30. Suscetíveis

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—Não vou conseguir convencer você do contrário, não é? —Barry uniu os cenhos inconformado com a ideia de romper sua relação com Kalya.

—Eu já fiz minha decisão, por mais difícil que seja... —Kalya suspirou enlaçando alguns fios do cabelo do garoto em seus dedos. —Ainda vamos ser parceiros de equipe até que eu arrume um jeito de voltar para casa ou que eu aprenda a conviver com esses sentimentos sendo apenas uma amiga. — Ela respondeu sentindo-se inebriada pelo olhar do velocista.

—Antes de rompermos o que temos agora, tem algo que preciso fazer. — Sem cerimônia, o velocista uniu ambos os lábios com voracidade.

Suas mãos rodearam o corpo da brasileira a erguendo. Em toques sútis Barry segurou de forma firme a cintura dela, trazendo-a para seu corpo.

Naquele momento, a força pareceu se fundir com a sintonia de uma maneira lasciva, tornando seu desejo pela garota ainda maior.

O medo de estar fazendo uma escolha errada e perder alguém importante, junto dos desejos e sentimentos reprimidos por diversos dias os deixavam mais suscetíveis ao que sentiam nas profundezas de ambos corações.

O campo magnético entre eles era palpável, exercia um desejo incontrolável e os impediam de afastar-se. 

Os lábios masculinos roçaram entre a orelha e o pescoço de Kalya. A garota arfou de forma abafada no momento em que seus pelos eriçaram devido a corrente elétrica que percorreu o seu corpo.

—Uma última despedida antes de encerramos o que temos. —Barry sussurou com dificuldade.

—Uma última despedida. — Kalya concordou com ele em um sussuro.

Kalya beijou o velocista com toda a paixão que estava alojada em seu peito. O calor emitido pelos corpos aumentavam a cada toque quente. Nem mesmo o fogo que ocupava a lareira poderia ser comparado com as temperaturas dos corpos presentes.

Em um piscar de olhos Barry a levou para seu quarto trancando a porta com cautela. Dessa vez Joe não iria aparecer de surpresa.

A brasileira arrancou a camisa vermelha do velocista sem cerimônias. O seu vestido de tom escuro foi retirado na mesma velocidade em que ela chegou no quarto.

Sentiu seu corpo latejar em pura endorfina, sua mente estava entrando em colapso com tantas vontades pecaminosas e seu coração implorava para que seus desejos libidinosos fossem realizados.

Barry parou o que estava fazendo e sentiu seu corpo latejar em êxtase.  Desejava mais que tudo sentir a garota, mas dessa vez, a calma seria sua aliada e a sua velocidade ficaria de lado. O homem mais rápido do mundo havia preferido aproveitar o seu momento de forma lenta.

Admirou com calma cada mínimo centímetro do corpo bem esculpido a sua frente. Ele podia jurar que estava diante de uma escultura. Seu quarto era um museu renomado e o que iam fazer a partir daquele momento seria uma obra de arte.



Barry analisou alguns dados na tela do computador do laboratório. A cada minuto seus pensamentos voavam para long. Sua concentração estava em outra coisa, ou melhor, em outra pessoa.

Kalya e a noite passada era o motivo da sua falta de foco, as cenas do acontecimento do dia anterior atormentavam sua mente trazendo de volta todas as sensações e desejos emitidos naquele momento.

A atenção de Barry mudou de foco, quando Íris adentrou como um furacão no córtex. A mulher carregava a personificação de frustração em seus olhos.

—Eu juro que tentei. —Kalya apareceu logo atrás de Íris soltando um suspiro frustado.

—Oi, Barry. Ou você prefere que eu chame de Flash? — A voz da West soou de forma agressiva.

Barry sentiu o desespero o alcançar. Mesmo tendo velocidade, não poderia correr disso. Ele lançou um olhar preocupado em direção a brasileira que o evitou, estava precisando do apoio moral que até então, só ela podia oferecer.

A situação não estava a das melhores desde o evento da noite passada. Superar o ocorrido estava sendo mais difícil  do que ele imaginava. Afinal, ter-la por uma noite e saber que aquilo não aconteceria novamente soava atormentador.

Íris manteve sua postura autoritária durante os minutos em que o velocista explicou as dificuldades que passava em ter que esconder o segredo dela. A mulher estava magoada demais para o perdoar, sentia-se enganada por todos.

—Desculpas, eu juro que tentei, mas você a conhece. Ela já me perguntou sabendo da verdade. — Kalya disse logo após a saída de Íris e encarou por a primeira vez no dia os olhos esverdeados.

—Isso não é culpa sua. Eu que não deveria ter escondido algo tão grande assim dela. — Barry respirou fundo. Havia algo além disso que estava o incomodando e Kalya tinha a total noção do que era.

—Eu posso tentar falar com ela... já fui enganada tantas vezes que sei bem como ela se sente. —Kalya deu de ombros olhando uma última vez para o velocista.

—Se você fizer isso vou ficar muito grato. —Barry respondeu sem esboçar reação alguma. Mais uma vez, havia retornado a etapa da sua vida onde escondia os sentimentos até que eles amenizassem ou desaparecessem.


Depois de horas preparando pedidos, servindo cafés, repassando trocos e organizando o estoque, Kalya adentrou no Picture News. Iria tentar apaziguar a briga que havia presenciado.

Já fazia um bom tempo desde que Íris havia começado a trabalhar naquele local. A brasileira revirou os olhos ao ver o rosto familiar de um loiro a poucos metros de distância. Nicklaus com certeza tinha um gêmeo idêntico. O seu irmão era a sua cópia.

Kalya aproximou-se da mesa de Íris vendo a pesquisa relacionada ao reverso. Estendeu o café para a garota que suspirou recebendo o agrado.

—Já conversei com meu pai, não precisa vim dizer o mesmo, não estou com paciência para escutar as mesmas desculpas e mentiras. — Ela cuspiu as palavras com rigidez.

—Ok, eu confesso que é péssimo descobrir as coisas daquela forma e principalmente esconderem algo daquela proporção, mas o Barry só fez isso para proteger você. —Kalya resmungou na mesma proporção de rigidez.

—Proteger aqui, proteger alí, essa desculpa já tá muito velha. Eu tenho trabalho pra fazer. — Íris respondeu impaciente.

—Você não tem a mínima noção dos perigos que os participantes da equipe flash passam e você não sabe o esforço enorme que Barry faz pra manter você segura de todas as formas. —A brasileira falou de forma fria, estava irritando-se com o comportamento inapropriado de Íris.

—Você que não me entende, já imaginou o quanto eu poderia ser útil? Não deve ter pensado né, já que o seu foco é passar pano para o que Barry faz. — Íris respondeu irritada.

—Eu acho que você devia lavar sua boca com água e sabão antes de falar isso, você não imagina o quanto Barry se sente mal de mentir pra você. —Kalya sentiu seu sangue ferver, estava ao ponto de explodir.

—Ele deveria se sentir mal mesmo, achei que éramos melhores amigos, mas melhores amigos não mentem. Inclusive, achei que poderia ter você como amiga, mas pelo visto me enganei também com isso.  —A West suspirou impaciente segurando-se para não gritar com a brasileira.

—Como você pode ser tão egoísta? Você é a pessoa com quem Barry mais se importa. Ele passou anos da vida dele amando e cuidando de você e agora, depois de um erro dele, você age dessa forma, quem você pensa que é? — Lya fuzilou Íris com o olhar, as palavras saíram como adagas afiadas.

—Eu sou a egoísta agora? —Iris cruzou os braços sentindo-se ofendida com o comentário da viajante.

—Eu entendo que você esteja muito magoada, Barry tirou a sua escolha de se envolver ou não com os perigos da equipe flash, mas ao menos seja mais compreensiva com ele, dê a ele uma chance de se redimir. —Kalya amenizou seu tom e suspirou fundo —Quanto a mim...eu não sou a pessoa mais propícia para você ter como amiga. — A brasileira retirou-se do local após receber apenas o silêncio como resposta.

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