Capítulo 1

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Maluca, esquisita e tímida.

Era assim que me descreviam desde que me entendo por gente, não só pelo meu jeito se ser, como também pelas minhas escolhas ao comprar, vestir ou usar alguma coisa.

Quando eu tinha 7 anos minha mãe perguntou se eu gostaria de adotar alguma animal de estimação, ela havia me dito que isso faria com que eu criasse responsabilidade já que eu teria que cuidar do animal, o que eu escolhi adotar?

Um macaco manchado que parece ter um rabo de tigre.

Eu o batizei de Noberto em referência a Harry Potter, mas logo passei a chamá-lo de Nue.

Ele também passou a ser minha única companhia desde que minha mãe faleceu e meu pai endoidou e foi internado em um manicômio.

Eu e ele.

Ele e eu.

— Sumire, você tem as anotações das aulas de anatomia? — Sarada me perguntou enquanto caminhavámos até o refeitório.

— Você não fez nada durante a aula? — Pergunto enchendo minha boca de palitinhos de chocolate.

— Eu estava anotando, até que um certo alguém começou a berrar no meu ouvindo durante a aula. — Ela olha feio em direção a mesa do centro do refeitório, em especial a Boruto Uzumaki.

Ele não só se sentavam no centro do refeitório, como pareciam ser o centro de toda a escola, ele e seus amigos, entretanto, diferente dos filmes, tinha uma razão para eles serem tão populares, eles eram incríveis e super legais, corrigindo, eles são incríveis.

Ele pareceu notar o olhar de Sarada porque assim que a viu venho andando até aqui.

— Oi Sumire, ei Sarada você tem as anotações de anatomia aí com você? — Ele faz eu abrir espaço para ele se sentar.

Sarada para imediatamente de comer seu salgadinho e apertar com força o pacote do mesmo.

— Você ficou gritando enquanto estava tendo aula, não consigo aprender nada. — Sarada acusa frustrada.

— Eu não gritei nada, meu tom de voz que é alto. — Boruto se defendeu da maneira mais patética que existe no mundo.

— Aé Boruto? Pois se eu enfiar esse pacote na sua garganta você vai aprender a manter seu tom voz baixo? — A boca de Sarada se repuxa para o lado em um sorriso irônico.

— Tenta a sorte. — Em desafio, Boruto se apoia na mesa com as mãos, mantendo o seu rosto bem próximo de Sarada.

Vejo o sorriso da mesma vacilar ao notar quão perto estava do rosto de Boruto.

— Vocês estão sempre brigando ou namorando, eu nunca sei o que pensar quando vejo vocês dois juntos. — Diz alguém surgindo na nossa mesa.

Dessa vez meu coração que vacila, por um momento acho que ouvi meu coração palpitar.

Kawaki Uzumaki logo veio para perto.

Seu cabelo bicolor estava com o ar rebelde de sempre, acho que ele colocou um piercing na língua pois tenho a impressão de ter visto algo reluzente na sua boca, seu rosto bronzeado e maravilhosamente moldado parece ser coisa de outro mundo, eu realmente espero não ter olhado por tempo demais.

— Hey, Kawaki, o que você tá fazendo aqui? — Perguntou Boruto estranhamente irritado, talvez esteja com raiva de seu irmão mais velho ter estragado o clima que estava rolando entre ele e Sarada.

— Aquela mesa estava muito cheia. — Apontou o mesmo para trás, dou uma rápida olhada e parece que todos os olhares se atraíram para cá, claro, por causa de Kawaki e Boruto, talvez por causa de Sarada também, ela era uma pessoa bastante conhecida aqui também.

Eu era a desconhecida aqui, lembro-me amargamente.

— Sarada, vou esperar você na sala de artes. — Recolho meu caderno na mesa e ando até a porta do refeitório sem aguarda uma resposta.

Caminho até o banheiro e entro, apoio o caderno que estava carregando em cima da bancada e lavo minha mão na pia.

Por um instante me encaro no espelho, pálida, cabelo preso em um coque mal feito com alguns fios saltando da prisilha, preciso dar um jeito nele, penso.

Continuo com a inspeção pelo meu rosto, umas das coisas que minha mãe mais gostava em mim era meu cabelo roxo que combinava com meus olhos, ela dizia que eu tinha uma estranha combinação perfeita, uma vez, quando implicaram com meu cabelo na escola eu cheguei em casa e cortei uma franja muito, mais muito mal feita, minha mãe tentou arrumar o estrago de tarde e me fez jurar que nunca mais faria aquilo, não ligaria para aos comentários de outras pessoas e que deixaria meu cabelo grande, forte e saudável.

Acho que cumpri meu juramento pela metade, pois raramente eu dou alguma atenção especial ao meu cabelo, normalmente sempre fica preso, ele estava desbotado devido ao grande uso de shampoo sem nenhuma hidratação, o corte mal feito na minha franja já tinha desaparecido, mas agora meu cabelo estava sem forma, era apenas um liso reto em nada especial, um cabelo tão sem vida quanto a dona dele.

Faço um careta em desagrado ao notar que nunca mais dei alguma atenção a mim mesma, sinto que devia fazer alguma coisa por mim, mas não sei como.

Pego meu caderno depois de secar a mão e entro na sala de artes, sento de frente ao quadro que mais tarde iria pintar, e deixo meu caderno debaixo da mesa de apoio, havia algumas pessoas presentes na aula, pessoas que normalmente se isolam no intervalo, representantes que sempre chegam mais cedo nas aulas para dar exemplo e as pessoas que ajudam a organizar a sala antes da aula.

Mitsuki, um amigo de Sarada e representante da minha sala acena para mim e senta do meu lado.

— Onde está a Sarada?

— Com o Boruto no refeitório. — Respondo forçando uma gentileza na minha voz.

— A sim, acho que Boruto gosta dela, você não acha? — Ele pergunta me olhando de soslaio.

— Pra mim tanto faz, acho que Sarada também gosta dele, de uma maneira ou outra. — Respondo com tédio, aquele assunto não me interessava tanto quanto devia interessar Mitsuki.

Ele era shippador N°1 de Borusara, que era como ele chamava o casal, ele dizia que Boruto era como um sol e Sarada a lua, eu achava graça na comparação que ele fazia.

— Sabe, é só notar o olhar dele, ele tá apaixonado. — Mitsuki fala reflexivo. — Acredito fortemente que os olhos são o espelho da alma.

— Por que você acreditaria nisso? — Pergunto com uma curiosidade genuína.

— É só ver os sinais, quando Boruto vê Sarada as pupilas dele dilatam e brilham como nunca, você devia saber, achei que você também acredita-se nisso.

— Nunca nem parei pra pensar nisso, por quê você acha que eu acreditaria nisso?

— Você sempre fala com as pessoa olhando nos olhos, pensei que você fizesse isso para saber o que as pessoas sentiam.

Fico estagnada com esse pensamento, eu nunca notei que encarava as pessoas diretamente nos olhos. Outras pessoas agora entravam na sala, já que o sinal estava prestes a bater, mas minha cabeça só girava em torno de um pensamento naquele momento.

Da pra se notar mesmo o que as pessoas sentem apenas olhando-as nos olhos?

Não se esqueçam da estrela ⭐
E comentem bastante

Seus Olhos Dizem ➵ KawasumiWhere stories live. Discover now