Depois que meu bebê que já não é mais bebê dorme, eu deixo ele no berço e desço pra beber água, mas acabo encontrando o Lucca na cozinha.
Ele está pensativo e não percebe a minha presença.
- Com licença, eu vim beber água.- digo chamando a atenção dele.
- Anna, eu queria falar com você.
- Pode falar- sorrio fraco e me apoio no balcão.
- Você sabe que meu pai gostava muito de você, né? Ele sempre falava que te considerava como uma filha.
- Sim, eu gostava muito dele também.
- Então, naquele dia em que ele morreu, lembra que ele nos chamou?
- Sim, lembro de todas as palavras que ele me disse.
- Eu também lembro, e ele me pediu pra te deixar ir embora, voltar pra sua vida, disse que era o desejo dele, e, se você quiser, hoje mesmo vai ter um jatinho te esperando e você pode voltar de onde veio.
Eu abro minha boca, totalmente surpresa e nem sei o que dizer.
Tudo que eu mais quero é voltar pro Brasil, preciso reencontrar meus amigos, eu sinto saudade deles, preciso sabem como eles estão, mas eu penso como vai ser isso.
O Filipe vai descobrir que tem um filho.
Imagina se ele quiser tirar o Theo de mim? Eu não posso ficar longe do meu pequeno.
Mas também sei que ele não é assim, ele não seria capaz disso.
Ou seria?
Quer saber? Não vou ficar vivendo de talvez, eu estou a três anos longe de todo mundo que eu gosto, da minha origem, sem comer uma comida brasileira que tanto amo.
Já tá na hora de voltar.
- Eu aceito- digo decidida e ele concorda.
- Ele também fez uma conta pra você, onde tem uma certa quantia que vai dar pra você viver tranquilamente pro resto da vida.
- Não precisa, sério mesmo.
- Precisa sim, era o desejo dele e assim vai ser..
- Tudo bem então.
- Vai lá, arruma suas coisas e a do Theo, assim que tiver tudo pronto, desce que eu vou te levar, tudo bem?
- tudo sim.
Ele sai da cozinha e eu bebo minha água rapidamente e subo correndo até o quarto.
Pego umas malas e coloco as minhas roupas, que não são muitas e as do Theo.
Ao todo foram 4 malas com alça e duas sem, e mais uma bolsa do Theo com as coisas que ele vai precisar pra usar durante o voo.
Eu tomei um rápido banho e troquei de roupa, como o Theo havia tomado banho entes de dormir, resolvi não dar mais.
Como ele ainda não acordou, vou descendo com as malas e quando elas estão todas na sala, o Lucca aparece e fala pra um homem vir buscá-las e levar até o carro.
- Só vou buscar o Theo, tudo bem?
- Tudo sim.
Eu subo até o quarto e vejo meu bebê lindo acordado coçando os olhinhos.
- Oi meu amor, vamos pra casa?
- Casa- sorri batendo palminhas e eu pego ele no colo.
O Theo acorda todo manhoso, é incrível.
Pego a coberta dele e coloco em meu ombro.
Olho o quarto que fiquei durante esses anos e sorrio fraco.
Tá na hora de dizer tchau.
Pego o brinquedo do Theo que deixei separado e dou pra ele segurar, mas o mesmo nega com a cabeça e se deita em meu ombro.
- Manhoso- sorrio e passo a mão no cabelo dele.
Saio do quarto e desço as escadas, o Lucca está perto da porta mechendo no celular.
- Podemos ir- digo e ele se vira pra gente.
- Posso segurar ele?- pergunta e eu concordo.
Foram poucas as vezes que ele pediu, mas eu sempre pegava ele brincando com o Theo que sempre gargalhava.
- Tio- diz pro Lucca que sorri fraco e pega ele.
- Aqui tem tudo que você vai precisar, os dados da conta estão aí também, tem um cartão que você pode usar em qualquer lugar que você for, e outras coisas também- me entrega um envelope e eu agradeço.
Nós saímos da casa e eu já vejo o carro parado em frente, o segurança abre a porta e eu entro primeiro, logo em seguida ele entra com o Lucca e coloca ele sentado sobre seu colo.
Entrego o brinquedo dele que agora sorri e pega.
- Ele gosta de você- digo pro Lucca que sorri fraco.
- Eu também gosto dele, eu não te falei nada, mas a um ano atrás encontrei uma mulher que fez meu coração bater mais forte, a gente começou a namorar e agora ela está grávida- ele diz e eu sorrio.
- Eu fico muito feliz por você, sério mesmo, tô vendo que você vai ser um ótimo pai!
- Espero que sim, no começo eu não fiquei muito animado, mas sempre que eu chegava em casa e via o Theo brincando, imaginava como seria com meu filho, aí fui me acostumando com a ideia.
- Criança é uma benção, você vai ver.
Ele concorda e depois nós ficamos em silêncio.
Depois de um tempo o carro para e então o motorista desce do carro abrindo a porta em seguida.
- Chegamos- o Lucca diz e eu desço do carro com ele saindo logo em seguida com o Theo no colo.
Vejo um enorme jatinho a nossa frente e abro a boca.
Caralho!
- Eu entro com vocês- ele diz fazendo sinal para que eu passe na frente, assim faço.
Eu entro e logo encontro com o piloto e o copiloto, eles nos encontram e me direcionam até uma poltrona, em uma delas tem presa uma cadeirinha de bebê.
O Lucca coloca o Theo sentado sobre ela e da um beijo na testa dele.
- Desejo tudo de bom pra vocês, espero que possamos nos encontrar um dia pra que nossos filhos se conheçam- sorri fraco- é estranho saber que já já eu vou ter um filho também.
Eu sorrio e coloco o envelope que ele me deu sobre a mesa.
- Sua ficha realmente só vai cair quando você tiver ele em seus braços.
- Pelo jeito vai sim.
Logo todas as minhas malas são colocadas pra dentro e eu deixo a bolsa com as coisas do Theo sobre uma poltrona.
- Bom, tchau- ele me dá um abraço rápido.
- Obrigada por tudo mesmo, sério, não sei como agradecer.
- Você já agradeceu a meu pai, tá tudo bem.
Eu sorrio fraco, e depois que se despede do Theo, ele sai.
Uns minutos depois o piloto pede pra que eu coloque o sinto, eu vejo se tá tudo certo com o Theo, coloco um fone de proteção no ouvido dele e sorrio nervosa.
Quando o avião decola e eu respiro fundo e deixo uma lágrima descer.
Só Deus sabe o que espera por mim lá no Brasil.
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𝗣𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗩𝗮𝗹𝗶𝗼𝘀𝗼•• 𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗲 𝗥𝗲𝘁
Storie d'amoreTudo começa com uma dívida, que no caso, terá uma pessoa como o pagamento. Duas pessoas totalmente diferentes, aquele tão famoso oposto, mas será que dessa vez eles irão se atrair? ••iniciada em abril de 2022•• •• Republicada em dezembro de 2023••