CAPÍTULO 1

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AMAYA

Cheguei em casa cansada o dia na empresa foi bem exaustivo hoje, há uma movimentação diferente na empresa, alguma coisa está acontecendo. Subo as escadas pensativa, papai passou o dia todo fora em uma reunião, que eu nem fiquei sabendo sobre o que se tratava.

Sinto os jatos quentes da água relaxarem meus músculos, fecho os olhos pensando em quanto tempo faz que não saio com ninguém, as batidas na porta me tiram a concentração.

- Estou no banho. - Grito para a pessoa. - A porta do banheiro se abre instantes depois. - Oi mãe.

- Oi meu bem, seu pai quer conversar com nós duas.

- Ele já chegou. - Pergunto fechando o registro do chuveiro, buscando a toalha para me secar.

- Chegou filha, e não está com uma cara muito boa.

- Vou deixar você terminar, não demora, estamos no escritório.

- Tudo bem mãe.

Visto uma calça de moletom, com uma camiseta, quero dormir cedo hoje. Enquanto desço as escadas fico pensando no que meu pai poderia querer falar comigo e minha mãe juntas, copm certeza coisa boa não é.

A conversa que roda nos corredores da empresa é que estamos falindo, não faço parte do conselho fiscal, muito menos morro de amores pelo diretor financeiro. Ouvi ontem uma funcionária falar sobre demissão em massa, claro que não acredito nessa bobagem, meu pai é um excelente administrador, não deixaria a empreso do m eu avô acabar assim, deixaria?

Paro em frente a enorme porta de madeira, meu coração está pesado, algo me diz que não são boas as noticias que vou ouvir. Dou duas batidas na porta antes de entrar.

- Oi pai. - Vou até dar um beijo e um abraço.

A figura de Paulo Salles, o homem imponente está de costas, parado na janela olhando o jardim, segurando seu inseparável charuto.

- Oi minha filha. 

Ele se vira com o rosto cansado, tenta forçar um sorriso, que sai falho, ele me abraça com mais força que o normal, me fazendo entender que algo muito ruim aconteceu.

- Sente com sua mãe, a nossa conversa vai ser difícil!

Eu não sabia o quanto aquela conversa mudaria minha vida, o tamanho do sacrifício que eu faria para salvar nossa família.

- Vou direto ao ponto. - Meu pai ao se sentar na sua enorme cadeira de couro. - A empresa está falida.

Minha cabeça começa a girar, sinto o chão sumir debaixo dos meus pés, não pode ser, a empresa está falida, nós estamos falidos!

- Como assim querido? - Minha pergunta assustada, colocando em palavras o que eu não fui capaz de fazer.

- Estamos falidos Lúcia. - Ele diz e solta um lufo de ar. - Nós perderemos tudo em pouco tempo.

Minha cabeça está girando com a informação, tento raciocinar, tentando entender como foi que chegamos a esse ponto, como foi que isso aconteceu?

- Pai, a seis meses atrás nosso balanço anual foi super positivo, como isso aconteceu?

Não entendo na ultima reunião geral da diretoria, os resultados apresentados foram magníficos, estávamos prosperando muito.

- Foi o Antônio.

E então minha ficha cai, não era preciso dizer mais nada. Antônio Oliveira da Silva, o contador de confiança de papai e diretor financeiro, seu braço direito, o pau para toda obra, o amigo de sempre! O que eu via? Um homem invejoso que ansiava tomar o lugar do meu pai dentro da empresa dele, toda vez que eu dizia que Antônio não era de confiança, que papai depositava confiança demais naquele homem, ele me respondia que era coisa da minha cabeça, que o Antônio era seu amigo desde a época da faculdade, nunca faria algo para nos prejudicar, que estava vendo coisas onde não existia.

- Como pai?

Sinto meu coração pesar, a PWS indústrias S/A, foi fundada por meu avô Pedro em 1955, é uma empresa sólida, no mercado interno e externo, sempre vendemos muito, somos competitivos no mercado, como isso aconteceu?

- A verdade Amaya é que eu não vi, Antônio vinha nos roubando há anos, estamos em estado de
misericórdia, perdemos vários contratos grandes por descumprir prazos, eu não sei o que fazer, estou chegando ao meu limite!

- Podemos solicitar um empréstimo pai? - Tento ajudar a encontrar uma solução.

- Filha. - Ele me olha com pesar, agora posso ver suas olheiras. - Estamos devendo ao banco também, eu não sei ainda a dimensão de tudo, estamos analisando, mas é pior do que podemos
imaginar. A única solução imediata que vejo é tentar vender algumas propriedades antes de decretarem nossa falência, acho que será o suficiente para pagar os funcionários e tentar
recuperar alguns contratos, não vou me dar por vencido tão fácil. 

Muito menos eu esperaria o contrario vindo dele. Papai sempre foi um lutador, nunca se deu por vencido, ele se dedicou muito para manter o legado da empresa do meu avô, não vai ser uma tempestade que irá derrubar nossas estruturas.

- Eu sei que não pai.

- Vamos começar cortando o máximo de despesas, até as mais bobas, só assim vamos conseguir resolver essa situação.

Minha mãe se levanta já chorando, ela vai até meu pai se senta em seu colo, abraça a ele ela chora.

- Ah querido, conte comigo.

Levanto do sofá e me junto a eles no abraço, estamos todos emocionados, nunca pensei que passaríamos por uma situação como essa, tenho certeza que unidos vamos dar a volta por cima, nossa família não vai se deixar abater.

- Vamos passar por isso juntos.

Papai parece adivinhar meus pensamentos, ele se levanta para beijar minha testa, ele nos acolhe em seus braços, mamãe eu ficamos ali sentindo a segurança que só ele nos dá. Enquanto alisa nossas costas, fico imaginado o sentimento de desespero que ele deve estar sentindo, uma vez que para mim está sendo assustador, para ele é bem pior. 


Os dias se arrastam, apesar de papai ter conseguido vender uma fazendo, um prédio comercial, algumas outras propriedades menores, antes de termos nossos bens bloqueados, só foi o suficiente para pagarmos as dívidas trabalhistas e os gastos mais ur...

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Os dias se arrastam, apesar de papai ter conseguido vender uma fazendo, um prédio comercial, algumas outras propriedades menores, antes de termos nossos bens bloqueados, só foi o suficiente para pagarmos as dívidas trabalhistas e os gastos mais urgentes da empresa e da nossa casa, a justiça resolveu determinar que não podemos mexer em mais nada, até ser analisada a situação da empresa.

Só de pensar no quanto Antônio nos moldou ao seu bel prazer me deixa furiosa, em todas as reuniões da empresa era sempre o cretino quem explicava tudo, então contávamos na verdade que ela nos apresentava com gráficos e dados confiáveis. Apesar de sempre ter um pé atrás com a pessoa dele, o lado profissional era bem moldado a nos mostrar o que queríamos ver, nunca tive uma base solida para questionar seu comportamento a não ser minha intuição nada em Antônio denunciava seu mal caráter.


Esposa por contrato.Where stories live. Discover now