18. Explicações

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A sala parecia estranhamente vazia quando Hermione voltou-se para a mesa e sentou-se novamente, notando a tristeza nos olhos do velho que estava sentado à sua frente.

Sempre parece que você o está enviando para a morte? — perguntou ela calmamente

Dumbledore olhou para cima com olhos cansados e assentiu. Não consigo contar o número de vezes que desejei não precisar mais pedir isso a ele — disse ele com um suspiro, — mas é uma esperança tola. Que vida ele teria se não respondesse a uma convocação? Ele seria considerado um traidor, marcado para morrer e seria forçado a permanecer em Hogwarts pelo resto de sua vida.

— Ele sobreviveria — comentou Hermione, mas o diretor balançou a cabeça.

— Ele me disse uma vez que preferia morrer a ter que viver o resto de sua vida nos termos de outra pessoa. Ele disse que não existe liberdade parcial. Ou você é livre ou não. Ele deveria saber — concluiu ele com tristeza. — Fui eu quem o acorrentou nos últimos vinte anos.

— Acorrentou ele? — Hermione disse incrédula. — Você deu a ele a chance de ganhar sua liberdade. Sem a sua ajuda, ele estaria morto ou em perigo em Azkaban.

— Sim — disse Dumbledore pesadamente, — mas talvez o preço que peço por sua liberdade seja alto demais. Afinal de contas, o que é a liberdade se obtê-la significa sua morte? Seus esforços serão em vão se suas verdadeiras lealdades forem descobertas antes do fim da guerra.

Hermione engoliu em seco, esperando que nunca chegasse a esse ponto. — Você acha que Voldemort ficará bravo depois do que aconteceu esta noite?

— Ele vai — Dumbledore confirmou, e Hermione respirou fundo.

— Mas — continuou o diretor, — pelo que Severus me disse, Lucius Malfoy também estava agindo fora das ordens. Voldemort se lembrará disso e provavelmente punirá os dois igualmente.

Hermione se lembrou da última vez que Voldemort 'puniu' Snape, e sua preocupação com o mestre de Poções deve ter transparecido em seu rosto.

— Não se preocupe com Severus, Srta. Granger — acrescentou Dumbledore. — Voldemort pretende obter um lote completo da poção Cruciatus. Ele não machucará tanto Severus a ponto de não poder prepará-la. Voldemort sabe que seu mestre de Poções precisa de mãos firmes.

Não foi um pensamento particularmente reconfortante, mas fez Hermione se sentir um pouco menos preocupada com Snape. Essas preocupações foram substituídas em sua mente por pensamentos sobre outros assuntos.

— Agora, vamos ao assunto em questão — disse Dumbledore, antecipando a mudança na linha de pensamento dela. — O que será de seus pais.

— Eles não podem voltar para casa, podem? — Hermione disse suavemente, sabendo a resposta mesmo enquanto fazia a pergunta.

Dumbledore balançou a cabeça. — Receio que não. Após o seu desaparecimento de sua casa, os Comensais da Morte descontaram suas frustrações na própria casa. Receio que haja pouca coisa que possa ser recuperada.

Hermione abaixou a cabeça, não confiando em sua voz para responder. Tendo vivido longe da família por quase sete anos, ela não era tão apegada à casa deles quanto poderia ser, mas sabia que seus pais ficariam arrasados. Apesar do que sua mãe disse mais cedo naquela noite, sobre a família transformar uma casa em um lar, todas as lembranças, todos os registros da vida deles juntos como família, estavam na casa; fotografias, livros, aquelas pequenas bugigangas que nunca se jogaria fora porque tinham algum valor sentimental. Tudo o que restava eram as roupas do corpo e...

— Bichento! — Hermione engasgou, as lágrimas em seus olhos transbordando de repente. A nova coruja de seus pais, Mercúrio, estava caçando no momento do ataque, e ela sem dúvida encontraria seus donos assim que eles deixassem a casa inexplorável. No terror de fugir dos Comensais da Morte, porém, seu meio-kneazle foi esquecido.

Before the Dawn | SevmioneWhere stories live. Discover now