42. partners in crime

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A ÁGUA GELADA foi como uma bênção para a face quente de Savannah. Apoiando-se nas laterais da pia, ela permitiu-se aproveitar a sensação refrescante por mais alguns segundos antes de reunir as mãos embaixo da torneira e levá-las ao rosto novamente. Em seguida, fechou o registro e fitou o próprio reflexo no espelho: ela parecia pálida e abatida, e estava tão mal quanto aparentava. Aquele havia sido um dia pesado, tanto em questão emocional quanto física. A garota não via a hora de simplesmente descansar, embora temesse não conseguir aquietar a mente o bastante para fazer isso quando estivesse sozinha.

Ela estava em paz agora, porém. Apesar do cansaço, apesar das dores, apesar do que a sua péssima aparência parecia representar, Savannah estava mais relaxada agora do que jamais estivera naquele dia inteiro. Depois da correria de sua vigília, ela finalmente tinha outras coisas — possíveis pistas que poderiam ajudar em sua investigação, ainda por cima — além da morte do pai com as quais ocupar a mente.

Isso, e Peter.

Ele ainda estava no quarto dele, a apenas alguns metros além da porta do banheiro, e saber daquilo deixava a Major tranquila; pela primeira vez em horas, ela não queria ficar sozinha. Além do mais, eles tinham muito a conversar, não tinham? Ela finalmente se sentia preparada para falar sobre tudo que acontecera, e também precisava agradecer pelo rapaz ter salvo sua vida não só uma, como duas vezes em menos de vinte e quatro horas. Também queria agradecer mais uma vez pelas roupas novas que ele lhe emprestara, considerando que as dela estavam sujas de sangue: a menina agora vestia uma calça de moletom e uma blusa com os dizeres "Eu estou com a força e a força está comigo". As peças haviam ficado grandes, mas Savannah se sentia tão confortável que planejava roubá-las para nunca mais devolver. 

Ok, brincadeirinha.

Talvez.

Por fim, a vigilante abriu a porta do banheiro e o deixou, carregando consigo a sacola na qual surrara suas antigas roupas. Ela não encontrou, porém, Peter em seu quarto; ela o achou na sala de estar, depositando um copo d'água e um prato com cookies de chocolate na mesa de centro. Ele levantou os olhos conforme Savannah parava na entrada do cômodo, a apenas alguns passos dele.

— Oi — ela disse, rouca.

— Oi — ele replicou.

Os dois se encararam por alguns segundos que pareceram se estender infinitamente. Os olhares eram indecifráveis e, ao mesmo tempo, cheios de significados, como se carregassem tantas palavras não pronunciadas que elas se misturavam e se confundiam. Ainda havia muito, muito a ser dito. Eles não tinham tido a chance de conversar de verdade desde que se encontraram na casa dos criminosos: tirando quando Peter lhe contara sobre seus poderes, eles não haviam falado praticamente mais nada. Após o garoto terminar o curativo de Savannah, eles somente passaram mais alguns minutos em silêncio e de mãos dadas, respirando e descansando, e então se levantaram. O Homem-Aranha seguira para guardar os equipamentos de primeiros-socorros, ao passo que a Major ocupara-se em se livrar de todo o sangue que ainda restava em sua pele e colocar roupas limpas.

Agora, ali estavam eles.

Depois de mais alguns segundos imersos na quietude, o amigo pigarreou.

— As roupas ficaram boas? Se quiser, eu posso pegar alguma coisa da May, sei que ela não vai se importar...

— Não, não precisa — Savannah interrompeu, aproximando-se enfim com um sorriso singelo. — As roupas ficaram ótimas. Obrigada.

Peter anuiu lentamente, um pequeno sorriso também surgindo em seus lábios.

— Imaginei que pudesse estar com fome depois de toda a ação de hoje. — Ele indicou a comida na mesa com o queixo. — Esses não são os cookies de May, fique tranquila. Garanto que são mais comestíveis do que os dela.

SUPER ¹ ━ peter parkerWhere stories live. Discover now