𝐶𝑎𝑝 - 11

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Bruno Castellazzo

Seus olhos estão fixos ao meu, o semblante carregado de puro pavor, mesmo de longe observo uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto. 

Meus lábios curvaram num sorriso sarcástico, rapidamente a garota desviou o olhar e seguiu para dentro do hotel acompanhada de um homem, não posso deixar de notar as mãos possessivas envolta da sua cintura, senti uma sensação incomum no meu peito. 

Enquanto permaneço do lado de fora, observando o casal, uma mistura de emoções me invade. O sorriso sarcástico que se formou em meus lábios foi substituído por uma sensação de vazio.

Ouço o som de vozes chamando pelo meu nome, ao mesmo tempo flashes de luz são disparados em meu rosto, ofuscando minha visão.  

Respiro fundo para não matar cada um desses imbecil e, aos poucos, recuperei minha visão e o meu controle. Estava tão perdido em meus pensamentos que não percebi a aproximação dos paparazzi. 

Eu aceno de forma desinteressada, mas por dentro estou em uma turbulência de emoções. O que acabei de presenciar mexeu comigo de uma maneira que não consigo explicar. Minha mente está repleta de perguntas e sentimentos confusos.

Enquanto caminho entre as pessoas tento processar tudo o que acabei de presenciar. Porque aquela maldita garota despertou tantos sentimentos em mim? Por que senti essa maldita dor no peito ao vê-la com aquele  homem?

Sinto uma necessidade irresistível de descobrir mais sobre ela, tocá-la, sentir a maciez da sua pele contra a minha. Cada detalhe sobre ela se torna uma obsessão, alimentando minha mente perversa com anseios e fantasias. 

Ao adentrar no hotel, tento procurar pelo seu rosto, mas para minha infelicidade sou cercado por uma multidão de rostos familiares que infelizmente não é o seu. 

— Senhor — Henrico falou num tom respeitoso, interrompendo meus pensamentos. — Charles Park acabou de chegar — Ergui meu olhar, os olhos fixos em Henrico por um breve instante antes de me voltar à entrada do ambiente. 

Com passos firmes e uma aura de confiança inabalável, o bastardo Charles Park adentra o  recinto. Seu porte imponente e sua postura ereta denotavam a arrogância e a segurança que o cercavam. Era como se ele acreditasse que o mundo estava à sua mercê, uma marionete controlada por seus caprichos.

Meus olhos observaram seu sorriso de superioridade, os olhos cintilantes de desdém. Cada gesto que ele fazia parecia proclamar sua presença dominante no ambiente.

Em meio a minha observação atenta, uma chama ardente de desafio surgia em meu íntimo. Charles Park podia ter uma confiança inabalável, mas eu possuía a astúcia e a determinação necessárias para enfrentá-lo. Eu estava pronto para adentrar um jogo perigoso, onde cada movimento seria calculado e cada passo dado com cautela.

Eu aprendi a arte da observação com meu progenitor, desde jovem, fui instruído a estudar as pessoas ao meu redor, a mergulhar em suas almas corrompidas e decifrar suas intenções mais nefastas. Ele me mostrou como extrair informações valiosas apenas pelo simples ato de observar. Como decifrar os segredos ocultos nos olhares, nos tremores sutis das mãos, nas curvas sinuosas dos sorrisos. Cada detalhe, por menor que fosse, poderia revelar uma fraqueza, uma vulnerabilidade a ser explorada.

Meus olhos penetrantes e minha habilidade de decifrar as almas são herança do meu progenitor, mas eu ultrapasso os limites estabelecidos por ele. Enquanto meu pai era um mestre da escuridão, eu me tornei algo além disso. A maldade que corre em minhas veias é mais profunda e cruel do que qualquer um poderia imaginar.

SentenciadaWhere stories live. Discover now