Capítulo - 4

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MATHEUS

Que noite, minha avó já está dormindo quando abro a porta do apartamento. Entro em silêncio quando vejo tudo apagado e tomo um banho rápido e me jogo na cama. Ainda não acredito em tudo que aconteceu nesta noite. Eu sabia que cidade pequena tinha dessas coisas, mas não consigo acreditar que tem gente que se acha melhor que outros só porque julgam o outro por conta de boatos.

Sei que o Ronaldo não gostou muito do que falei, mas de todos que conheci aqui, ele parece ser o mais babaca de todos.

Pego meu celular e vejo que todos os caras me mandaram solicitações no Instagram, aceito todos e começo a segui-los também. Pelo menos comecei a me enturmar e como vou passar o ano convivendo com esses caras preciso me acostumar. Eu não estou mais em Belo Horizonte, sinto falta dos meus amigos, das conversas, desde que tudo rolou eu sumi durante quase um mês e muitos acharam que eu não queria era responder, menos o Bruno, meu melhor amigo do mundo ele continuou tentando falar comigo até o dia que o respondi e expliquei tudo.

O Bruno sempre foi diferente dos outros, ele é gay. E foi para mim que contou pela primeira vez, na verdade ele disse que estava apaixonado por mim depois de uma noite que bebeu demais em uma festa. A festa da Fatinha, eu tomei um susto quando cheguei nela, pois o Bruno não era de beber escondido, mas naquela festa ele bebeu a noite toda e como não tinha condições de ir para casa, liguei para os pais dele e avisei que ele iria dormir lá em casa. Os pais de Bruno não se importaram, ainda mais que vivíamos um na casa do outro.

Eu não esqueci da forma que Bruno estava quando ficou a sós comigo no quarto, tínhamos acabado de arrumar tudo e ele tinha tomado um banho gelado e estava um pouco menos bêbado. Eu entrei no quarto secando o cabelo e ele estava sentado no colchão ao lado da cama. Ele me olhava e eu reparei.

Me sentei ao seu lado e ele desviou o olhar. Eu sabia que tinha algo, tinha semanas que o Bruno vinha ficando estranho comigo, sempre que eu tirava a blusa em um jogo ou quando estava no vestiário, ele se virava, saia de perto e começou a evitar dormir aqui, e hoje na festa...

Bruno naquela noite me olhou e eu vi que ele estava chorando. Fiquei preocupado, já que ele não era assim. Aos poucos Bruno me contou tudo. Me disse que era gay e que estava gostando de mim, por isso não queria ficar perto, porque sabia que eu o odiaria. Meu mundo desabou, não por ele ter me falado que é gay e menos ainda por ele tá gostando de mim, mas por saber que meu amigo tava sofrendo em silêncio e que tinha receio deu me afastar dele. Na minha cabeça eu tinha sido um péssimo amigo, pois ele não sabia que eu não me importava com nada daquilo.

Tive uma das conversas mais sérias da minha vida com ele, falei que não ligava, que não me importava com isso. Que não ia odiar ele que não iria me afastar dele, a menos que ele quisesse. Eu me levantei e pus uma blusa já que vi que ele ficava sem jeito comigo, fui até ele e o abracei. Bruno chorou no meu ombro, mas depois daquela noite ele percebeu que nada ia mudar. Aos poucos Bruno contou para os pais que foram tranquilo e meses depois daquela conversa nossa, ele ficou com o Otávio. Não foi um relacionamento duradouro, mas foram meses que vi Bruno se permitir viver mais. Tudo isso foi um pouco antes do acidente.

Bruno me mandou uma mensagem querendo saber como foi a noite e eu comento com todos os detalhes, como eu queria que o Bruno tivesse aqui, mas ele chegou de viagem hoje também e como as aulas já voltam na segunda, ele me prometeu vir no próximo feriado e eu estou contando com isso.

Quer dizer então que você vai andar com os machões ai. É diferente daqui hein

Sim, mas aqui não conheço quase ninguém. Dei sorte ontem de ir na quadra e acabar trobando com eles. Aí era mais fácil, eu estudava desde pequeno no Athena.

Só não vai se tornar um babaca hein. Esse Ronaldo aí é bem idiota. Agora o Rafa, ele é gay? Bem que podia me apresentar hein.

Não, eu não vou apresentar o Rafa para o Bruno. É o pensamento que me vem logo a cabeça e não entendo o motivo disso.

Eu não sei se ele é gay ou não, mas não sei, e mesmo se for não sei se faz seu tipo. Você já saiu do armário e deve tá em outro momento.

Digito sem parar. Meu amigo apenas manda uma carinha triste e eu bloqueio a tela. Fecho meus olhos e a última coisa que me vem à cabeça é o o sorriso com susto de Rafa quando eu disse que não ligava para ele me olhar, porque eu não ligo mesmo.

Confissões, Amores e Descobertas: A História de Rafael (Romance Gay)Where stories live. Discover now