onde o caos é realmente bonito °jjk + pjm°

🪐 • e eu vou tentar te consertar.

[🌙]

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
•
E as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado
Poderia ser pior?
Luzes te guiarão até em casa
E aquecerão seus ossos
E vou tentar te consertar

ㅡ "Fix you", Coldplay.

⸙͎۪۫

Para todas as dores do mundo, existe uma cura. A minha estava bem ao meu lado, entre uma parede de distância. 

E mesmo assim, eu me sentia longe o suficiente para gritar de dor. 

Se passou um mês em que eu o via todos os dias, sempre pontualmente, sempre por um único minuto. E aquilo poderia ser o suficiente durante os sessenta segundos que eu o olhava, mas depois que seu corpo sumia entre aquelas paredes, tudo desabava novamente. Tudo desabava, tudo caía sobre meus ombros.

Mas o grande problema é que meu corpo não aguenta mais tanto peso, ele está fraco e cansado, e eu não sinto que consigo me levantar.   

Eu sinto minha garganta se fechar, minha vista escurecer, minhas lágrimas me afogando, e acredite, eu gostava disso, porque era como se eu estivesse prestes a partir, e era isso que eu mais desejava. 

Sentir meu corpo perdendo a força, meu ar sumindo e meus olhos se fechando, eu queria partir em paz. Isso é pedir muito? É pedir muito pedir para que esse sofrimento acabe?

Eu realmente acho que não.

When you feel so tired, but you can't sleep

Stuck in reverse

Já era noite, perto das oito horas. No andar de cima, estava fazendo muito barulho, meus ouvidos estavam doendo, minha cabeça estava prestes a explodir. Eu me afogava em lágrimas, porque o dia já havia sido tão doloroso, tão cheio de angústia, e tudo nesse momento me fazia piorar. 

Eu estava deitado na cama, virando de um lado para o outro, com as mãos tampando meus ouvidos.

ㅡ Está muito barulho, isso dói ㅡ Sussurrei baixinho ㅡ Para, por favor. Está doendo muito. 

Minhas lágrimas lavavam meu rosto, e eu falava com muita dificuldade pois elas começaram a me afogar. Eu agarrava minhas pernas e balançava de frente para trás, pedindo para que tudo parasse. Tudo parasse. 

Eu queria tanto… queria chorar e sentir a liberdade, queria sentir meu corpo ser abraçado.

Mas eu era tão sozinho, tão sozinho…

O mundo tira tudo de nós, não é? 

When you get what you want, but not what you need

Parece que quanto mais eu gritasse, mais sem sentido era a minha dor. Eu poderia ser tão errado assim? Só desejava que as coisas fossem menos piores, só um pouco. 

Mas às vezes não podemos ter o que queremos, e o mundo gira em torno disso. Nem sempre vamos conseguir repor as coisas que perdemos, e na verdade, talvez seja melhor assim. Porém, a dor não diminui ao longo do tempo, ela apenas se estabiliza, e isso é tão triste. Tudo que queremos é alguma forma de nos sentirmos melhores, de resgatar os nossos amores.

Queremos uma forma de não nos sentirmos tão desgastados, porque o mundo nos quebra todos os dias, pegam os pedaços e nem tentam juntá-los. Eu faria tudo para ser consertado, reconstruído, para sentir que estou vivendo de novo. Mas eu sabia que isso não iria acontecer, porque meus cacos já foram jogados fora, e aqui apenas vivia a parte oca de mim, a parte sem vida. 

O único momento que eu me sentia completo, era quando sentia sua presença. Via seus cabelos ao vento, o cheiro de morangos inalando meus pulmões, os seus olhos escuros consumindo todas as partes de mim. Era lindo, repleto de todas as coisas boas que eu nunca pude sentir, sua presença me aquecia em meio a aquele tempo de inverno, onde tudo era tão gélido.  

E lembrando do compromisso que tenho a seguir, levanto-me da cama, com as mãos ainda tremendo. Caminho devagar até a porta e a abro, finalmente entrando na varanda, sentindo meu corpo ser consumido pelo frio. Mas para minha surpresa, quando olho para o lado, o rapaz já estava lá. Ele havia chegado mais cedo, e isso era estranho. 

Algo ainda mais estranho, era que ele estava diferente. Não estava com a feição calma de sempre, era muito diferente disso. Ele estava chorando, soluçando de chorar, e parecia tão assustado. Seu corpo inteiro tremia, seus lábios estavam vermelhos sangue, sua voz, a qual eu nunca havia escutado, estava embolada de tanto chorar. 

Eu me senti tão pequeno, tão impotente. Tudo que eu queria era abraçá-lo e curá-lo de todas as suas dores, desatar todos os nós que sua voz parecia abrigar. Eu queria correr, entrar naquele apartamento, e tentar consertá-lo. 

Amor, você não sabe que nós sangramos da mesma forma? 

Me leve para casa. 

Mas o que eu poderia fazer? Simplesmente bater na sua porta e dizer que eu o observo todos os dias, que me importo com ele, que estou aqui para qualquer coisa?

Ele me chamaria de louco, e talvez seja verdade.

Certamente ele precisava de alguma companhia.

Certamente ele estava com muito frio, como naquele dia.

Certamente…

Certamente eu deveria fazer algo por ele, e eu o faria, sem pensar duas vezes. Dessa vez ele não fumou, nessa única vez ele apenas chorava, e involuntariamente eu senti lágrimas beijarem meu rosto, lentamente. Doía e queimava de uma forma que meu coração não ousava aguentar, mas me segurei para não chorar ainda mais, e não fazer barulho, porque toda vez que choro, eu grito. 

Esperei que ele saísse da varanda, como em todas as outras vezes, e entrei o mais rápido possível. Nada vinha em minha mente, o que eu poderia fazer? Não sei o que o aflige, não o conheço para saber o que o acalma, então eu só tinha uma escolha. 

Fazer algo para distraí-lo da dor, nem que fosse apenas por um minuto. 

E tudo que estava ao meu alcance naquele momento era a única coisa a qual eu tinha poder, uma caneta, um papel, e tudo que senti todas as noites a qual o observei. 

Os pelos a flor da pele, as pupilas dilatadas, o ar entrecortado, a pulsação viciante, todas as reações do meu corpo gritavam por você, clamavam para que sua voz se dirigisse a mim apenas uma vez, que clamasse pela minha da mesma forma. 

Então a escrita foi frenética, os batimentos foram alucinantes, o aperto no peito queimava, e eu não sabia até que ponto isso era bom, mas falar sobre ele e me abrir ao que eu sentia era avassalador. E tudo dentro de mim sujou esse papel como uma mancha de verdade. 

Era tudo sobre ele, e nada mais importava naquele momento.

Nada importou quando coloquei o papel em um envelope, nada importou quando abri a porta de casa, nada importou quando parei em frente a sua porta, nada importou quando dei um suspiro ou dois, nada, nem mesmo a dor em meu peito importou quando me abaixei para colocar a carta debaixo da porta. 

Mas para mim tudo importou quando a porta se abriu no mesmo segundo em que eu me abaixei. 

E ele olhava para mim como se nada importasse. 

I promise you, I'll learn from my mistakes

Tears stream down your face

And I…

⸙͎۪۫

oi gente,
esse foi o que mais doeu.
<3