◇ Capítulo 40 ◇

80 11 1
                                    

P.O.V  Dean

DOMINGO, 18 DE SETEMBRO DE 2011

É quase meia-noite.

Afora alguns exercícios, tive um dia tranquilo com meu marido; só saímos para ver Chuck, que já está se recuperando.

Além disso, insisti para que Cass ficasse na cama e descansasse.

Ele concordou, mas tem lido alguns manuscritos, e nenhuma pressão da minha parte poderia convencê-lo do contrário.

A Sra. Jones voltou da casa da irmã e essa noite preparou uma farta refeição de três pratos para nós dois.

Ela parece tão ansiosa quanto eu pelo bem-estar de Cass.

Cass adormeceu pouco depois das dez da noite.

Comecei a trabalhar e agora estou avaliando com atenção as notas que a Sra. Collier escreveu para minha mãe e meu pai enquanto eu estava sob seus cuidados.

Ela tem uma caligrafia bem
delineada e organizada e suas palavras provocam pequenas
reminiscências que iluminam os cantos escuros da minha memória.

~~~

Denny não me deixa lavá-lo, mas ele sabe como se lavar. Foram necessários dois banhos para deixá-lo limpo, e tive de ensiná-lo a lavar o cabelo. Ele não tolera que o
toquemos de forma alguma.

~~~

~~~

Denny teve um dia melhor hoje. Ele ainda se recusa a falar. Não sabemos se ele é mudo ou não. Mas tem um temperamento e tanto. As outras crianças têm muito
medo dele.

~~~

~~~

Denny ainda não deixa que ninguém o toque. Ele tem crises quando tentamos.

~~~

~~~

Denny está com fome. Ele tem muito apetite para uma criança tão magrinha. Suas comidas favoritas são massa e sorvete. Nossa filha, Phoebe, se encantou por ele.
Ela o adora, e ele tolera a sua atenção. Ela se senta e desenha
com ele. Não acho que ele tenha muita experiência em desenho.

~~~

~~~

Para onde Phoebe for, Denny a seguirá. Hoje Denny teve uma crise. Ele não gosta de se separar do seu cobertor. Mas está imundo. Eu o deixei observá-lo rodando na máquina de lavar. Essa foi a única coisa que o acalmou.

~~~

As memórias surgem e sobem à superfície aos trancos e
barrancos, mas é a sensação de estar sobrecarregado que mais
pesa sobre mim.

Eu estava em um lugar estranho, com uma família estranha... deve ter sido terrivelmente confuso.

Não é à toa que escolhi esquecer aquela época.

Contudo, após ler as anotações, sei
que não sofri nenhum dano lá e me lembro de Phoebe.

Ela cantava para mim.

Canções bobas.

Ela era gentil e especialmente doce
comigo.

Sou grato por meus pais terem guardado essas cartas.

Elas me lembram quão distante estou daquele garotinho assustado.

Eu não sou mais ele.

Ele não existe mais.

Penso em compartilhá-las com Cass, mas me recordo de sua
reação às fotografias.

Sua tristeza ao contemplar aquela criança faminta e abandonada.

E isso o faria lembrar daquele idiota do Kline... e de quanto ele e eu temos em comum.

Para o inferno com isso.

Cass já teve o suficiente para lidar nos últimos dias.

Coloco as cartas, os desenhos e as fotos em uma pasta de papel
pardo marcada como DENNY e a guardo em segurança em meu
arquivo por mais um dia.

Talvez, quando ele estiver totalmente recuperado.

Além do mais, preciso conversar sobre esse assunto com Flynn, e é melhor fazer isso antes de compartilhar com Cass.

Ele é meu marido, não meu terapeuta.

Tranco o arquivo e verifico a hora.

É tarde e Cass está dormindo quando me deito e o puxo em meus
braços.

Ele murmura algo ininteligível enquanto eu respiro seu perfume calmante e fecho os olhos.

Meu apanhador de sonhos.

__________________________________

594 palavras

◇*Part 3* 100 Tons de Destiel pelos olhos de Dean◇Where stories live. Discover now