Capítulo 20

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- E então  doutor?

Disse quando avistei o médico que nos atendeu quando chegamos ao hospital . Apenas três horas depois conseguiram chegar na minha casa e nem os meus próprios empregados acreditaram que naquele dia havia acontecido um parto.

- Não se preocupe senhor Cross , o senhor está pronto pra integrar nossa equipe !

- Eu não  pretendo fazer isso nunca mais.

O médico sorriu e então acrescentou: - O resultado dos exames está completamente normal os sinais vitais e fisiológicos da criança também estão ótimos  , nós vamos liberá-las em breve !

- Obrigada doutor,  eu posso vê Nathalie?

- Claro que  sim, ela foi  levada pra  o quarto 530.

Caminhei até o final do  corredor para encontrá-la vestindo um pijama  tão  rosa quanto a cor do  quarto.

- Está tudo bem?

Perguntei.

- Parece que eu fui atropelada por um mamute mas  fora isso não  tem nenhum aparelho ligado a min então presumo que sim.

- Eles disseram que aurora está bem.

- Isso é música pra meus ouvidos.

Ela confessou.

- Não é algo que eu queira fazer outra  vez mas trazer nossa filha ao mundo foi mágico pra min, despertou sentimentos que eu nem sabia que existia; Até então nós só ouvíamos seu  coração mas eu pude sentir a vida saindo do seu peito.

- Você  foi incrível.

Antes que eu pudesse falar alguma  coisa meu celular  tocou, era Dimitri.

- Eu não posso acreditar que  você fez um parto.

- Quem te contou?

- Eu liguei pra você e não conseguia  falar então liguei pra o Dixon e ele disse que você havia entrado com as meninas.

- Foi a coisa  mais louca que  já fiz na minha vida.

- Eu queria estar ai.

- Não se preocupe eu sei quanto  você deve estar feliz por min.

- Estou na Itália resolvendo umas coisas com mamãe.

- Por  favor  não  fale  nada com ela.

- Uma hora ou outra ela  vai saber pela mídia  assim como soube dos problemas que enfrentou recentemente.

- Dimitri ela não se interessa por nada que eu faço desde que me expulsou então não merece partilhar das minhas alegrias.

- Vocês  deveriam resolver isso.

- Por muito tem você  sabe que eu quis mas ela simplesmente me excluiu da vida  de vocês  por não querer seguir os passos da família, ela  nem me cita mais como um filho nas entrevistas...

- Isso é ruim...

- Não irmão, eu  tenho você assim como tinha o papaia mas infelizmente não posso ficar esperando que mamãe e as outras se deem conta de que eu sou família também. Se não me querem como  familía então eu devo buscar a minha própria  família e eu posso te garantir que nunca vou me afastar da minha filha por nenhuma escolha de vida que ela venha  fazer.

- Você está certo.

Ele disse encerrando o assunto pois a mesma havia acabado de chegar.

- Está  tudo bem?

Nathalie  perguntou me encarando.

- Sim, é só que  falar da minha mãe me deixa um pouco estremecido.

- Acho que  posso compreender.

Ela completou.

- Olha quem chegou...

Encaramos ao mesmo tempo cheios  de ansiedade a enfermeira que entrava no quarto empurrando um carrinho e lá estava ela, as bochechas extremamente rosadas e o cabelo  claro como o sol, usava uma roupa amarela e parecia confortavelmente quentinha.

- Ela é tão linda.

Nathalie disse aninhando-a em seus braços.

Parece loucura mas aquele era um sonho que  tinha  sido enterrado a muito  tempo, um dia  em meus mais  remotos devaneios imaginei-me  segurando uma criança nos  braços tendo alguém pra partilhar os meus dias mas a vida as vezes se mostra  tão fria e dura que a magia dos sonhos acabara por dar lugar ao ceticismo e a precisão. O desejo de ter controle é derivado do medo de estar vulnerável e poder se machucar.

Desde que minha mãe  abriu mão de estar ao meu lado porque eu não queria ser um boneco em suas mãos simplesmente me fechei pra amar, eu amava minha mãe e sempre fiz tudo pra estar ao seu lado mas quando eu quis tomar minhas próprias decisões ela simplesmente me riscou de sua história perfeita e aquilo me  cortou, eu nunca mais queria experimentar o amor outra vez e sentir possivelmente aquela dor .

Quando eu finalmente tive um relacionamento os meses ao lado de Ligia eram muito práticos, estávamos nos lugares certos tínhamos as interações  certas e aquilo era confortável mas desde que Nathalie entrou na minha vida pra valer eu me peguei querendo fugir dessa praticidade, ela era completamente imprevisível mas por outro lado era vestida de emoções sinceras e isso alimentava em min a vontade de querer ficar ,as vezes passava pela minha mente que ela poderia ser alguém que eu tivesse conhecido antes , alguém que ficasse ao meu lado durante toda aquela dor  do tratamento; Eu gostava de acreditar que Nathalie me apoiaria e cuidaria de min. 

Cada dia que passava era difícil entender a bagunça dentro de min mas  desde aquele  beijo parecia que eu havia cruzado um ponto  do caminho que  já  não era mais possível retornar, talvez fosse isso que   significasse se apaixonar, a falta de respostas a insegurança , as reações e sentimentos maiores que a razão.

Parece que eu havia me apaixonado perdidamente pela mãe da minha filha e aquilo me deixava apavorado, e se ela me rejeitasse? ou dissesse que eu estava equivocado?

 Eu olhava pra ela sorrindo com nossa filha nos  braços e  tudo que conseguia sentir era gratidão, parece que aquelas  duas mulheres me tinham em suas mãos.

Então somos TrêsWhere stories live. Discover now