capítulo 12

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Depois que termino de arrumar todas as minhas coisas no closet, saio e não encontro mais com ele no quarto, melhor assim.

Arrumo todos meus produtos em cima de uma mesinha e então resolvo ir tomar banho.

Tá um calor dos infernos aqui, e eu sou muito calorenta, odeio ficar suada.

Entro novamente no closet e pego um shorts jeans, uma lingerie e olho para as blusas do demo e pego uma de time.

Preciso nem falar que eu não sei que time é, né?

Não entendo nada de futebol, só sei que torço pro flamengo, mas nem sei se ele tá jogando bem ou não.

Só conheço uns jogadores gostosos que eu faço questão de acompanhar no Instagram.

Tomo um banho sem molhar o cabelo que ainda está um pouco molhado, depois me visto, penteio o cabelo e passo meus produtos de pele, nem faço maquiagem.

Calço um chinelo e saio do quarto dando de cara com a Isabella saindo do quarto dela.

- ANNA?- grita- puta que pariu! O que tu tá fazendo aqui?

- Eu meio que tô morando aqui- digo.

- Como assim? Vem me contar isso agora- ela segura na minha mão e me puxa pra dentro do quarto dela.

- É uma longa história- me sento na cama.

- Acredita que eu tenho o tempo todo do mundo?

Eu dou risada e ela se senta ao meu lado.

- Hoje quando eu cheguei em casa meu pai acabou brigando comigo, ele me bateu e me empurrou, eu cheguei a desmaiar e quando acordei advinha quem tava na minha casa?

- Meu irmão?

- Exatamente, ele foi cobrar uma dívida que meu pai tinha com ele, aí me viu na situação, eu contei pra ele tudo que meu pai fazia comigo, aí ele decidiu me trazer pra cá justamente por eu ser sua amiga- conto omitindo algumas coisas, afinal eu disse ao Filipe que não falaria a verdade.

- Meu Deus! Seu pai é um desgraçado.

- Sim, muito, mas o que importa é que agora ele não vai fazer mais nada comigo.

- Meu irmão matou ele?

- Seu irmão não, mas um vapor dele eu acho que sim.

Isabella leva a mão a boca e me olha confusa.

- Mas você e meu irmão...

- Não, podemos dizer que a gente é amigo, sei lá também, hoje depois que acordamos acabou rolando entre a gente...

Ela solta um grito e bate no meu ombro.

- Que safada! Minhas amigas todas pegaram meus irmãos, que coisa, né?

- E você pegou o Lucca, né?

Ela me olha e nega com a cabeça.

- Ele não quis transar comigo por eu estar bêbada.

- Seu irmão também não, mas de manhã eu já não estava mais.

Ela dá um gritinho estérico e eu rio.

- De manhã o Lucca acordou todo besta, sei lá, tava com medo dos meus irmãos matarem ele.

- Era bem capaz mesmo, mas as meninas ficaram com os dois? Eu nem falei com elas mais.

- Sim, transaram ontem mesmo, hoje pela manhã elas foram embora vendo estrelinhas sendo que estava fazendo um sol lascado.

Nós duas damos risada e ela me olha.

- Mas você tem que saber que aqui na favela as coisas são diferentes, você tem que tomar cuidado com os caras, se você olhar pra eles e sorri, eles já acham que você está dizendo "me coma pelo amor de Deus, me coma"- diz num tom engraçado e eu dou risada- é sério, meu irmão não atura homens assim, ele já dá o papo, mas sempre tem uns que brincam com a vida e acabam morrendo.

Cacete.

- Outra coisa, as mulheres daqui quando souberem que você "está" com o Filipe, vão vir pra cima, elas não estão nem aí com essa de se humilhar pra macho, são todas baixas e não sabem do empoderamento feminino, uma pena, mas é escolhas que elas fazem, então fica ligada, porque vai vir um monte pra cima de tu.

- Tudo por causa do Filipe?

- Ele é o dono daqui, geral quer ser primeira dama.

- primeira dama da favela?

- Pra elas é mais importante do que ser primeira dama do mundo. Outra coisa, meu irmão é bem galinha, então você vai ser obrigada a ver ele com outras na sua frente, mas não liga e nem faz cara de quem não tá gostando porque ele já vai achar que tu tá com ciúmes, ok?

- Isso é fácil, não sinto nada por ele.

- Mas ele sabe bem como fazer uma mulher se apaixonar, então não se apaixone, a última coisa que ele quer é relacionamento sério.

- Eu também. Ah, preciso te contar uma coisa.

- O que?

- Ele me ofereceu um emprego no postinho daqui.

- Sério?- sorri animada.

- Sério, mas pra isso vou ter que largar o emprego na farmácia.

- Relaxa, aqui é melhor, sem contar que ele pega bem, quando tem invasão paga o dobro pra cuidar dos vapores feridos.

- Devo rezar pra ter invasão sempre?

- De jeito nenhum, todo mundo fica com o cu na mão, e eu mais ainda por meu irmão sem o pote de ouro que eles querem.

- Ok, sem desejar invasões.

Nós rimos e então ela inventa de se vestir igual a mim, veste uma blusa igual a minha e finalizamos com um boné preto.

Saímos de casa indo até um lugar que ela disse que servem almoço, mas paramos algumas vezes no caminho pra ela poder cumprimentar algumas pessoas.

Percebi que ela é bem querida aqui.

𝗣𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗩𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼•• 𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗲 𝗥𝗲𝘁Où les histoires vivent. Découvrez maintenant