26. Sangue e Magia

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— A Marca Negra — ela sussurrou, incrédula. — Ela se foi.

— O que?! — Harry exclamou.

Dumbledore não emitiu nenhum som, mas atravessou rapidamente a sala e tirou o braço do mestre de Poções de suas mãos, passando sua própria mão nodosa pela pele lisa e nua da parte interna do antebraço de Snape.

— Meu querido garoto — Dumbledore disse suavemente. — Você finalmente está livre dele. Você finalmente está livre.

Hermione observou os olhos do velho mago ficarem cada vez mais brilhantes, uma única lágrima escorrendo pela bochecha e desaparecendo na barba branca. Hermione sabia que Snape e Dumbledore tinham tido suas diferenças no passado, sendo que o desentendimento mais recente sobre o ataque à escola trouxa foi apenas um de muitos. Apesar de todas as reclamações de Snape sobre a intromissão de Dumbledore, ela sabia que ele tinha grande consideração pelo velho, e o Diretor por ele. Hermione tinha visto a relutância com que Dumbledore mandava Snape de volta para o Voldemort todas as vezes.

Ambos conheciam os riscos de responder a uma convocação, mas as consequências de ignorá-la enquanto estava tão marcado por Voldemort eram ainda maiores. Agora, porém, Snape estava livre.

— Como isso é possível? — Hermione perguntou suavemente. Harry, que se moveu para ficar ao lado do diretor, balançou a cabeça, incrédulo.

— Não é possível — disse ele. — A Marca não deveria sair. Lembra do que Sirius disse? É uma vida inteira de serviço ou morte.

O Diretor, ainda segurando o braço de Snape, continuou a passar a mão para cima e para baixo, como se estivesse se assegurando de que a Marca realmente havia desaparecido. Depois de alguns minutos de silêncio, ele finalmente desistiu, o membro flácido caindo de volta no colo de Hermione.

— Acho que entendo por que foi tão difícil remover a adaga — disse Dumbledore lentamente.

Hermione e Harry se entreolharam, confusos, e depois para o diretor em busca de uma explicação. O velho bruxo sentou-se na cadeira ao lado da cama e tirou os óculos, esfregando os olhos com cansaço.

— A magia negra — disse ele, — é frequentemente descrita como sendo uma coisa viva em si mesma. Não concordo com essa descrição; prefiro descrevê-la como sendo cognoscível, ou consciente, se preferir, mas não viva. Essa teoria da consciência vem do fato de algumas magias negras terem a capacidade de procurar e reconhecer outras magias, ou outras magias negras, para ser mais específico.

— Semelhante reconhece semelhante — Hermione murmurou, e Dumbledore assentiu.

— Exatamente, Srta. Granger. A Lâmina Consanguinus é um implemento de magia negra muito forte e, ao entrar no corpo de Severus, acredito que ela reconheceu a outra magia negra que já residia dentro dele – a Marca Negra. A magia da adaga parece ter procurado, por assim dizer. Isso faz sentido para você?

Hermione assentiu desconfortavelmente; magia com vontade própria era um pensamento perturbador.

Parecendo pensativo, Harry disse: — Então é por isso que uma daquelas... coisas pretas... estava tentando rastejar pelo meu braço - para alcançar minha cicatriz. Isso também contém magia negra, não é?

— Uma boa dedução, Harry — confirmou o diretor. — No entanto, a adaga estava em Severus há algum tempo. Acredito que a demora em removê-la deu à magia tempo para se ligar à sua Marca. Consequentemente, quando a adaga foi finalmente removida, ela também arrancou a outra magia negra de seu corpo.

— Mas isso é bom, não é? — Hermione perguntou hesitante. — Quero dizer, como você disse, ele está livre de Voldemort... mas você ainda não parecia feliz quando saiu da sala antes.

Before the Dawn | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora