( cap. 1 ) bem vindo a família Rosier

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( anos antes da morte de Atlantis )

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( anos antes da
morte de Atlantis )


A melodia que Eris tocava no piano era muito linda. Me lembro que me ensinará essa música a alguns anos, antes de ele simplesmente virar outra pessoa.

Estava sentada ao lado da minha mãe. Ela estava perfeita, como sempre, seu vestido azul claro realçava seus cachos loiros. O meu era rosa claro, com mangas longas que cobriam as marcas e cicatrizes, eu odiava essa tonalidade de rosa.

Meu pai estava conversando com Russell, um amigo enquanto mamãe era uma falsa com a esposa do senhor Russell, ambas se detestavam, mas não demonstravam, porque não era algo que uma dama poderia fazer.

Eu conhecia bem o sentimento. Eu estava sempre coberta de joias caras e roupas de grife, assim como Eris. Algumas garotas sempre me bajulavam porque eu era importante, ou queriam que eu apresentasse meu irmão a elas. Eu odiava todas elas, assim como elas me odiavam. Eris tinha Aedlyn e Georgia pelo menos, eu não tinha ninguém.

Era engraçado como no fim, mesmo rodeada de inúmeras pessoas, eu sempre estava sozinha.

Dizem que lar é onde você sente falta, e olhando para essa casa, para essas pessoas, diria que eu não tenho um lar.

Talvez eu sentisse falta do antigo Eris, aquele que era o meu irmão, o que me ensinou a tocar todas as músicas no piano que conhecia. Mas aquele Eris estava morto, enterrado a sete palmos do chão.

Queria poder sair e ir até a casa de Jude. A única que me trazia algum conforto nessa tormenta de família.

Mas isso não iria acontecer. Nunca mais.

Minhas férias já estão acabando e logo terei que retornar a Hogwarts para meu segundo ano.

Outro lugar que eu não sinto falta.

Regulus iria começar esse ano na escola. Acho que o garoto estava comemorando por sair daquela casa de loucos. Eu estaria. Havia falado com ele no último baile da família Black, o jantar de noivado de Narcisa e Lucius. Tínhamos muito em comum. Irmãos que nos abandonaram, famílias horríveis, fardos que não queremos e uma reputação mortal.

Não que soubessem disso.Somos perfeitos e monstros aos olhos dos outros, mesmo tendo apenas doze e onze anos.

Acho engraçado o ódio seletivo de todos. Somos ruins mesmo sem termos feito nada aos outros, mas eles são heróis por nos julgarem e terem "caráter".

Minha primeira semana em Hogwarts havia sido cruel. Os Sonserinos tinham receio de se aproximarem de mim porque conheciam a reputação dos meus pais e do meu irmão. Eu estava sozinha e sem ajuda.

-Selene querida -Escutei George me chamar. Me encarou com um sorriso falso e entendi, era a minha hora de ser perfeita.

-Sim papai?

As palavras pareciam ter gosto de vômito na minha boca. George Rosier deixou de ser meu pai aos meus seis anos de idade.

O Senhor Russell Burke pareceu concordar comigo, porque fez uma careta igualmente desconfortável em minha direção. Se George viu, não se incomodou em dizer nada.

-Conte o que me disse sobre o Black.

Ah, Sirius Orion Black. O irmão mais velho e medroso de Regulus. Segundo a carta que Regulus me enviou parece que o mais velho estava muito ferrado. Lembro-me da seleção de casas, Sirius foi o primeiro e único Black até hoje a ser enviado à grifinória.

Eu odiava Sirius Black. Aquele pequeno garotinho idiota que gritou no meio do salão que eu era uma mentirosa solitária quando disse que ele e Eris tinham muito em comum.

Ambos eram péssimos irmãos mais velhos.

- Sirius foi para a grifinória -Comecei a dizer com um sorriso falso e enjoativo no rosto. Quando se passa anos com o mesmo sorriso falso, você aprende a por ele no rosto com facilidade. E não saber mais o que era ter um verdadeiro. -Regulus me enviou uma carta dizendo que a situação na casa dos Black estava tempestuosa para o mais velho dos irmãos.

George sorriu satisfeito e se voltou a Russell que ainda me encarava por meros segundos antes de se focar em George novamente.

Amélia apertou meu braço fortemente em disfarce para a esposa de Russell não ver.

-Vá para seu quarto -Mamãe sussurrou no meu ouvido e sorriu logo depois.

Apenas concordei, cansada disso tudo. Pedi licença e subi para meu quarto ainda ouvindo a melodia que Eris tocava.

Meu quarto não era muito infantil. Era branco com cortinas verdes esmeraldas. Minha cama era espaçosa demais, seus edredons eram roxos escuros e tinham pequenos quadros nas paredes como decoração.

Eu odiava o quarto que Amélia decorou.

Peguei outro vestido, um mais discreto e menos minha mãe, ele era simples, uma cor creme clarinha e lindo. Observei os pequenos arranhões e marcas roxas nos meus braços. Apenas os tapei com as mangas do vestido. George havia ficado bêbado na última noite após brigar com Amélia e então quando ele viu o copo quebrado que Eris havia derrubado depois de ver Amélia e ele discutindo, George ficou furioso. Eu não deveria ter falado que eu quebrei. Isso custou muitos arranhões com cacos de vidros e tapas na ferida sangrenta.

E ali ficou Eris com os olhos vidrados, sendo obrigado a assistir enquanto nosso pai me batia. Quando Amélia viu, ela conjurou um pano com uma poção curativa me dizendo que as cicatrizes ficariam ali porque eu tinha que aprender a ser forte.

Bem vindo a família Rosier.

Onde os monstros não estão debaixo de sua cama. Eles andam ao seu lado e dizem que são sua família. Eles te espancam e te machucam dizendo que é o melhor para você.

Onde desde pequena você convive ao lado dos vilões aprendendo que a próxima vilã será você.

Onde você aprende que, na história no futuro, você será o monstro.

Você não tem escolha. Ou seja perfeita, ou te ensinaram a ser.

Espero que Jude me perdoe. Minha única amiga não sabe o que lhe aguarda. Russell não sabe o que lhe aguarda.

Eu gostaria de não saber o que lhes aguardava.

Todo mundo pode trair todo mundo. Minha mãe me disse uma vez e nunca mais esqueci.

Eu só tinha doze anos, e mesmo assim conhecia a morte melhor do que muitos imortais pelo mundo.






( completa ) ATLANTIS - p. pettigrew Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt