Doutor

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NOTAS DA ESCRITORA:

Em determinado momento deste capítulo, o personagem Jeongguk entrará em uma espécie de crise de ansiedade. Por favor, peço que caso se sinta desconfortável lendo situações como essa, não avance. 


A primeira coisa que Jeongguk nota quando um olho seu se abre sem querer é uma pessoa de cabelo laranja, macacão amarelo, com duas bananas sorridentes usando pijamas desenhados um de cada lado na bunda, pulando uma corda infantil na cor azul. Tudo bem, Jeongguk perdeu a cabeça de vez. Será que foi assim que seu irmão se sentiu? Não, não, ele não sentia nada. Ele era um cara louco.

Nunca se chame de louco, Gukie, prefira termos mais legais como 'perturbado'. Chamavam o papai assim antes da escada quebrar. Acho que foi isso que fez ele cair por tanto e tanto tempo e você sabe... morrer.

Jeongguk sente a bile explodir com a visão de seu irmão balançando naquela famosa cadeira preta de rodinhas do seu laboratório, um projeto de arma no colo, fios de energia embolados no pescoço, contando sobre a morte do pai deles como se fosse um acontecimento de café da manhã, uma espécie de história de ninar.

Não se chame de louco, Gukie. É essa a principal questão aqui. E não adianta chorar pelo leite derramado, o que é preciso fazer é limpar o leite que derramou. Lutar é uma questão do futuro em uma lógica do passado. Pense bem nisso.

A real é que nada que saia por aquela boca fazia um pingo de sentido, e precisa de muito esforço para focar a atenção nas cores novamente, sabe que tem algo preso no seu peito que pesa como uma corrente de aço e talvez algemas nos seus pulsos. Respira, seja onde o idiota pulando cordas o prendeu não será difícil escapar. Respire. Conte até 10. Não se chame de louco, Gukie, lembre-se, sem diagnóstico sem doença. Essa é a vida. Cale a boca! Jeongguk quase ruge mentalmente, o seu olho ainda piscando e dançando ao lado de seus cílios. Um tique nervoso, como o ponteiro de segundos de um relógio de pulso, girando freneticamente antes do tempo dos demais... e... e...

—... quando for velho vai ficar parecendo um maracujá de tanta preocupação que tem nessa sua cabeça grande — e Jeongguk não precisa ao menos forçar sua outra pálpebra para reconhecer Hoseok, a tal pilastra de Kim Taehyung de Vouge, saltitando como uma criança em uma corda bamba. A situação está sendo pior do que imagina. Só o som daquela sua voz faz o zumbido da cadeira de rodinhas de seu irmão escapar para o fundo de sua mente e um monstro começar a balançar dentro do seu estômago... — O garoto está bem, relaxa, você é bom nessas coisas de ser bom. Tudo na paz do sossego e da felicidade.

Sabe muito bem de qual garoto toda aquela conversa se trata. Jeongguk até tenta fechar o olho inquieto, mas não consegue. Seu corpo agindo como quer. Se desesperando como uma criança chorona.

Um bebê chorão. Ódio! Quem Kim Taehyung pensa que é? Quem essa merda de Vouge acha que é? Quão louco seu irmão precisou ficar para que Jeongguk entendesse que o mundo é uma bosta no seu sapato? E outra! Cadê o seu sapato? Está no seu pé! Não, não está! Está? Não. Droga, droga. Isso é a sua mão. Gukie, respira.

Você está deitado e não precisa de sapato. Mas é meu sapato! Sem sola. Sapato.

— O nome dele é Jeongguk, até onde eu sei — É Jimin falando, o doutor, Jeongguk mira seu olho pulsante em direção aos dois, Hoseok pulando corda com o cabelo colorido e Jimin segurando uma garrafa de bunda grande com uma régua desenhada nas bordas cheia de um líquido que poderia ser água de não fosse azul.

O nome daquilo é béquer. É uma garrafa com bunda grande! Béquer! Béquer azul! Não. Não. O líquido é azul. O líquido. Azul.

— O meu é Hoseok.

To już koniec opublikowanych części.

⏰ Ostatnio Aktualizowane: May 01, 2022 ⏰

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