada do que apenas aquilo.

- Não minta para mim, eu te conheço o suficiente para saber que está mentindo neste exato momento Cheryl Blossom. - Revirando meus olhos, limpei minhas lágrimas.

- Eu já disse que estou bem, e mesmo que eu não estivesse, não seria da sua conta. - Digo. A mesma nada respondeu, o que eu agradeci aos céus por isso.

- Ótimo! Se não é da minha conta, então morra com seus sentimentos cheio de culpa, eu vim aqui para conversar com você. Mas se você não quer, ótimo, melhor para mim, assim eu não preciso me fingir de boa pessoa para uma sapatão nojenta como você.

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