capítulo 5: De volta ao presente.

21 3 0
                                    

A onda forte foi se formando no horizonte: "dessa vez eu posso mudar o destino" pensou a sereia.
Mal ela sabia que era o destino, que estava a colocando no caminho, com um propósito que seria seguido.


Quatorze anos depois do ocorrido.


Acordei com o despertador tocando anunciando que era um novo dia. Confesso que preferia não sair da cama, mas mesmo assim, me levantei sem um pingo de coragem.

Tomei um banho, escovei meus dentes e vesti meu clássico vestido largo, com meu moletom preferido por cima. Sai do quarto e desci as escadas um pouco mais animada, afinal esse é meu último ano na escola.

Se tenho planos para o futuro? Sim.
Terminando os estudos, pretendo seguir meu sonho de ser uma bióloga marinha. Muitas pessoas estão querendo se formar em medicina e advocacia, mas eu quero ajudar na habilitação de animais marinhos, eu os amo desde pequena. Talvez seja por eu ter sido encontrada vagando na beira do mar, sem me lembrar de absolutamente nada, somente meu nome.

Uma das coisas mais intrigantes do meu passado, na minha opinião, é que só sobrou o nome de apenas uma vida que consigo lembrar, mas o nome Flora significa "digna de amor para alguém que foi rejeitado pela família". É bem irônico, não? Mas isso é passado.

Tenho uma família que me ama, e é isso que importa. Fui adotada por um casal americano, e desde aquele dia, moro em Los Angeles, a cidade do sonhos para alguns.

Não tenho do que reclamar, minha vida é perfeita, mas às vezes sinto que está faltando algo. As vezes me perco procurando alguém ou alguma coisa, tenho um sentimento de vazio que não consigo explicar.

Quando cheguei no último degrau, coloquei um sorriso no meu rosto e fui até a cozinha. Encontrei na mesa meus pais tomando seu café matinal.

Minha mãe usando seu coque perfeito, seus cabelos eram pretos e sua pele era branca. Ela tinha lindos olhos castanhos claros e um sorriso confortante. Seu corpo era perfeitamente desenhado, resultado de suas caminhadas matinais. Definitivamente não aparentava ter a idade que tinha.

Meu pai se chama Marcelo. Tem cabelos pretos, com algum fios brancos. Uma pele bronzeada e olhos azuis, mas não eram azuis comuns, eram mais intensos. Ele tem um jeito sério com as outras pessoas, mas não conosco.
Por ele ser alto e muito forte, as pessoas acabam achando que ele ainda é policial de campo, mas ele acabou desistindo quando me adotou, dizendo que seria mais seguro para a gente que ele não ficasse muito tempo fora de casa.

Logo dei bom dia, pedi a benção e abracei os dois. Era sempre assim que começava o meu dia.

- Bom dia, filha, Deus te abençoe. - Disse meu pai retribuindo o abraço.

- Bom dia, princesa. - Mamãe sempre me chama assim. - dormiu bem? - Mamãe perguntou parecendo preocupada.

- Sim. - Respondi e então percebi que mamãe e papai trocaram olhares. Fiquei sem entender.

- Enquanto dormia, você gritou novamente dizendo que não era sua "culpa". - Papai falou olhado para mim, com expressão de dúvida.

- Desculpa. - Falei abaixando a cabeça, mas logo senti braços ao meu redor e percebi que eram meus pais. Eles têm o melhor abraço que eu já senti.

Depois daquele confortável momento juntos, nós retomamos o café da manhã, mudando de assunto.

Depois de comer, subi novamente para me arrumar. Eu estudo em uma escola de tempo integral, então quase nunca estou em casa. O lado bom é que ocupa minha mente, assim não dá tempo para eu pensar sobre o meu passado, ou tentar pensar sobre, até porque eu não me lembro dele. Isso é frustrante.

Flor do Oceano 🌼🌊                                   Where stories live. Discover now