Capítulo 7

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Pela primeira vez vi Rosalie hesitar, seu rosto arrebatador estava incerto.

- É claro_ eu respondi. - Entra.

Eu sentei, escorregando para o fim do sofá pra dar espaço. Eu tentei pensar numa razão para ela estar tão nervosa, mas a minha mente estava vazia até o momento.

- Você se importa de conversar comigo por alguns minutos?_ ela perguntou. - Eu não te acordei nem nada, acordei?_ Os olhos dela passaram da cama desforrada e de volta para o meu sofá.

- Não, eu estava acordada. E é Claro, que nós podemos conversar.

- Parece que ainda não se resolveram.

— E parece que não vamos, mas não estamos aqui pra fazer de mim... me procurou por outro motivo, então o que foi?

— Só estava pensando em algumas coisas... e acho que preciso conversar.

— Pode falar.

— Estava pensando no dia a qual me transformei, nunca havia te falado sobre isso._ ela fez uma pausa.— Eu vivi em um mundo diferente daqui. O meu mundo humano era um lugar muito mais simples. Era mil novecentos e trinta e três. Eu tinha dezoito, e era linda. A minha vida era perfeita._ Ela olhou pelas janelas para as nuvens prateadas, a expressão dela estava distante.— Os meus pais eram inteiramente classe média. O meu pai tinha um emprego estável num banco, algo de que agora eu percebo que ele era presumido, ele viu a sua prosperidade como uma recompensa pelo seu talento e trabalho duro, e não reconhecendo a sorte que envolvia isso. Nessa época eu achava que tudo estava garantido; na minha casa, era como se a Grande Depressão fosse apenas um rumor problemático. É claro que eu via as pessoas pobres, aquelas que não tinham tanta sorte. O meu pai me passou a impressão de que eles haviam trazido os problemas para si mesmos. Era trabalho da minha mãe manter a nossa casa, e eu mesma e os meus dois irmãos mais jovens, para mantê-la impecável. Era claro que eu era tanto a sua prioridade como também a sua favorita. Eu não entendia completamente na época, mas eu estava sempre vagamente consciente que os meus pais não estavam satisfeitos com os que eles tinham, mesmo que isso fosse tão mais do que a maioria tinha. Eles queriam mais. Eles tinham aspirações sociais-escalas sociais, eu acho que você chamaria. A minha beleza era como um presente pra eles. Eles viam muito mais potencial nela do que eu. Eles não estavam satisfeitos, mas eu estava. Eu estava muito feliz por ser eu, por ser Rosalie Hale. Agradada porque os olhos dos homens me observavam onde quer que eu fosse, desde o ano que eu fiz doze anos. Deliciada porque as minhas amigas suspiravam de inveja quando elas tocavam o meu cabelo. Feliz porque a minha mãe estava orgulhosa de mim e que o meu pai gostava de me comprar vestidos bonitos. Eu sabia o que eu queria da vida, não parecia que haveria uma forma de eu não conseguir o que eu queria. Eu queria ser amada, ser adorada. Eu queria ter um casamento enorme, todo florido, onde todos
na cidade iam me observar entrar na igreja de braço dado com o meu pai e pensar que eu era a garota mais bonita que eles já tinham visto. Admiração era como ar pra mim, Lexie. Eu era boba e superficial, mas eu era feliz._ Ela sorriu, divertida com sua própria avaliação. - A influência dos meus pais tinha sido tanta que eu também queria coisas materiais da vida. Eu queria uma casa grande com móveis elegantes que outra pessoa limparia e uma cozinha moderna na qual outra pessoa cozinharia. Como eu disse, superficial. Jovem e muito superficial. E eu não via nenhuma razão pela qual eu não conseguiria essas coisas. Haviam algumas coisas que eu queria que eram mais significantes. Uma em particular. A minha amiga mais próxima era uma garota chamada Vera. Ela se casou jovem, apenas aos dezessete. Ela se casou com um homem que os meus pais jamais considerariam pra mim, um carpinteiro. Um ano depois ela teve um filho, um lindo menino com covinhas nas bochechas e cabelos pretos encaracolados. Foi a primeira vez na minha vida inteira que eu senti inveja de outra pessoa._ Ela olhou pra mim com olhos insondáveis. - Era uma
época diferente. Eu estava com a mesma idade que você, mas eu já estava pronta pra tudo isso. Eu desejava ter o meu próprio bebê. Eu queria ter a minha própria casa e um marido que me beijasse quando chegasse do trabalho, como Vera. Só que eu tinha um tipo diferente de casa em mente...

A Outra Swan- Eclipse - Jasper HaleWhere stories live. Discover now