16. partners for one night

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AMELIA ENCARAVA A LOUSA transparente de Savannah sem entender muita coisa. A superfície era um caos de rabiscos — a letra de sua melhor amiga definitivamente não era bonita —, recortes de jornal e barbantes e alfinetes conectando tudo. Bennett lembrava-se de que, antigamente, costumavam desenhar naquele que agora parecia ser um quadro de investigação.

Talvez fosse o cansaço, talvez fosse a indisposição ou então os próprios pensamentos que a distraíam, mas Lia não estava conseguindo acompanhar as anotações. Ela sabia que, naquela lousa, estava tudo que elas tinham conhecimento sobre o amplo caso das armas alienígenas. Agora, compreender o que estava escrito ali... aquela seria uma tarefa um pouco complicada. Correndo os olhos pela explosão de informações, ela pelo menos tinha uma noção melhor do que Savannah quis dizer na conversa de telefone que haviam tido não muito tempo atrás: aquela rede de crimes era muito mais complicada do que imaginaram inicialmente.

A ligação tinha sido breve, e Lia já estava em casa havia um certo tempo quando o celular tocou. Tinha finalmente tomado um longo banho após voltar do intenso treino de torcedoras, ao qual teve de comparecer mesmo passando grande parte do dia dentro de um museu. Ao contrário dela, Savannah pulou o compromisso — mesmo que aquele fosse o terceiro treino do mês em que a heroína faltava, mesmo que tivessem uma apresentação dali a uma semana, Amelia não argumentou. Ela sabia que a amiga não conseguiria se concentrar por causa do ataque ao carro de Kyle e também sabia que, sendo quinta-feira, ela tinha que trabalhar. Evans merecia um pouco de descanso antes de ir para a academia.

A própria Bennett estava cansada. Cansada das tarefas escolares, cansada das rondas que ia quase toda noite — apesar de se recusar a não ir — e também cansada de seu nervosismo inquietante, do medo que a transtornava profundamente.

A verdade era que Lia estava apavorada. Com todos aqueles ataques que vinham ocorrendo naquela semana, a veículos tanto policiais quanto civis, a menina começara a ficar cada vez mais aflita toda vez que ela ou seus pais saíam de casa. Como poderia ficar tranquila quando qualquer um deles poderia muito bem ser um alvo das detonações? E, com o carro do detetive Evans explodido... alguém que ela conhecia ter sido afetado tornava tudo ainda mais real.

Era curioso. Durante todo aquele tempo em que vinha fazendo vigílias com a Major, ela nunca sentiu tanto medo quanto sentia ultimamente — ela se trancava no carro, ficava com o spray de pimenta na mão e conversava com Savy pelo telefone. Não tinha dúvidas de que, se algo dessa errado, Savannah iria correndo até ela. O pensamento a tranquilizava, apesar de fazê-la se sentir culpada.

Amelia não queria que a amiga sentisse o peso de ainda mais responsabilidades. Sendo assim, ela não tinha falado nada sobre aquele pânico que começara a espreitá-la quando os ataques aos carros se iniciaram.

Mas Savannah, ah, Savannah, ela a conhecia bem demais. Claro que percebera o comportamento esquisito de Lia toda vez que entrava em um carro; dois dias atrás, quando a menina apertara tanto o volante que os dedos doeram e olhara tantas vezes pelo espelho retrovisor para certificar-se de que não seria surpreendida por nenhum bandido enquanto voltavam da escola, enfim Evans perguntara o que estava errado.

Não havia mais como Lia se esquivar das perguntas que nem fizera antes, não havia como fingir que estava agindo normalmente, então ela simplesmente optou por revelar a verdade. Naquela tarde, elas tiveram uma conversa longa, uma na qual Savannah prometera não deixar nada de ruim acontecer com a amiga. Desde então, a Major não avisava quando ia patrulhar somente para evitar levar Bennett com ela, coisa pela qual a adolescente não se ressentia.

E foi aquela consideração que provavelmente levara Savannah a ligar para Amelia naquela tarde. Ela lembrava-se que havia acabado de desligar o secador de cabelos quando o celular começou a tocar. Ao ver que era Savannah do outro lado da linha, perguntara-se se seria algo sério. Pelo horário, sua amiga já tinha saído do trabalho e devia estar em casa.

SUPER ¹ ━ peter parkerWhere stories live. Discover now