18 de março; 2018

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Aproveitem, a felicidade de vocês vai durar pouco 😀

Tecnicamente falando, minha alta deveria ter sido ontem. Mas, graças a minhas praguinhas particulares (as bactérias do meu miocárdio), não rolou.

Disse a Thalia que eu não iria para casa. Ela desconfiou. Não quis me deixar só. Quando eu disse que conheci um garoto, ela me entregou duas camisinhas e foi embora.

Bom, teoricamente, eu posso fazer sexo. Desde que eu obedeça as medidas de proteção, já que qualquer doença (até uma simples intoxicação alimentar) é um tanto quanto letal para mim. Mas isso não significa que eu vou transar com um menino que conheci a menos de uma semana.

Vesti minha melhor roupa. Ou, no meu caso, a menos hospitalar possível.

Pego meu cardigam branco, para ajudar a cobrir o volume do cateter por sob minha roupa, e minha mochila com todos os coquetéis que Sally me ajudara a separar e me implorou para não esquecer de tomar. Arrumo meu cabelo atrás da orelha e saio do quarto.

Percy está parado no corredor. Braços cruzados na altura do peito e a mochila em seus pés.

Ele me encara. Não pisca. Apenas me encara.

- Oi. -murmuro ao parar em sua frente.

- Oi. -ele pisca. Uma. Duas. Várias vezes.- Você não parece estar morrendo agora.

- Hm... Obrigada?

- Isso foi um elogio. -diz.- Você está bonita. -ele pega a mochila e coloca sobre os ombros.
Quando ele segura minha mão, sinto uma chama se espalhando por meu corpo.

- Aonde vamos? -pergunto quando passamos pela porta. O sol me encandeando um pouco.

- Quero te mostrar o meu quarto. -responde.
Paro de andar imediatamente.

Conhecer o quarto dele significa ir até a casa dele. Ficar sozinha com ele na casa dele. Na casa de Sally. A enfermeira que cuida de mim desde os meus 13 anos. Minha segunda mãe.

- Como é? -questiono.
Percy puxa minha mão, fazendo minha bolsa com meus trezentos remédios diferentes chacoalhar.

- Vamos lá. Vai ser legal.


O quarto de Percy é no mínimo... Peculiar?É bonito, na verdade. Eu gostei.

Telas e mais telas apoiadas em todas as quatro paredes. Dois cavaletes de tamanhos diferentes. Telas em branco e coloridas nas paredes. Ele tem uma coleção de aquarelas numa mesa ao lado da cama.

Três câmeras estão arrumadas em uma prateleira na parede. Uma pilha enorme de discos de vinil em um canto, ao lado do violão.

- Então? -Percy pergunta. Ele está... apreensivo?

- Eu gostei. -tiro minha bolsa do ombro e ele coloca ela sobre a cama.- Você pinta muito bem.

- Obrigado, vossa Alteza.

- Quarta foi Excelência. Hoje é Alteza. -me sento na cama.- Você pelo menos sabe a diferença?

- Estou suspenso da escola, sabidinha.

Reviro os olhos.

Percy se levanta e começa a vasculhar as gavetas, voltando para a cama com várias fotos.

- Aqui é uma foto de um parque aquático. -ele aponta uma foto dele criança sorrindo.- Esse dia foi incrível.

- Que fofo. Você tinha uma janelinha. -sorrio para a foto. Quando levanto o olhar, Percy está me encarando.- O que foi?

Ele desvia o olhar para as fotos.

- Esse é meu melhor amigo. Grover. -ele me entrega um foto de um cara mediano, de cabelo cacheado, ao lado de uma cachoeira.

- Você que tirou essa foto? -pergunto. Ele concorda.- Você é bom nisso.

- Valeu. -é isso.
Ficamos em silêncio por um tempo, eu apenas observo as mãos de Percy. Seus dedos são compridos, o que, imagino eu, deve ajudar bastante a tocar violão.

- Por que você não me falou o motivo pelo qual estava no hospital na primeira que a gente se viu lá? -ele vai direto ao ponto.

- Porque eu... -suspiro.- Não sei. Acho que eu não queria que você sentisse pena de mim.

- Eu não sinto pena de você. -afirma.

- Eu sei. Mas muita gente sente. Sou a coitadinha que está com o coração morrendo aos poucos.

Percy não diz nada. Ele coloca a mão na minha coxa.

- Você não é nenhuma coitadinha.

- Talvez eu seja. -brinco. Percy sorri com o canto dos lábios.

- Bom, aí terei que descobrir.

- Eu pago para te ver tentar. -desafio.

- Ah, é? -ele se apoia na cama. Percebo que ele tirou a mão da minha coxa. Não sei se isso me deixa feliz ou não.- De quanto estamos falando?

- Um sorvete. Que tal?

- Tenho uma ideia melhor. -ele diz.- Vamos.

Percy pega uma câmera na prateleira e pendura no pescoço. Pega as chaves do carro, que estavam juntas com a da casa, e puxa minha mão, me levando escada abaixo.


- Você está me dizendo que ninguém sabe que você gosta de tirar fotos? -pergunto.
Estamos deitados na grama do jardim, apenas encarando o céu.

- Sim. Você é uma das primeiras pessoas que contei. Depois do Grover e da minha mãe.

- Você não sente vontade de mostrar para as outras pessoas?

- Eu mostro. -fala.- Eles só não sabem que sou eu. Perfil anônimo. -esclarece.

- Acho bem a sua cara. -digo.

- Também. -ele concorda.- Eu escolho ir na sua casa.

- Oi? -me viro de lado para conseguir encara-lo.

- Eu disse que ia escolher meu pagamento. -lembra.- Eu escolho ir na sua casa. Você conheceu meu quarto, quero conhecer o seu.

- Tá. -é tudo o que eu digo.

 -é tudo o que eu digo

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