Capitulo 6

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O pedido chegou após vinte minutos de espera. Pedimos metade marguerita, metade camarão alho e óleo e uma menorzinha de nutella a pedido do Fred.

Tomas não parava de me olhar se quer um minuto. Eu estava dentro de roupas incomuns do meu dia a dia. Tava com um vestido vermelho Ferrari, justo no busto e solto na cintura e uma sapatilha nos pés. Odiava salto.

Ele também estava bem arrumado, uma camisa polo preta, uma calça lavagem escura e um sapatênis, o Fred tava um mini pai dele também. Acabei sorrindo.

-Do que você está rindo? Não vai comer? - ele faz uma pergunta atrás da outra sorrindo também contagiado pelo meu sorriso.

-Tava lembrando de algo engraçado - menti.

-Hum. Não está gostando do nosso passeio? - ele pergunta alheio.

-Porque não estaria? - perguntei confusa.

-Tá pensando em outras coisas - ele diz sorrindo.

-O papai tá com ciúmes - Fred diz rindo com a mão na boca.

Dou risada também e o pai fica vermelho feito pimentão de vergonha.

-Que isso amigão? Envergonhando seu pai assim - ele diz sorrindo e Fred da ombros.

O resto da nossa noite foi agradável e baseada em conversas engraçadas do Fred e Tomas. Eu não tinha muito o que falar de mim sem entregar o que eu faço, o que é uma droga. Tive que ficar pisando em ovos em todas as conversas que Tomas puxava sobre mim.

Confesso que só que queria ser uma pessoa normal, com um emprego digno e digna dessa família linda que é o Fred e Tomas, eles tem uma parceria sem igual, fiquei encantada.

Saímos da pizzaria e caminhávamos pelo calçadão do Leblon calmamente, sentia o vento bagunçar meus cabelos, na frente Fred corria e as vezes parava para esperar a gente que caminhava devagar.

-Então Yá, quando vamos sair sozinhos? Quero te conhecer mais - ele para se virando para mim.

-Podemos marcar. E o Fred? - pergunto me virando para ele.

-Ele fica com a Dani, uma menina que olha ele enquanto eu trabalho - ele diz sorrindo.

E que sorriso! Me derreto todinha.

-Certo, você me manda mensagem e a gente combina.

-Yá? - alguém me chama e me viro para olhar.

Droga! É o Matheus, um menino rico a quem eu entrego maconha diariamente.

- Oi Matheus - droga!

-E aí, não vi você ontem - Ele parou entre mim e Tomas.

Tomas escutava a conversa alheio às vezes olhando o Fred a metros da gente.

-Amanhã não pode faltar aquilo ein - ele fala brincando.

Dou uma risada forcada

-A gente se vê Matheus - digo e ele sai andando.

-Não pode faltar o que? - Tomas pergunta e me viro para ele pálida - quer dizer me desculpe, não posso me meter na sua vida.

-É besteira - digo sem graça.

Mas não o convenceu, ele não é besta. O resto da nossa caminhada foi tranquilo e ficamos mais em silêncio depois de ter encontrado o Matheus, porém não encontramos mas ninguém, pela graça do senhor.

Eu tinha que tomar um rumo na minha vida urgentemente. Mas o Felipe nunca vai deixar o pote de ouro dele ir embora assim.

-Nos vemos depois? - Ele pergunta abrindo a porta do táxi para mim depois de eu recusar mil vezes que não precisava ele me levar para casa.

-Sim, é só me mandar mensagem - balancei o celular no ar.

-Certo.

Ele foi me dá um beijo na bochecha e acabei virando o rosto, ele acabou me dando um selinho. E acabei corando.

-Me desculpe - ele falou recuando a distância entre a gente.

O puxei novamente e induzir a um beijo de verdade, entrelaçando meus braços pelo seu pescoço e ele intensificou o beijo finalizando com dois selinhos. Encostei minha testa na dele e sorrimos.

Senti um frio na barriga feito uma adolescente com seu primeiro beijo.

-Vocês estão namorando? - a voz do Fred nos fez acordar.

E só assim cair na real que tinha o beijado. Eu tomei a atitude do beijo, aí a vergonha me invadiu.

-Ei parceiro, calma aí. A gente só se beijou - ele não me largou, continuou segurando os meus braços - te vejo depois?

-Sim.

Ele me dá outro selinho e entro no táxi.

-Tchau Fred - aceno pra ele e o pai dele me solta um beijo no ar.

-Tchau tia Yá - ele acena de volta.

O motorista da partida no carro e encosto minha cabeça na janela do carro e fico rindo feito boba. Eu não acredito que estou gostando de um policial, eu estava super ferrada.

Desta vez não é um sonho. Embora se manifeste igual a um, eu sei que essa sensação de delírio e desatino é efeito da dopamina ensopando todos os cantos do meu cérebro. Enquanto meu corpo se diverte eu sei que a minha cabeça está em apuros, eu estou super mega ferrada.

Eu queria não ter entrado nessa vida, mesmo sendo por escolha minha e sem necessidade. Sei como é fazer besteira. Ir longe demais e desejar, em retrospecto, não ter feito isso.

É um sentimento realmente péssimo. E eu queria que alguém tivesse me dito há muito tempo que estava tudo bem, que eu podia simplesmente ter parado. Voltar atrás. Não ser tão teimosa nem preocupada em parecer fraca.

Eu achei que sempre seria fria, o amor não era pra mim. Então eu só tinha minha mãe e só. Nunca fui do tipo que precisava de atenção, de ser amada por todos, de precisar de um namorado pra ser feliz.

Sempre passei a imagem de ser forte. Mas só por isso as pessoas achavam que eu nunca chorei, que eu nunca sofri, que eu nunca amei.

E então estou eu aqui, amando, um policial.

Yáحيث تعيش القصص. اكتشف الآن