Capítulo 3

1.2K 158 59
                                    

Espero por sua resposta, é "ótimo" saber que a primeira impressão que eu deixo na pessoa que gosto é que eu sou uma maluca fixada em olhos.

— A professora de artes disse que você poderia me ajudar com meu...desenho. — De repente ele parece inquieto, talvez desconfortável.

— Desenho? Você tá falando do quadro para exposição do dia do amor?

— É, é, pode me ajudar? Preciso da nota. — Ele realmente parece muito desconfortável neste momento.

Penso um pouco e pela milésima vez no dia mordo meu lábio inferior.

— Que dia? — Pergunto na lata.

— Dia do que?

— Que dia eu posso te ajudar? — Falo como se fosse óbvio.

Ele solta uma risadinha, eu não entendi o que eu fiz de errado.

— Eu que peço ajuda e você que pergunta quando você pode me ajudar? — Quase consigo sentir a ironia em sua voz.

Desgraçado.

— Se você reclamar muito eu desisto de te ajudar! — Digo tentando entrar na brincadeirinha dele.

Se vamos passar o mínimo de tempo juntos, espero que ao menos ele possa me ver como uma amiga, apesar de que por minha parte poderíamos ser mais que isso.

— Sem ameças aqui! — Ele levanta as mãos fingindo estar rendido. — Pode ser amanhã?

— Amanhã? Assim tão perto? — Fico surpresa.

— Você não disse pra mim escolher? Vai estar ocupada amanhã?

— Não, não, não é isso, é só que eu tenho um bichinho de estimação e não posso deixar ele sozinho por tanto tempo, quando eu estou na escola eu pago alguém pra ficar com ele. — Tento explicar o mais breve possível.

— Pagar alguém para ficar com bicho de estimação? Juro que essa é nova pra mim, você tem o que de estimação? Um leão? — Ao ouvi-lo eu não tenho certeza se ele está perguntando com uma curiosidade genuína ou apenas tentando fazer graça. — Que seja, você pode levar ele com você, assim ele não fica sozinho.

— Tem certeza? Ele é bastante inquieto sabe...— Mal sabe ele que eu tenho um macaco de estimação.

— Sim, mas depois você vai ter que limpar a bagunça dele

— Já estou começando a achar isso ruim. — Reclamo de primeira, espero que Nue se comporte.

— Sem desistências. Vejo você amanhã — Ele diz se distanciando.

— Espera aí, como eu vou saber onde é sua casa e que horas eu posso ir? — Tento acompanhar seus passos.

— Você tem meu número? Deixa pra lá, obvio que não tem, me empresta seu celular. — Ele estica a mão pra mim.

Eu pego o celular em meu bolso e entrego pra ele, ele demora alguns segundos e depois me devolve.

— Prontinho, até amanhã. — Agora ele se despede sem interrupções, como se tivesse pressa de sair.

Olho para tela do meu celular e vejo como ele salvou o número.

Logo eu entendo o porquê dele ter saído às pressas o contato estava salvo como "Mister bonitinho da escola".

Olho para a direção que ele foi e depois para o celular denovo.

Folgado, manco, capenga.

Começo a questionar meus gostos, como eu fui gostar de um Zé mauricinho desses? Eu realmente tenho interesses questionáveis.

Mudo o nome de contato para "Segundo andar" devido a altura anormal para um garoto da idade dele.

Mas ainda sim sorrio boba por estar me aproximando passos lentos dele.

Eu com toda certeza desse mundo teria que agradecer a professora de artes uma hora ou outra.

Sai pelo corredor em direção a porta de saída, vários alunos já tinham ido embora, e de tudo deu certo, Sarada uma hora dessas deve estar tomando sorvete junto com Boruto.

Caminho devagar para casa, passando em uma padaria para comprar pão e depois em um horti-fruti para pegar algumas frutas para Nue.

Chego em casa e já tá tudo escuro, Tsubaki, que a pessoa que eu pagava para cuidar de Nue enquanto eu tava da escola deve ter ido embora, ela é uma boa amiga, e provavelmente uma das únicas pessoas que eu confio para cuidar dele.

— Nue! — Chamo por ele sabendo que ele consegue reconhecer minha voz.

Logo escuto ele vindo do corredor perto do quarto e do banheiro, provavelmente estava no jardim denovo.

Ele se joga nos meus braços e eu o abraço, recebendo todo o calor que ele pode dar.

— Trouxe frutas dessa vez. — Abro a sacola lavando uma porção de uvas para dar a ele — Nada de pão pra você mocinho, da última vez que você comeu foi porque eu não vi, você não pode comer isso, Nue! — Digo tirando a sacola de pão de perto dele.

Nue era espertinho demais pro meu gosto, toda vez que eu viro as costa ele abre os armários atrás de pão, na verdade eu deveria parar de trazer tanto pão para casa.

Pego dois pães e guardo o resto em um armário com tranca, meu maior pesadelo era com toda certeza Nue aprender a abrir esse armário por isso eu sempre ficava na frente da fechadura para ele não ter chances de ver como abrir.

Vou para sala e estico minhas pernas no sofá, abocanho o pão e  logo vem Nue ficando perto de mim na esperança de que eu de um pedaço para ele.

— Nada disso, pode sair daqui, coma suas uvas. — Respondo de boca cheia como se ele fosse me entender.

E aparentemente ele realmente entendeu porque ele simplesmente toma o pão da minha boca e sai correndo pela casa.

Macaco esperto, penso e logo saio correndo atrás dele.

Não se esqueçam da estrela ⭐
E comentem bastante

Seus Olhos Dizem ➵ KawasumiWhere stories live. Discover now