Capítulo 6

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- Você dormiu aqui.

Ela falou me encarando completamente a vontade em sua  cozinha preparando café.

- Pensei que  você poderia  se sentir mal e eu não estaria aqui.

-Faz sentido, de qualquer maneira obrigada.

- Você não precisa agradecer por isso, porque não senta? eu pedi a Dixon que  trouxesse algumas  coisas pra nosso café.

- Tudo bem, se você quiser  tomar banho o banheiro fica  ao lado do meu  quarto que  você provavelmente  sabe  onde é porque eu lembro de ter adormecido na sala mas  hoje pela manhã estava no quarto.

Ela  parecia descontraída.

- Eu não poderia  deixar você dormir  no sofá depois de  ter chegado  daquele jeito, e a propósito por  favor não deixe as coisas ficarem assim outra vez ou eu terei que intervir.

- As vezes acho que o Jeff agora me  odeia.

- Eu acho que ele estava apaixonado por você.

- Do que  está falando Darius?

- Com um filho na cabeça dele  você  não teria mais  chances de uma relação então agora ele  te repele.

- Porque eu estou dando relevância a isso Darius?

- Porque  você sabe que estou certo.

- Mas você acha que ele iria  tão longe a ponto de  me maltratar desse jeito?

- Parece que  você apanha  da vida e  mesmo assim não aprende não é mesmo?

As vezes eu acho que  por trás  da  capa de mulher independente existe uma extremamente frágil e ingênua.

- Enfim... Ela pareceu ressentida com minha reflexão. - O que  você queria  falar comigo ontem?

- Na semana  passada quando eu viajei  eu comprei algumas coisas pra o nosso bebê espero que  não se importe.

- Claro que  não Darius! eu estou feliz que  tenha  feito na  verdade, eu ainda  não consegui avançar tanto assim porque ainda tenho medo você sabe...

- Mas em breve estaremos  no quinto mês, a doutora disse que...

- DROGA!

Ela me interrompeu correndo pra um calendário na  geladeira.

- Tenho uma consulta hoje.

- Que horas?

- Daqui a uma hora.

- Então  temos  tempo.

- Você  tem uma  reunião agora pela  manhã.

- Na verdade não, eu até estava estranhando porque havia  um vácuo em minha agenda, com certeza devo  ter esquecido.

- Então eu  vou tomar banho e me vestir, você pode usar o banheiro que eu disse .

- Tudo bem eu  vou limpar isso aqui primeiro.

O apartamento dela  era moderno mas ao mesmo tempo aconchegante, de repente me peguei imaginando aquele branco extremamente colorido por brinquedos e itens de criança, todo aquele vidro parecia não combinar com alguém começando a andar exatamente como todas aquelas escadas  da minha  casa e de repente  pensei que  talvez eu realmente estivesse a frente  do meu  tempo como Nathalie falou mas era algo involuntário.

Quando  sai do banho ela estava vestindo azul, eu acho que essa era uma das cores que mais  combinavam com sua  personalidade.

- Estava a sua altura?

Ela  falou em tom de deboche.

- Nathalie, Nathalie... Você age como se viesse de baixo mas  nós  dois  sabemos que nem alguém com seu  ótimo salário de diretora de Marketing conseguiria manter esse apartamento aqui.

- Você me pegou.

- Ela riu e começou a organizar a bolsa enquanto eu terminava de me vestir.

O trânsito não estava ruim então chegamos ao  consultório da doutora Gail em cerca de 25 minutos.

- Bom dia senhor Cross, é bom vê-lo aqui outra  vez.

Eu ainda  não  tinha  decidido se  gostava  dessa médica  ou não, mas o importante é que  ela estava  cuidando bem da Nathalie e do bebê.

- Eu gosto de estar por  dentro do que  está acontecendo  doutora.

Respondi  talvez seco demais.

A enfermeira conduziu Nathalie até a  sala que o exame seria feito e ela trocaria de roupa mas antes que eu pudesse acompanhar doutora Gail me parou.

- Algum problema?

Perguntei prontamente.

- Não realmente, mas eu preciso que Nathalie pare de pegar todo trabalho do mundo pra sí os  níveis de stress estão muito altos , os hormônios  já estão  uma loucura  por  causa  da gravidez e se a pressão aumentar ai será extremamente perigoso pra gravidez; Antes ela estava só mas  agora  vejo que o senhor é muito presente então acho que está na hora de curtir um pouco a gravidez e eu já  tentei alertar mas parece que ela simplesmente ignora.

- Não se preocupe, eu vou ajudar com isso.

- Que bom! isso é bom pra vocês dois.

Seguimos pra sala e Nathalie já estava deitada na maca. Todas as vezes que fazíamos ultrassom eu conseguia vê a real dimensão de sua barriga que normalmente não era tão visível embaixo de todas aquelas roupas.

- E então está tudo bem doutora?

Ela perguntou após ouvirmos os primeiros  batimentos.

- Por aqui tudo bem, a bebê está no tamanho correto os  batimentos estão okay e a formação também...

- Espere você disse ela?

Interrompi.

- Eu não me lembrava que hoje seria o grande dia, me desculpem.

- Então é uma menina doutora?

Os olhos da Nathalie já estavam cheios de lágrimas.

- Bem, é o que o monitor me mostra.

Ela respondeu sorrindo pra nós.

Aquele momento despertou em min  uma sensação completamente nova. Droga eu queria chorar...Era tão emocionante saber que em alguns meses eu pegaria alguém nos braços e esse pequeno ser teria um pouquinho de min.

Olhei nos  olhos da Nathalie e ela parecia entender exatamente o que eu estava pensando.

- Nathalie eu sei que  você está preocupada mas a parte mas perigosa já passou, você ainda  deve ser cuidadosa mas os riscos de um aborto espontâneo são muito remotos nessa altura principalmente porque você não tem nenhuma doença preexistente e nem a criança.

- Então estamos mesmo bem?

A médica assentiu e era como se estivessem tirando um peso das costas de Nathalie.

Quando saímos  do consultório eu estava fazendo um grande esforço pra  conter meu entusiasmo não queria  parecer  deslumbrado mas com toda  certeza havia algo que eu queria fazer.

- Senhor vamos  pra  empresa ou deixaremos a senhorita Millano em casa e depois seguimos?

- Nenhum dos  dois Dixon, vamos a esse endereço que eu mandei no seu celular. 

Eu já havia esperado tempo demais , precisava deixar que  Nathalie  também participasse disso.


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