Beijo apaixonado

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Preocupada, Júlia vai atrás da garota, encontrando-a em prantos deitada na cama cujo lençóis foram cuidadosamente arrumados. Sob passadas silenciosas, ela entra no quarto e, com a voz docemente acolhedora, senta-se próxima a menina, mergulhando seus pequenos dedos por entre aqueles fios soltos, o qual exalavam um cheiro agradável de flores próprias da primavera.

Yara ajeita-se na cama, de modo a encarar com desespero a dona daqueles pequenos pedaços de céu que afagavam com tanto carinho suas madeixas de tom escuro.

Sem dizer nada, as duas se encaram mutuamente, cada qual perdida no olhar da outra. Com esmero e delicadeza, Júlia aproxima sua mão direita a face de Yara e limpa uma lágrima que escorria pelo seu rosto macio, pincelado de marrom pelo calor do sol.

Acalentada por aquela presença acolhedora, Yara retribui o gesto de carinho enlaçando seus longos braços pela cintura delgada da moça, que deixou-se envolver naquele movimento de aproximação física, desejado quase que de forma inconsciente por ambas. Envolvidas pelo calor humano que delas emanava, misturando-se à atmosfera suave do quarto, Yara mexe seus lábios rubi escuro prestes a falar algo quando, gentilmente, Júlia a interrompe.

-Shhhhh. Não precisa dizer nada. Já entendi.-Murmura enquanto tocava aqueles lábios escuros, assustadoramente atraentes, com os pequenos dedos cuja pele almofadada fazia-lhe cócegas de uma forma maravilhosa.

Dito isso, Yara permite-se embalar pelo afeto do momento apertando Júlia de leve contra seu próprio corpo, ao que a garota retribui com um sorriso tímido. Abraçada àquela menina, Yara esqueceu-se por um instante a preocupação que motivou seu choro.

Por outro estremo, Júlia entrega-se inteiramente ao momento, deixando aflorar sua atração sexual por mulheres, há muito tempo reprimida.

Juntas, com os corações a pulsar na mesma frequência, ambas se movem pela cama estreita aninhando-se por entre os lençóis, outrora perfeitamente arrumados. Vendo a bagunça formada em sua cama, Yara desata a rir, fazendo Júlia ficar ainda mais apaixonada e abrir um lindo sorriso de satisfação.

Unidas uma a outra, elas aproximam seus lábios lentamente, enquanto fechavam os olhos, imersas em uma escuridão iminente, com os sentidos intuitivamente aguçados.

Com ambas as bocas perfeitamente unidas, suas línguas deslizavam em sincronia, uma sobre a outra, em ritmo constante, ditado pelo pulsar distante de dois corpos revestidos agora por uma única pele. Esta, cujo sabor salgado tornava a única, apenas revelava o estado de total entrega das moças áquele momento de manifestação de uma jovialidade sedenta por reconhecimento da diversidade.

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