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— rafe

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rafe.

A visão do nascer do sol proporcionada pela janela quarto era indescritível, mas fechei os olhos por um segundo, absorvendo a brisa fria do começo da manhã. Beatrice ainda dormia quando levantei e vim até a sacada, incapaz de pegar no sono e pensando em maneiras de evitar previamente a conversa que sabia que ela iria querer iniciar assim que acordasse. Levei o cigarro que tinha em mãos até os lábios e traguei devagar, permitindo que a nicotina se espalhasse em meu organismo na tentativa de me trazer alguma calma.

A dor se espalhou como um choque por minhas costelas e meu abdome quando me debrucei sobre o parapeito da sacada, mas não me incomodou tanto, já não me incomodava mais há muito tempo. Quando se é submetido tantas vezes a algo assim, acaba virando rotina, e eventualmente você se acostuma, eu me acostumei. Sarah insistia constantemente que eu deveria ir a um psicólogo, mas eu não via sentido na ideia, não mudaria nada, não melhoraria nada.

— Rafe..? — ouvi Beatrice murmurar de dentro do quarto e olhei por cima do ombro.

Um pequeno sorriso se formou em meus lábios ao vê-la sentada em meio aos lençóis, os olhos semicerrados com o sono ainda tentando dominá-la. Apaguei o cigarro e o joguei fora antes de entrar novamente e me sentar na cama ao seu lado. Beatrice me encarou por alguns instantes até enfim estender as mãos em minha direção e segurar a barra da camisa.

— Evans... — sussurrei ao colocar as mãos sobre as suas.

— Por favor, — ela falou baixinho, a voz ainda rouca de sono — me deixa cuidar de você, pelo menos dessa vez.

— Já cuidou de mim antes.

— E você sarou direitinho, não foi?

Suspirei e lentamente soltei suas mãos, permitindo que ele retirasse a camisa e encarasse todo meu corpo, agora coberto apenas pela boxer preta. De repente, enquanto ela encarava os hematomas que já se formavam em minha pele, me senti mais novo outra vez, como o mesmo garoto assustado que Sarah uma vez observou ao descobrir o que nosso pai fazia. As lágrimas se acumularam em meus olhos mesmo com todo o esforço que fiz para segurá-las. Beatrice passou a mão em meu rosto, acariciando as bochechas e me puxou devagar em sua direção, simplesmente permiti que ela me abraçasse, e com o rosto encostado na curvatura de seu pescoço, respirei fundo para evitar chorar em sua frente.

— Normalmente eu não falaria isso para ninguém... — ela murmurou baixinho, os dedos deslizando em meu cabelo. — Mas acho incrível sua dedicação e foco no hóquei Rafe. Quando pisa no gelo, você esquece tudo, nada mais importa além de levar o time a vitória, custe o que custar. E se Ward não reconhece isso... bem, eu diria que ele é um babaca idiota e presunçoso, mas isso já é um fato consumado.

𝐒𝐂𝐀𝐑𝐘 𝐋𝐎𝐕𝐄; 𝘳𝘢𝘧𝘦 𝘤𝘢𝘮𝘦𝘳𝘰𝘯Where stories live. Discover now