#26. As Viúvas

116 9 125
                                    


Washington, D.C. - Reunião emergencial da Cúpula da Organização das Nações Unidas

Na grande sala estavam presentes mais de cento e quarenta países. Seus líderes mundiais ou embaixadores já estavam reunidos há alguns dias e já chegaram a um acordo em relação à Themyscira. Faltava agora Atlantis. A princesa Diana, inclusive, estava presente, ocupando seu lugar como Embaixadora da Ilha Paraíso. Arthur ocupa agora o púlpito e deve falar ao mundo sobre Atlantis. Está visivelmente nervoso com a exposição, as câmeras apontadas, e a pressão sobre seus ombros. Mas era o momento de ser o rei que sua mãe e Mera esperavam; o rei que Atlantis precisava. Era o momento de ser aquilo que nasceu para ser, a ponte entre a terra e o mar.

- Atlantis viveu como um mito para a superfície há milênios. Meu nome é Arthur Curry, sou filho de um faroleiro e da rainha de Atlantis. Cresci e vivo entre dois mundos. Sou o protetor das profundezas, mas também sou quem vocês chamam de Aquaman, membro da Liga da Justiça e comprometido a ajudar nos problemas do mundo, da terra e do mar.

- Deixe-me interrompê-lo por um instante - diz o embaixador da Rússia. - Como você pode se intitular o protetor de setenta por cento do mundo, um terço do planeta?

- Devo lembrar ao embaixador da Rússia de que o Sr. Curry está com a palavra. - intervém o Secretário-Geral - Você poderá realizar as perguntas que quiser após a fala inicial...

- Tudo bem. - afirma Arthur. - Eu posso responder. Eu sou o rei de Atlantis, o que significa que eu comando os Sete Mares.

A sala pipoca de burburinhos revoltosos com essa declaração.

- O que não significa que os oceanos não sejam recursos compartilhados tanto pelo povo submerso, quanto pelo povo da superfície e é por isso que--

Arthur é interrompido novamente.

- Se o seu povo de Atlantis se beneficia dos recursos das profundezas dos oceanos para construir as armas que vimos, instrumentos de alta tecnologia, nós da superfície também deveríamos ter acesso. - diz a embaixadora da França.

- De acordo! Toda essa tecnologia deve estar a serviço de todas as nações! - afirma o presidente israelense.

A sala fica em polvorosa, até que Arthur se impacienta.

- A tecnologia de Atlantis pertence a Atlantis! O que eu venho propor aqui é que parem de poluir nossas águas e matar nossos animais e só assim poderemos falar em cooperação.

O clima esquenta na sala. Já não se respeita mais o protocolo.

- Como ousa vir aqui e nos acusar dessa maneira? - pergunta o presidente americano.

- Em primeiro lugar não estou aqui porque quero. Estou aqui em sinal de boa-vontade. Mas Atlantis viveu muito bem sem o conhecimento do mundo da superfície e dos respiradores de ar, como vocês todos são chamados lá embaixo, por mais tempo do que a idade de todos vocês aqui reunidos. Então ou vocês me escutam, ou eu voltarei para o meu reino e Atlantis volta a ser um mito para vocês. Vocês escolhem.

Em algum lugar na fronteira de Xebel...

Mera abre os olhos lentamente e com dificuldade. Apenas uma rasa claridade vinha até o pé da concha em que estava deitada através de um fecho de luz por uma rachadura da parede. Seus olhos precisavam se habituar àquela escuridão. Sente a estranheza pela ausência de água no local. Estava em uma bolha de ar. Ela se levanta para tentar encontrar a saída, mas algo repuxa seu tornozelo. Ela estava acorrentada à barra de aço que sustentava a concha.

Ela puxa a perna mais uma vez, sabendo que quebraria aquela corrente sem dificuldade, mas algo estava errado. Seu corpo pesava. Ela tenta repetidas vezes, chega a puxar pelas mãos, mas não consegue quebrar a corrente. Sentia um gosto estranho na boca, um gosto que ela reconhecia muito bem. O mesmo gosto que sentia quando criança e adolescente nos momentos em que era punida nos treinamentos e seu mestre a submetia a um cubo revestido de chumbo para enfraquecer os seus poderes. Ela se lembra. Acontecia quando Mera usava sua hidrocinese em momentos inapropriados, deixando os outros soldados em desvantagem. Seu mestre era Leron, hoje vizir de Xebel. Aquilo era uma lição para que ela aprendesse a lutar sem usar seus poderes como vantagem.

Heart of the Ocean - 𝐀𝐐𝐔𝐀𝐌𝐀𝐍 & 𝐌𝐄𝐑𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora