11. a supername

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EMBORA AINDA FOSSE quarta-feira e nada de muito importante tivesse acontecido desde aquele domingo em que Savannah conversara com o Homem-Aranha, Lia visivelmente estava começando a sentir os efeitos das patrulhas noturnas: nem mesmo a maquiagem conseguia cobrir as grandes olheiras debaixo dos seus olhos, adquiridas somente após algumas noites de vigilância. Ela, sentada em frente à Savy em um dos bancos de madeira que havia do lado de fora da escola, cobriu a boca ao soltar um grande bocejo.

— Não sei como você consegue — murmurou enfim, apoiando a cabeça nas mãos. Claramente referia-se ao fato de a amiga não estar quase dormindo sentada.

A menina também não sabia dizer como não estava quase morrendo ali mesmo. Talvez por fim estivesse acostumada a toda aquela correria, apesar de aquilo não significar que não ficasse cansada. Em decorrência disso, ela somente deu de ombros, sem tirar os olhos de sua apostila. A garota deveria estar aproveitando os poucos minutos antes de o sinal tocar para finalizar a tarefa de Cálculo — a qual lhe foi dada fazia uma semana, só para constar —, mas, ao invés disso, ela havia se distraído e começado a rabiscar coisas aleatórias no caderno, desde pequenos desenhos de estrelas a possíveis codinomes de heroína. Havia escrito, por exemplo, Sombria e até algumas patentes militares, tais como cabo e general.

Tinha esperanças de que alguma das alcunhas ali fosse fazê-la ofegar e pensar "É isso!", no entanto, nada aconteceu. Todas pareciam vazias, desprovidas de significados, e ela queria algo que tivesse algum valor para si. Encarou a folha riscada, um pouco frustrada, para então balançar a cabeça e fechar o livro.

Percebeu, pelo rabo do olho, Amelia piscar diversas vezes a fim de se manter acordada. Provavelmente, o vento matinal que açoitava o rosto das garotas era a única coisa que a impedia de cair no sono ali mesmo.

— Eu estava pensando... e se eu tivesse um codinome também? — Bennett soltou após dar mais um bocejo. — Sabe, para quando nos comunicarmos nas missões. Não é como você pudesse me chamar de Lia ou Amelia.

Na noite anterior, por causa de um pequeno problema ocorrido durante uma perseguição, as duas haviam estabelecido uma maneira de se falarem enquanto Savannah trabalhava: por baixo da touca, a vigilante usaria o fone de ouvido sem fio conectado ao celular, que por sua vez estaria em uma chamada com Lia. Não era nada como os comunicadores existentes em filmes de espiões nos quais elas se inspiraram, mas era o melhor que tinham disponível no momento; ademais, aquela era uma técnica apenas para certas situações, até porque as contas telefônicas das adolescentes viriam uma fortuna se fizessem aquilo a cada patrulha.

— Dado o seu histórico com nomes, só posso esperar o pior — Savy alfinetou.

Lia, além de ter revirado os olhos, chutou-a por baixo da mesa. Evans soltou um muxoxo enquanto voltava os olhos para a outra, que simplesmente a ignorou e prosseguiu:

— O que você acha de Relâmpago?

A heroína inclinou a cabeça para o lado e franziu o beiço, pensativa.

— Não é tão ruim, na verdade — admitiu. Em seguida, adotou um tom divertido. — Qual o motivo? É por que você vai ser tão rápida quanto um relâmpago para me ajudar? — caçoou.

— Eu só estava pensando no Relâmpago McQueen, mas a sua explicação é mais legal...

A revelação fez uma gargalhada escapar da boca de Savannah, que logo foi acompanhada por Lia. As risadas somente cessaram, ainda que gradativamente, quando Betty Brant surgiu no campo de visão delas, aproximando-se das duas com papéis coloridos em mãos. Seus cabelos estavam impecavelmente repuxados para trás por uma tiara escura, a qual combinava com o casaquinho que usava por cima de um vestido.

SUPER ¹ ━ peter parkerTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon