As consultas e internações de Annabeth se tornaram mais frequentes depois do acúmulo de bactérias em seu coração. Ela precisa de um transplante e não poderia haver um jeito pior de tê-lo conseguido.
Percy está com o violão apoiado na coxa. Sua cara é séria enquanto analisa as partituras da música que eu pedi que ele tocasse.
Percy e eu estamos bem próximos essas semanas. Ele me faz bem. Me faz rir. Quando estou com ele, esqueço que estou morrendo.
Thalia que não gosta muito disso.
"vc está com aql mlk dnv?" Ela mandou mais cedo.
E eu respondi: "você ainda vai aprender a gostar dele"
Anexei uma foto dele afinando o violão. Thalia respondeu: "prefiro morrer"
- É para hoje. -cutuco Percy com o pé.
- Não se apressa a arte. -ele belisca meu pé. Encolho a perna com uma careta.
- Ora, tenha santa paciência.
- Desculpa se eu nunca tinha ouvido essa música.
- Como não? -protesto.- Never Be Alone é a melhor coisa que existe.
- Discordo. -ele apoia as partituras na cama.- Eu sou a melhor coisa que existe, sabidinha. Você deveria saber disso.
Reviro os olhos. Percy estala os dedos.
- Só aprendi o refrão. -avisa.- Pronta?
- Não estrague minha música favorita. -peço.
É a vez dele revirar os olhos.
Então ele começa a tocar. E eu observo os movimentos do seus dedos sobre as cordas do violão, como se fosse a primeira vez que ele toca para mim. Não é.
Ele tem um talento natural. Para o violão, claro. Ele não está cantando. E, acredite em mim, você não iria querer escutá-lo cantando. É apenas o toque.
Quando chega o refrão
Take a piece of my heart And make it all your own, So when we are apart You'll never be alone.
Percy toca olhando em meus olhos. E, por mais que eu queira desviar, por mais que isso me deixe com uma sensação estranha, não consigo nem piscar.
- Estraguei sua música favorita? -ele pergunta ao apoiar o violão ao seu lado na cama. Finjo uma cara pensativa.
- Vou te dar um desconto. -declaro.
Ele revira os olhos e se encosta na parede.
- Como você tá?
- Bem. Por quê?
- Eu sei que você passou a última semana no hospital, Annabeth. -ele diz.- Quer me contar o por quê?
- Você vai encher meu saco se eu não contar, não vai? -pergunto e Percy sorri.- Te odeio.
- Odeia nada.
- Eu precisei fazer uma cirurgia. -Percy arregala os olhos e se inclina para frente.- Calma aí! Foi apenas para trocar o cateter. Coisa pequena.
- Então por que demorou tanto lá?
- Porque infeccionou. -falo. Ele me encara com um olhar de reprovação.
- Depois da cirurgia. -explico.- Eu limpo meu cateter todo dia, se manca.
Escutamos um barulho no andar de baixo, seguido de passos subindo a escada.
- Ah, não. -Percy esconde o violão e abre a mochila da escola, espalhando livros pela cama.
- O que... -começo a perguntar. A porta do quarto é aberta e Sally Jackson entra.
- Você não deveria estar na escola, Perseu? -então seu olhar se recai sobre mim.- Olá, Annabeth, querida! Como você está?
- Hm...
- Ela está me ajudando com a matéria, mãe. -Percy intervêm. Baixa o olhar e examina os livros.- Histologia vegetal...? Sou péssimo em...
- Botânica. -o salvo.- É tão péssimo que eu precisei começar do básico.
- Sei. -é tudo o que ela diz antes de lançar um olhar para Percy, balançando efetivamente a cabeça, e sair do quarto.
Me inclino para frente e dou um tapa em sua nuca.
- Ai! -ele coloca a mão na frente do corpo para se proteger.- Ficou maluca?
- Você me disse que não tinha aula! -rebato murmurando.- Odeio mentir pra sua mãe.
- Relaxa. -ele se abaixa para pegar o violão.
Me debruço sobre os livros.
- O que você está fazendo? -Percy para antes de alcançar o violão.
- Agora vamos estudar. -respondo.
- Qual é, Annie! -ele cruza os braços.
- Vamos lá. -apoio o livro em minhas coxas.- Você sabe os quatro grupos de plantas, certo?
- Você só pode estar brincando comigo. -ele resmunga.
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