Amarelo, a fórmula da felicidade - beauany

Mil pedacinhos

POV JOSH BEAUCHAMP

Sinceramente esse foi o dia em que mais ri e sorri, parece que a energia dela recarregou a minha, me deixando com um humor incrível.

E esse banho de chuva então? Foi a melhor sensação do mundo, a chuva caindo em mim, revigorando minhas energias, relaxando cada músculo do meu corpo.

Se eu tivesse que resumir a manhã de hoje, diria incrível, apenas.

Depois de deixar a cacheada no prédio dela, meu motorista me olhou pelo retrovisor com um sorrisinho besta, segurando o riso:

- Do que está rindo? Hein?

Bailey: vou poder ser o padrinho ?

- Cala a boca, idiota - falei rindo- padrinho do que?

Bailey: do seu casamento com a any

- Cala a boca cara- falei rindo- além de eu ser só paciente dela, sabe que nunca namorei e nem nunca vou namorar, eu jurei para o meu pai que esse sangue idiota dele morreria comigo

Bailey: não é isso que as matérias acham

- Quando essas matérias falam algo verdadeiro sobre mim?

Bailey: talvez agora falem

- Não Bailey, não vão falar, além do mais, ninguém iria querer ficar comigo, o principal eu não consigo...ainda

Bailey: as pessoas não devem ficar com você por isso

- Eu sei bailey, mas...se lembre que eu não sinto nada do quadril para baixo...nenhuma ficaria comigo

Bailey: amor não é só sexo Josh

- Não sei, nunca amei ninguém, e nem vou amar, não sei porque isso entrou em pauta

Bailey: não se manda no coração Josh, mas estão falando que a Any é sua nova affair

- Nova affair- falei rindo- ninguém nunca passou de uma noite, não acho que podem achar que ela seria um caso romântico

Bailey: eu acho que podem

- Ah é? Posso saber o por quê?

Bailey: todas que não passaram de uma noite só pensavam em ter seu dinheiro, quando o acidente aconteceu todas sumiram.. e só uma te carregou de cavalinho para você sentir a chuva, mesmo depois de todas as grosserias, ela é a única que tá aqui

- Meu caro amigo May- falei rindo- não se esqueça que meu dinheiro paga ela, isso não pode ser chamado de amor, e outra, nos conhecemos a dias, não venha com esse papo

Bailey: não estou falando de amor, estou falando de cuidado , estou falando de não ser interesseira, ou acha que ela fez aquilo por dinheiro ?

- Não, ela não fez isso, mas continuo dizendo, nunca vou me apaixonar, ela é apenas uma boa amiga, que vou perder contato quando começar a andar, para voltar a minha vida

Bailey: vai desprezar ela nesse nível ?

- May, quando meu nome é associado a outro, eu sempre corto pela raiz

Bailey: ela vai te fazer andar novamente e você vai descartar ela como se fosse um copo de plástico?

- Não vou descartar, mas é o que todos fazem, ou acha que os pacientes vivem grudados aos médicos?

Bailey: pensei que você tinha aprendido com tudo isso...

- Bailey, eu não estou sendo babaca, eu só estou negando com todas as forças que não vou ter nada com ela, e que não vou ocupa-la atoa

Bailey: sim você está sendo babaca

- Não, não estou, eu gosto dela, ela é uma ótima pessoa, uma boa amiga, mas não, não, e não, não vou ter nada com ela

Bailey: você vai afastá-la até como amiga, isso sim

- Bailey, amigos amigos, negócios a parte, e você é a prova disso

Bailey: uau..

- Não faça essa cara, é a mais pura verdade, eu sou o contratante e vocês os contratos, amigos, amigos, negócios a parte, não vou namorar essa garota, até porque o principal, eu sou incapaz de dar, então, assunto acabado

Bailey: chegamos senhor Beauchamp -ele diz fechando a cara-

- Pelo amor de deus, quanto drama- resmunguei me sentando na cadeira de rodas e ligando o automático

Segui meu caminho para o meu quarto, tudo o que eu precisava agora era um banho quente para me aquecer e alguns minutos pensando na água.

Entrei no meu quarto, tirei minhas roupas molhadas e lá fui eu para o meu banho.

(...)

Sai com a toalha enrolada na cintura, pronto para colocar um pijama quentinho e ficar o dia todo na cama, quando dei de cara com minha mãe no meu quarto, com um sorrisinho no qual eu sabia a origem:

- Pois não dona Úrsula?

Úrsula: você e a Any é?

- A não, até você? O que tem eu e a Soares?

Úrsula: você viu as fotos dos jornais ?

- Não, acabei de tomar meu banho, o que tem elas?

Úrsula: vocês abraçados, de olhos fechados, sentindo a chuva

- E o que tem demais nisso mãe? - perguntei impaciente

Úrsula: a foto está tão linda

- Que ótimo Dona Úrsula, mostra que a câmera é boa

Úrsula: por que está falando assim comigo ?

- Por que eu não estou com ela, e nem nunca vou estar, coloquem na cabeça de vocês que eu nunca vou namorar alguém, que eu nunca vou dar continuidade nesse sangue idiota do meu pai, que eu nunca vou ter nada com ninguém, e que principalmente eu nunca fui de namorar, e nada além de profissionalismo entre eu e a any, vai rolar, entenderam?

A minha mãe me olhava assustada com os olhos cheios de lágrimas, então ela concordou com a cabeça e saiu do quarto em silêncio

- Mania idiota de acharem que eu preciso de alguém...eu não preciso de absolutamente ninguém - falei sozinho indo em direção ao closet.

Vesti um pijama e me deitei na minha cama, rolando as notícias, e vendo que só existia meu nome nas manchetes.

- Quanta babaquice- resmunguei lendo a matéria

Foi então que decidi ligar para a mulher que causou toda essa bagunça no meu dia, senhorita Soares, ou como costumo chamar, outdoor ambulante.

Call vídeo on:

- Como está minha nova affair- falei rindo

Any: nada bem -ela diz no escuro- tá precisando de algo ?

- Além de conversar, não, mas parece que você precisa, essa voz de choro e esse escuro mostram isso

Any: não é nada demais

- Nada de mais? Ninguém chora por nada de mais

Any: a Sabina… falou merda

- Deixa eu adivinhar, sobre as matérias?

Any: também...

- Se serve de consolo, também briguei com pessoas importantes por causa disso

Any: na realidade foi por sua causa também

- Bom...não sou doutor como você mas...se quiser desabafar...

Any: ela acha que você não vai voltar mais

- Ela...ela quem? E voltar para onde?

Any: a Sabina, meu vô não para de falar de você desde que saímos

- Eu posso ir ai no sábado, o que acha? Posso fazer um jantar para vocês, não vou deixar ele me esperando

Any: não precisa se incomodar

- Soares, deixa eu te dizer uma coisa, eu sou a pessoa mais Foda-se que você vai conhecer, se eu estou perguntando, saiba que não é atoa, eu não me daria esse trabalho atoa

Any: pode vir se quiser

- Ótimo, sábado a noite estou ai, gosta de massa?

Any: eu adoro -ela diz rindo fraco- podemos falar sobre a sua conversa com o vovô Peter ?

- Claro que sim, falei alguma coisa errada?

Any: você.. está pedindo socorro ?

- Do que está falando ?

Any: as vezes o grito de socorro é silencioso…

- Já estive precisando mas hoje não, me libertei quando ele se foi

Any: mesmo ?

- mesmo...meu grito de socorro foi acabar com a minha adolescência

Any: promete que quando estiver precisando de algo ou de alguém, vai me chamar

- Prometo...mas desconsidera o que eu falei com seu avô, era idiotice

Any: não.. não era idiotice

- Era Soares...era sim...mas ainda não esqueci da sua voz de choro

Any: não.. não era.. e não liga pra minha voz, tá tudo bem

- Bom...se você diz...Qual conselho você dá para alguém que gritou com a mãe?

Any: se arrepende ?

- Claro que sim

Any: vá pedir desculpas

- É isso que vou fazer...- falei sorrindo- Obrigado Soares

Any; imagina, está com dor ?

- Estou um pouco mas, minha preocupação é maior...muito obrigado mais uma vez...vou desligar, certo?

Any: está bem, fica bem

Sorri concordando com a cabeça e desliguei o celular.

Call vídeo off.

- É Joshua...vai arrumar a cagada que você fez - falei sozinho puxando minha cadeira e me sentando com cuidado

Liguei o modo automático da cadeira e lá fui eu procurar minha mãe.

Eu definitivamente odiava quando brigava com minha mãe, odiava com todas as minhas forças.

Segui o caminho até a biblioteca e a encontrei encolhida no sofá chorando.

O que cortou meu coração.

- Ei...mãezinha?

Úrsula: oi Joshua

- Vim pedir desculpas...

Úrsula: não precisa

- Claro que preciso...quero entender o que te magoou e dizer que me arrependo...não gosto de brigar com você

Úrsula: você só sabe ser grosso, arrogante

- É o meu jeito, foi como fui criado pelo meu pai, mas eu realmente não queria falar com você assim

Úrsula: mas falou… eu só queria ver você feliz e seguindo em frente

- Seguindo em frente? Não preciso de uma mulher, nunca precisei

Úrsula: então não precisa de mim

- Você é minha mãe...minha mãezinha...a mulher que eu mais amo...me desculpa...

Úrsula : está tudo bem Josh..

- Não está...desculpa eu só descontei minha raiva em você...o que te magoou?

Úrsula: tem necessidade de continuar sendo aquele cara frio ? Tá quase voltando a andar

- Você acha que um belo dia eu acordei e decidi ser assim? Não! Não foi, o seu marido me criou assim, e se eu sou um merda, é porque ele era um merda

Úrsula: você vai falar assim com a sua mãe ?

- Não estou falando de nenhum jeito, só estou dizendo que, você não pode exigir por alguém que nunca foi de um jeito, o pior erro da minha vida foi assinar aquela merda de papel, eu era uma criança feliz, era só uma brincadeira, mas ai eu cresci e virou responsabilidade, e seu marido foi o pior pai do mundo...

Úrsula: mas ele morreu, e só sua mãe está aqui com você

- É MAS É O QUE EU SOU! VOCÊ QUERIA QUE EU FOSSE DIFERENTE? EU TAMBÉM! EU ME ODEIO TA LEGAL?- falei com os olhos cheios de lágrimas - desculpa não ser o filho que vocês queriam

Úrsula: você é o filho perfeito pra mim, mas parece que quando você tinha mulheres, fama, dinheiro não importava o que eu achava ou deixava de achar

- Você se perguntou uma vez por que eu fazia isso?

Úrsula : não, mas que diferença faz saber agora -ela diz se levantando- vou fazer seu almoço

- A diferença é que...quando se está em um estado tão ruim, você só quer sentir alguma coisa, você quer fugir da realidade, você só quer sentir alguma coisa, porque por dentro você está morto! Eu tentava todos os dias ser o melhor para ele, mas nunca consegui, então eu procurei qualquer coisa para me sentir bem, nem que fosse por um segundo sequer

Úrsula: acho que você esqueceu que não tinha só um pai ! Como você acha que eu me sentia ? Vendo meu filho drogado, bêbado, ou transando com uma diferente a cada  noite

- Eu sei que você se importava, mas o problema não era com você, nunca foi, é uma compulsão para ser o que ele queria, e adivinha, nunca consegui...eu te amo mãe, muito, e eu realmente não queria fazer isso com você...mas não tem como eu mudar o passado...e eu prometi pra mim mesmo, que não continuaria esse sangue ruim, já que ele se importava tanto com a fama e com o nome, não vamos ter mais ninguém, o nome Beauchamp morre comigo

Úrsula: ótimo, acaba com meu sangue também então -ela diz saindo da biblioteca -

Me olhei no reflexo do espelho, e vi uma lágrima escorrer no meu rosto.

Por que eu tinha que ser assim?

Até quando o fantasma dele iria me assombrar?

E como um adulto que  sou, para lidar com meus problemas, decidi ir dormir.

(...)

E lá estava eu, andando novamente, na sala de casa, sem cadeira de rodas nenhuma, me olhei no espelho, e eu parecia mais novo.

Em minhas mãos, um papel, cheio de informações nas quais não li, e no meio dele, um grande carimbo em vermelho dizendo "reprovado".

Meu coração estava acelerado, e as batias iam aumentando conforme ouvia passos se aproximando.

Quando vi, lá estava ele, em carne e osso, Ron Beauchamp parado no meio da sala, com uma cara de desgosto:

Ron: EU TE COLOQUEI EM TODOS OS CURSOS DE TEATRO PRA VOCÊ NÃO PASSAR EM UM TESTEZINHO DE QUINTA ?

A voz dele ecoava em minha cabeça, e eu tinha calafrios:

- me desculpa pai...eu juro que vou melhorar eu...eu não sei o que fiz de errado, eu juro que dei tudo de mim...você é o dono daquele lugar, pede para eu tentar de novo, eu sei que consigo

Ron: VOCÊ ACHA QUE AS COISAS FUNCIONAM ASSIM? VOCÊ NÃO PRESTA NEM PRA CONSEGUI UM PAPEL

As palavras dele me atingiram em cheio, meus olhos encheram de lágrimas, e tudo o que eu conseguia fazer era negar com a cabeça:

- Me desculpa, me desculpa...Eu...eu juro que consigo, confia em mim! Eu prometo que pego esse papel, eu só preciso treinar mais...

Ron: você não presta pra nada, você vai manchar a minha linhagem desse jeito

- ERA SÓ A PORRA DE UM PAPEL CARALHO - tomei coragem para gritar enquanto meu corpo tremia- NUNCA É SUFICIENTE PARA VOCÊ PORRA? ERA UM PAPEL, EU JÁ FIZ VÁRIOS, E MANCHAR A SUA LINHAGEM? VOCÊ JA FEZ ISSO SOZINHO! QUANDO EU SOU BOM O BASTANTE PARA VOCÊ? QUANDO DOU AUDIÊNCIA? QUANDO UM MONTE DE GAROTAS ME PARAM POR SER A PORRA DO PROTAGONISTA? QUAL O SEU PROBLEMA? - gritei com toda minha raiva, enquanto minha mãe entrava desesperada na sala

Úrsula: parem de gritar de novo.. por favor

- EU NÃO VOU PARAR, PORQUE EU NUNCA VOU SER SUFICIENTE, EU NUNCA VOU SER IMPORTANTE PARA ELE, EU SÓ SOU IMPORTANTE PARA O BOLSO DELE, E QUER SABER DE UMA COISA? EU PREFERIA NUNCA TER NASCIDO! PREFERIA TER MORRIDO NO PARTO TA LEGAL? EU TENHO NOJO DE SER FILHO DELE

Úrsula: não fala assim filho. Eu te amo , você é tudo pra mim

- Mas eu não sou nada pra ele...nunca fui, e nunca vou ser...não tem espaço para mim nesse coração de pedra...mas quer saber de uma coisa Ron? Eu nunca vou ter um filho, já que eu estrago tanto o teu sangue, o sangue Beauchamp morre comigo, não vou te dar esse gostinho de continuar a família...

Ron: eu não queria nem ter um filho, ainda mais um como você

Aquilo doeu...no fundo da minha alma, doeu...

- Quer saber Ron, vai para o inferno, eu te odeio com todas as minhas forças, você morreu para mim hoje!- falei saindo de casa e batendo a porta.

Acordei assustado, com a respiração ofegante, me sentei na cama com cuidado, e só conseguia me encarar no espelho, enquanto chorava sem parar.

- EU TE ODEIO RON! PARA SEMPRE - gritei descontrolado, jogando o controle do ar condicionado, que foi a primeira coisa que eu vi, contra o espelho, que despencou no chão em mil pedacinhos.

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Notas da autora: foi isso espero que tenham gostado, me digam o que acharam da aparição do ron no pesadelo do Josh? Qual a opinião de vocês sobre essas reações dele? Quero saber

Beijinhos doces, Milla <3

18 / 04 / 2022